11 abril, 2007

Quem me leva os meus fantasmas?

Bom, muito bom!
Não se esperaria outra coisa, sem ser excelente!

É o grito íntimo de um homem, o grito de uma cidade, do país, é o grito do mundo.
Quem me leva os meus fantasmas?
A canção nasce de uma viagem nocturna pelas ruas do Porto, e atravessa todas as fronteiras.
É a história de um sem-abrigo, de um operário que vai ser despedido, de uma criança assassinada na Faixa de Gaza.
É a história da miséria interior, de cada pessoa e de todos.
É as notícias dos jornais, que estão cheios de canções.
É o grito do mundo.
É a pergunta que todos fazem.




Aquele era o tempo
Em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
E eu via que o céu me nascia dos dedos
Ea Ursa Maior eram ferros acessos.
Marinheiros perdidos em portos distantes
Em bares escondidos, em sonhos gigantes.
E a cidade vazia, da cor do asfalto,
E alguém me pedia que cantasse mais alto
Quem me leva os meus fantasmas
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas
Quem me leva os meus fantasmas
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
em que os homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala, nem a falha no muro.
E alguém me gritava, com voz de profeta.
Que o caminho se faz, entre o alvo e a seta.
Quem me leva os meus fantasmas
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas
Quem me leva os meus fantasmas
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?
Quem me leva os meus fantasmas
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas
Quem me leva os meus fantasmas
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?
Pedro Abrunhosa

5 comentários:

Anónimo disse...

Anabela:
Para mim, como para muitos, o Pedro Abrunhosa não sabe cantar. O que, para mim e, não sei se para os outros, ele tem um é um talento extraordinário, fascinante para a poesia. Os seus poemas são de um encanto e beleza que deslumbram, que arrebatam. Deixam-nos presos às suas palavras numa melodia terna, sofrida, sentida. É um poeta ímpar dotado de um talento infinito e que consegue conquistar.
"Os meus Fantasmas" é uma excelente escolha. É um grito de apelo ao Mundo, à miséria interior das pessoas, de uma criança abatida a tiro sem contemplações.
Esta poesia equipara-se a muitas outras poesias que vão em ti.
Lembras-te do que exprimiste, ainda há puco tempo e, eu não esqueço, passo a citar:"Não consigo saciar a minha fome de infito". Ficou registada. Registada com emoção e sentimento. Apesar de viver num Mundo complexo eternamente a sonhar, sei reconhecer as pessoas que não me passeiam indiferentes à frente do jardim construido com empenho e carinho no meu olhar. No que sou. Sei distinguir!
Boa, Anabela.
Bela escolha.
Vales por atitudes como estas.
Beijos. Com consideração e muito respeito.
pena

João Carlos Carranca disse...

Não sou fã do Abrunhosa cantor. Mas gosto do poeta.
Ah! 'gramei' os albuns

Anabela Quelhas disse...

Jota:
Volta a visualizar os álbuns, pois estavam incompletos até há uns minutos atrás.

João Carlos Carranca disse...

E já os adicionei nos meus favoritos

Anónimo disse...

Uma poesia maravilhosa, uma melodia apaixonante. Com certeza, muito linda. Pedro Abrunhosa é um músico incrível e um grande poeta.