31 dezembro, 2012

Rascunho de 2012

Acabei de guardar o rascunho do ano de 2012. 
Praguejei, recordei especialmente algo que não me deu o sucesso esperado, esmaguei e deitei fora!
Só agora, claro!
Em matéria de calendário a vida é um permanente rascunho de letras imperfeitas, rodeado por uma esquadria de pontos de interrogação. 
Passei ao desenho definitivo há poucos minutos e estou a iniciar o novo rascunho que se irá rasurando e redefinindo ao longo de 2013.
Estranha esta vida, onde nada é previsível, onde não existem certezas de nada. A única certeza que temos é que não temos a certeza de coisa nenhuma. Mesmo assim sonhamos. Tentamos construir cenários com alguma confiança de que se irão concretizar, feitos de convicções, mas a maior parte das vezes, aos poucos vamos desconstruindo tudo que imaginamos, peça a peça, reforçando a incerteza de tudo.
A maioria das certezas vão-se desvanecendo e as que restam, já não são bem certezas, são apenas sonhos vulneráveis e frágeis, imaginados em noites de insónia, depois de muito querer, depois de muito desejar. São sonhos que flutuam num espaço de ninguém. Não adianta protege-los, não adianta orientá-los, não adianta acrescentar-lhes vigor, porque certa ou incertamente, eles flutuarão apenas, grávidos de esperança, mas vazios de probabilidade de concretização, O rascunho da vida, iniciado em cada ciclo anual, evolui cada vez mais no formato de rascunho. A sabedoria nasce com a incerteza, e nos tentamos, mas tentamos sempre ser capazes de delinear o tal rascunho, tendo fé em algo que chamamos sorte.
Na transição para um novo ciclo da vida, confiamos na sorte e desejamos isto e aquilo, fazemos até rituais, para que tudo tenha a progressão desejada.
(In Ensaios de escrita, um projecto sempre adiado – A. Quelhas)

27 dezembro, 2012

Entardeci nos aromas da canela



Entardeci nos aromas da canela, pensando e escrevendo sobre o mundo mal arrumado, dividido por anos, ciclos e eras, numa desarrumação imitando a organização.
Anoiteci pensando mais do mesmo. 
Ao caminhar numa luta diária contra os excessos, e sapatilhando milhares de quadrados de betonilha esquartejada, vou pensando naquilo que os outros pensam e penso também pensamentos que me parecem originais, colocando listas infindáveis de perguntas que apresentarei um dia ao Grande Arquitecto, para que este me possibilite a leitura duma qualquer memória justificativa sobre o mundo, e neste caso, o nosso mundo mal arrumado.
Manual de instruções também serve ou uma qualquer acta de registo da era da criação ou do estudo prévio da mesma.
O mundo mal arrumado é que nem a minha gaveta das meias, onde meias pretas se misturam com verdes, vermelhas, azuis, de verão, de inverno e de mais ou menos que não sei muito bem, numa iliteracia geográfica e multicolor, sem qualquer plano de loteamento. O mundo está assim.,,, como a minha gaveta das meias. Dá-me o que pensar!!!!
O mundo atirou-me para Humaitá numa esperança de ultima tentativa de eu sossegar e não mais pensar nos sonhos que nunca consegui cumprir…. Para eu abandonar o pensamento dos outros e os muitos porquês registados ao longo dos anos e tranquilizar, marinando numa chávena de chá de geocidreira.
- Ficas aí, para não te armares em esperta!
Derradeiramente falando foi arrumação infeliz, sem GPS, colocando tudo longe, mesmo os amigos mais próximos. Paradoxo: o longe e o perto num contexto de desterro voluntário à força. Arrumação mal arrumada e subjectiva que me cansa ao sair e na volta a Humaitá.
Para que serve viver longe de tudo? Para que serve viver numa aspiração permanente de encontrar a placa de sáída, sonhando permanentemente com uma arrumação bem sucedida de tempo e espaço que nem vitruvio, que sabia o que ficava no umbigo e nas pontas dos braços e pernas, sem ter q fazer perguntas? Tu vais para aqui e aquele para acolá, numa operação fazendo a betonilha esquartejada corar de tanta humilhação desorganizativa.
Quem se gosta deveria estar sempre por perto, quem não tem nada connosco, poderia ficar longe mesmo. Tem que ficar perto e dizer estou aqui, tem que ficar longe e dizer, já esqueci.
O mundo desarruma-se sozinho. Não fazemos nada e ele contorce-se, ganha espaço, desenrola-se sozinho, colocando tudo numa desorganização aleatória, mas que pensando bem, parece esquema organizado, mas ao contrário. Atira para Humaitá quem deveria estar nos antípodas da mesma. Ninguém pergunta se gosta ou não. Ninguém pergunta da nossa vontade, ou tira informações com o GPS. Quando acordo estou em Humaitá e tu estás a quilómetros de distancia, sem possibilidade de percorrermos o mesmo caminho, porque a geografia separa o que deveria estar próximo.
Nas arrumações é necessário um critério para que tudo fique no seu lugar. Num mundo mal arrumado não existe critério: Dizem que não existe mulher feia, mas mal arrumada. De facto todo o nosso planeta é belo, por vezes nos parece feio, quando a letra não bate com a careta.
E ela não bate mesmo!!!!! E ainda ri por cima, como uma assinatura de despacho final.
Porque vives numa cidade e não vives na outra. Porque vives num país e não vives noutro? Porque falas uma língua e não falas noutra? Porque Humaitá?
Porque fazes tanta pergunta?
(in Ensaios de escrita, um projecto sempre adiado, A. Quelhas)

24 dezembro, 2012

24 novembro, 2012

05 outubro, 2012

Tudo de pernas para o ar

"Hoje, nas comemorações da República, que se efectuaram com o hastear da bandeira ao contrário, Cavaco Silva parece que centrou o seu discurso na educação, dizendo que “ educação tem que continuar a ser uma prioridade".
Apetece-me chorar
 de tanta comoção!
O ensino regrediu mais de 10 anos.
Esta minha afirmação nada tem a ver com mais alunos nas turmas, com professores em horário zero, com exames, com estatuto de aluno, com mega agrupamentos, com directores, com avaliação de professores, blá, blá…. Tem a ver com algo que parece que só eu falo nisto. Algo muito simples e que terá um efeito terrível nas futuras gerações.
Acabou a área curricular não disciplinar Área de Projecto.
Ninguém fala disto!
Foi inventada quando o eng. Guterres amava a educação, acreditando que bastava amar e não era preciso alimentar.
Para quem não sabe, a Área de Projecto ensinava os alunos a pensar, a descobrir, a investigar, a resolver problemas e a avaliar. É uma área importantíssima na formação dos jovens, pois ensina-lhes, com a prática de vários anos, um método de resolução de problemas, ensina-os a pensar, a decidir, a reflectir. Claro que o ministro da educação do engenheiro Guterres, e os que se seguiram, esqueceram-se de dar uma formação bem estruturada aos docentes, e em vez disso consideraram que todos os docentes estariam aptos a dar esta disciplina.
Erro elementar!
Este método de trabalho que se denomina metodologia projectual, método cientifico, método para a resolução de problemas, é utilizado pelos designers, pelos engenheiros, pelos arquitectos e pelos investigadores. Na disciplina de Filosofia no ensino secundário passa-se os olhos por este método inserido na teoria do conhecimento, quando já se vomita Kant, Platão, Descartes, Locke, etc..e já se está a fazer a despedia à “maldita” da filosofia.
A interiorização deste método de trabalha leva anos, por isso os alunos aplicavam-no desde o 2º ciclo até ao secundário. A sua avaliação era qualitativa, porque não interessa avaliar resultados finais, mas sim interiorizar o processo, e utilizar os mecanismos de Investigação/ avaliação/ decisão de forma continuada na nossa vida.
Durante estes anos a Área de Projecto funcionou mal, devido à falta de formação da maioria dos docentes como já referi, mas, mal ou bem, existia e ia-se traçando um caminho por vezes sinuoso, aguardando-se melhoramentos no mesmo. Alguns alunos tinham a sorte de ter um docente com prática neste método de trabalho, e tornavam-se capazes de fazer a diferença a médio e longo prazo.
Esperava, que o Ministro Crato com a formação cientifica que possui, visse mais longe. Cheguei a acreditar que desse a volta à coisa, fizesse uma reforma geral, que reforçasse a área de projecto nos alunos entre os 8 e os 12 anos, pois é nessa faixa etária que tudo se passa na formação das ligações entre as estruturas cerebrais, que desse formação conveniente aos docentes e que finalmente a Área de projecto entrasse, já não digo numa auto-estrada, mas vá lá, numa estrada nacional.
A Área de Projecto desapareceu do currículo dos alunos do ensino básico.
Conclusão: Aos nossos governantes não interessa ter cidadãos inteligentes, capazes e pensadores." Anabela Quelhas

01 outubro, 2012

22 setembro, 2012

20 setembro, 2012

Você foi...


Você Foi...

Você foi...
O maior dos meus casos
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci
Você foi...
Dos amores que eu tive
O mais complicado
E o mais simples pra mim
Você foi...
O melhor dos meus erros
A mais estranha história
Que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade
Faz lembrar
De tudo outra vez.
Você foi...
A mentira sincera
Brincadeira mais séria
Que me aconteceu
Você foi...
O caso mais antigo
E o amor mais amigo
Que me apareceu
Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez...
Me esqueci!
De tentar te esquecer
Resolvi!
Te querer, por querer
Decidi te lembrar
Quantas vezes
Eu tenha vontade
Sem nada perder...
Ah!
Você foi!
Toda a felicidade
Você foi a maldade
Que só me fez bem
Você foi!
O melhor dos meus planos
E o maior dos enganos
Que eu pude fazer...
Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez....

15 setembro, 2012

Miranda do Douro - não chega

Miranda do Douro


A 12 de Junho de 2011 publiquei aqui no facebook um pequeno texto, denominado "Como matar uma esquina" sobre Miranda do Douro. Passado um pouco mais de um ano, recebi de mão amiga estas fotografias. Parece que surtiu efeito a rede social. Retiraram as persianas. O recado chegou lá. A digestão de alguém parou com aquela reflexão.
Disseram-me: continua a ter umas janelas meio ranhosas, mas já está um pouco melhor.
Confirmei que sobre os sinais de transito, retiraram um, o outro sobrevive como fungo parasita e a ligação electrica tipo fio pendurado que vai de algures para nenhures, continua viva.
A janela que não é janela, continua janela.
Não chega!!!!
 

Outros casos de Janelas/varandas de ângulo:




Viseu

Santarém


09 julho, 2012

30 junho, 2012

Maldito plástico


Lutei durante 20 dias contra uma película de plástico. Usei acetona, diluente celusoso, diluente sintetico, liquido azul, removedor de vinilico,.... aliás usei tudo que há no mercado. O meu sucesso foi quase nulo e à custa de um raspador. A luta foi titânica e eu tive que desistir e mudar de rumo. O resultado foi este. Serve. Só está a anos luz daquilo que eu queria.

29 maio, 2012

A arte é ou não é importante?


A arte é ou não é importante?

  
 A arte ajuda a realizar a integração da identidade de cada um em relação ao mundo que o rodeia. Provavelmente já me ouviram dizer algumas vezes que para mim, mais importante que ensinar conteúdos na educação visual, é facilitar a cada a aluno na procurado seu mundo interior e facilitar a sua expressão exterior. Que interessa cumprir o programa se a autoestima do aluno não foi estimulada?  Vou sempre buscar como exemplo negativo aqueles que nunca mais esqueceram o pesadelo dos borrões provocados pelo velho tira-linhas.
    A arte liberta a alma, porque ensina a ver o mundo à nossa volta, entender os seus conflitos e recriar os acontecimentos consoante o confronto que cada um faz consigo mesmo. A arte enriquece o desenvolvimento integral do aluno, desenvolve a imaginação e torna mais consciente a sensibilidade de cada um, favorecendo a autonomia, a capacidade de intervenção sobre o meio e construindo uma maior consciência sobre as suas escolhas..
    A arte desenvolve o raciocínio lógico abstrato, porque ensina a pensar, a equacionar e resolver problemas e a projetar saídas para além do mundo real. A arte reduz a agressividade, pois facilita a exteriorização de emoções e canaliza-as para a concretização artística, onde o impossível não existe.
    Não quero alunos formatados e todos iguais. A arte permite ir ao encontro de cada um e aproveitar o que há de melhor na sua personalidade e trazer essas potencialidades para o plano do consciente. Nenhuma outra área do saber trabalha de forma tão eficaz o ego e a autoestima dos nossos alunos. Alunos alegres e confiantes, são alunos capazes de aprender melhor.

26 maio, 2012

FRANKIE CHAVEZ


Quem perdeu, perdeu muito.

22 maio, 2012

Florença 2001


A tal fotografia de 2001, que tem uma história, tirada em Florença a um casal desconhecido.

14 maio, 2012

13 maio, 2012