Acabei de guardar o rascunho do ano de 2012.
Praguejei, recordei especialmente algo que não me deu o sucesso esperado, esmaguei e deitei fora!
Só agora, claro!
Em matéria de calendário a vida é um permanente rascunho de letras imperfeitas, rodeado por uma esquadria de pontos de interrogação.
Passei ao desenho definitivo há poucos minutos e estou a iniciar o novo rascunho que se irá rasurando e redefinindo ao longo de 2013.
Estranha esta vida, onde nada é previsível, onde não existem certezas de nada. A única certeza que temos é que não temos a certeza de coisa nenhuma. Mesmo assim sonhamos. Tentamos construir cenários com alguma confiança de que se irão concretizar, feitos de convicções, mas a maior parte das vezes, aos poucos vamos desconstruindo tudo que imaginamos, peça a peça, reforçando a incerteza de tudo.
A maioria das certezas vão-se desvanecendo e as que restam, já não são bem certezas, são apenas sonhos vulneráveis e frágeis, imaginados em noites de insónia, depois de muito querer, depois de muito desejar. São sonhos que flutuam num espaço de ninguém. Não adianta protege-los, não adianta orientá-los, não adianta acrescentar-lhes vigor, porque certa ou incertamente, eles flutuarão apenas, grávidos de esperança, mas vazios de probabilidade de concretização, O rascunho da vida, iniciado em cada ciclo anual, evolui cada vez mais no formato de rascunho. A sabedoria nasce com a incerteza, e nos tentamos, mas tentamos sempre ser capazes de delinear o tal rascunho, tendo fé em algo que chamamos sorte.
Na transição para um novo ciclo da vida, confiamos na sorte e desejamos isto e aquilo, fazemos até rituais, para que tudo tenha a progressão desejada.
(In Ensaios de escrita, um projecto sempre adiado – A. Quelhas)
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