25 março, 2019

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5 ANOS 

a falar a linguagem de Cassiopeia, sem dimensão de tempo, nem sempre no mesmo espaço,  porém, sempre a sul, onde a terra toca o sol. A cumplicidade da sinergia que revolta o pensamento.


06 março, 2019

A GRANDE ESTRADA DO MAR


A grande estrada do mar

                Tive oportunidade de assistir à apresentação pública das iniciativas da educação no âmbito das Comemorações do V Centenário da Primeira Viagem de Circum-navegação que decorreu no Teatro Municipal de Vila Real no dia 1 de Março de 2019.
                Começarei por saudar o evento, a organização, o plano de acção, a matriz programática das comemorações, os participantes músicos que abrilhantaram a sessão, mas sobretudo a intervenção do cientista Fernando Carvalho Rodrigues, conhecido pelo “pai” do satélite português. PoSAT 1. Tenho uma profunda admiração por este senhor, pelo seu valor no mundo da ciência — membro de diversas academias científicas internacionais, galardoado com vários prémios, entre os quais o Prémio Pfizer, o Prémio Gulbenkian de Ciência e Tecnologia e o Prémio Albert J. Myer — e pela sua capacidade de comunicar, rigorosa, simples e irónica, que prende a atenção de qualquer ouvinte.
                Conheci-o através da televisão há muitos anos, explicando alguns dos mistérios da física, evidenciando e homenageando a personalidade de outra figura ligada também à ciência, Rómulo de Carvalho ou António Gedeão para os poetas. Ele transforma o mundo da ciência, por vezes complexo, em interpretações fáceis, atractivas e cheias de humor. Com ele tudo parece simples e acessível ao nosso entendimento. Quem o ouve fica seduzido pelo seu mundo – em poucos minutos ele ganha um auditório a escutá-lo com atenção. Ficaria horas a ouvi-lo, sem me maçar, pois, facilmente entro no seu discurso e deixo-me levar nas suas palavras e conceitos. Todas as suas teorias têm o poder de pendurar um sorriso nos meus lábios e congratular-me pela oportunidade que me dou de o escutar. É sempre surpreendente. Desta vez o foco foi Fernão de Magalhães e a sua viagem considerando-a como a primeira grande “estrada por mar”, a descoberta que será replicada daqui a muitas gerações.
                Segundo ele, quando a nossa civilização terminar, as gerações do futuro irão ter como referências passadas, as cinco grandes estradas: a Via Appia dos romanos, a grande estrada por mar de Magalhães, a estrada do ar de Gago Coutinho, a estrada interplanetária dos Russos e a estradas do tempo (digitais). Considero interessante esta teoria que sintetiza em 5 vias a evolução da humanidade.
                A sua intervenção correu solta, livre como o seu entusiasmo contagiante. Registei algumas referências e conceitos que partilho aqui:
- a diferença entre globalização e mundialização, a esfericidade da terra, Saramago, Darwin, a via Appia que unia Roma a Cápua, a teoria das cinco estradas, o desejo dos portugueses em ter opinião, os professores escravos, as estradas por mar, descobertas pelos portugueses, o biombos de Nambam, que considera a 1º retrato da humanidade, os seres de silício, as estradas do tempo,… 
                Bem-haja professor, sem si a ciência não seria a mesma coisa. Foi uma boa aposta trazê-lo às terras de Magalhães para partilhar connosco a sua visão do mundo.

Publicado em NVR - 6/03/2019