31 janeiro, 2007

Os tugas estão a acordar (cont.)

Os tugas estão a acordar, mas vivem um despertar lento, demorado, de quem não quer sair do túnel do desconhecimento obscuro, necessitando de um recôbro com cuidados assistidos.
Abriram um olho, há uns dois anos atrás, com a exposição de Paula Rego, em Serralves, espreguiçaram-se, e adormeceram de novo, aquele sono, do tipo, oiço, sinto, mas não reajo!
Este ano descobriram Amadeo Souza-Cardoso… foram acordando com a comunicação social a dar visibilidade à genialidade e ao vanguardismo desde pintor do séc. XX, e descobriram que Amadeo, afinal é portuga, nascido em Amarante e que ombreia com Pablo Picasso, pai do cubismo.
Se encantaram, e tiveram a coragem de se olhar ao espelho do conhecimento e do orgulho.
Aperceberam-se da trajectória feita de muito trabalho e de grande criatividade deste pintor, que não se limitou a representar cómodamente a natureza e a realidade amaciada que o rodeava. Constataram a sua permanente insatisfação na procura, na descoberta, na incansável vertente de exploração do seu ponto de vista, do seu olhar, que afinal era partilhado por escassos, artistas plásticos, que comungavam também essa ansiedade, e se tornaram figuras de referência na pintura mundial, localizados no início do século XX.
Amadeo expôs pela primeira vez em Portugal na cidade do Porto em 1916, exactamente há 91 anos, e parece que foi fortemente agredido na rua, por alguém que se sentiu ultrajado com a sua pintura.
Façam um feedback, e recordem tudo o que aconteceu em nove décadas – as transformações sociais, políticas, económicas e a revolução das mentalidades que, finalmente leva os portugueses a atribuír a Amadeu o lugar merecido de vanguardista do séc. XX.
Morreu cedo, foi esquecido durante décadas, não teve oportunidade de construir a sua imagem de artista invulgar e bizarro, como o fizeram Picasso e Dali.
Verdade, é mesmo com Picasso a quem deve ser comparado!
No mundo das suposições, se Amadeo tivesse tido a longevidade de Picasso, também teria pintado a sua Guernica, não lhe teriam faltado motivos (guerra colonial, ditadura salazarista, o Tarrafal) com a vantagem de nem necessitar das fases, rosa ou azul, pois ele era mesmo genial; muito mais bem parecido que o malagano, teria as mulheres que lhe desse vontade, e também teria uma costa vicentina, para se refugiar e curtir o mar, quando se cansásse do Tâmega ou do Sena.
No século XXI os tugas engrossaram as filas de acesso a uma das salas de exposições da fundação Calouste Gulbenkian, ultrapassando os cem mil visitantes, com os espaços abertos até durante a noite, para dar vazão a tanta gente.
Visitei a exposição, ainda calmamente, a 8 de Dezembro.
Não havia filas, mas os visitantes já eram mais do que muitos, para aquilo que é considerado normal.
Os tugas já tinham saído dos cuidados intensivos. A hora já era tardia, 20 horas, tempo de jantar.
Estranhei o grande número de seguranças e bem atentos.
Estranhei não me deixarem entrar com a minha bolsa. Carteiras, sacos e bolsas, obrigatoriamente ficavam no bengaleiro. Nem no museu do Vaticano logo a seguir ao 11 de Setembro! Mas os tugas ainda não lidam de forma racional e coerente com estas coisas da segurança nos museus: as bolsas e carteiras ficaram afastadas, no entanto qualquer visitante poderia entrar com uma navalha ou um x-acto no bolso, dar-lhe a louca e rasgar qualquer tela. Preocupação maior com o roubar, minimizando o estragar.
(cont.)

30 janeiro, 2007

Os tugas estão a acordar

O povo português tem alguma dificuldade em desenvolver e interiorizar sentimentos de orgulho em relação aos seus artistas. Os poetas e os músicos são aqueles que se encontram mais próximos de toda a gente, mas…os arquitectos? os pintores? e os escultores?

Quem não se orgulha de Camões, mesmo que nunca tenha lido os Lusíadas?
Quem fica indiferente a Pessoa?
Quem não idolatriza a Amália, mesmo que só conheça a Casa da Mariquinhas? (eu não, mas...)
Camões e Amália abriram caminhos, cá dentro e lá fora. Até parece mal, dizer-se, que não se gosta de Camões, ou que Amália cantava sempre da mesma forma. (odeio entrar no Panteão de Lisboa e ouvir Amália a cantar fado de manhã à noite, de forma inesgotável, cansa-me os neurónios e o gosto).
Criou-se na memória colectiva um recanto privilegiado para estes dois. E então e os outros?

Quando visito os nuestros hermanos, surpreendo-me com o carinho, que a gente da rua trata os seus artistas e as suas obras. Eu que fotografo à ganância, pelas ruas das cidades, constato o respeito que todos têm pela objectiva fotográfica. São incapazes de passar à frente da câmara, normalmente param e esperam com um sorriso nos lábios, ou então delicadamente me contornam, sem atrapalhar este meu vício, e sorriem sempre.
Experimentem fazê-lo do lado de cá!!! nem reparam em mim e muito menos no que estou a fazer. Atravessam mesmo à frente no preciso momento do clik. Não imaginam sequer, que estou a reter uma imagem de um pormenor interessante das suas cidades, não manifestam sequer a curiosidade de ver o que me leva a fotografar.
Isto não é falta de interesse, é desconhecimento, é iliteracia sobre arte. Nunca, nada, nem ninguém, lhes desenvolveu o sentido de gostar do que é genuinamente português, de ter orgulho das raízes de um povo, do património, da cultura… especialmente do que é belo.

Arquitectos? Conhecem quando muito, Afonso Domingues, aquele que Alexandre Herculano nos contou nos bancos de escola, sobre a sala do Capítulo, Siza Vieira, que não apreciam ou não entendem, e Souto Moura, devido ao estádio do Braga (belo estádio!).
Pintores? Conhecem….dos antigos nem sei,…., dos contemporâneos, a Paula Rego porque pintou Jorge Sampaio, e a comunicação social deu uma certa visibilidade.
Escultores? Conhecem por uns dias e rapidamente esquecem! Alguns retêm Soares dos Reis, eventualmente, Cutileiro, eternamente incompreendido com o seu D. Sebastião.
Na música, como referi, todos conhecem Amália, gostando ou não, Marco Paulo e Quim Barrreiros. Sim, Quim Barreiros! E cadê todos os outros?

Entre os poetas, Camões possui sem dúvida, lugar de destaque na memória de todos os tugas, Fernando Pessoa mais para intelectuais, e os do sul, António Aleixo, poeta popular.
Mas onde ficam António Gedeão, Ruy Belo, Florbela Espanca, Natália Correia, Bocage, António Nobre, Almada Negreiros, António Botto, Ary dos Santos, Manuel Alegre,…? eles são tantos e tão bons!
(cont.)

29 janeiro, 2007

Muamba de galinha à Catála Cassála


A pedido de várias famílias aqui vai a receita de muamba de galinha – receita vinda da fazenda de Catála Cassála, margem esquerda do rio Kuanza.

1 galinha
1 cebola
1/2 lata de muamba
2 courgetes
2 beringelas
15 kiabos
Sal
Gindungo
Óleo de palma
Farinha de fubá

Cortar a galinha aos pedaços, e fritar ligeiramente em óleo de palma, temperando com sal.
Num outro tacho, colocar as beringelas e courgetes sem casca, água e sal, e deixar levantar fervura. Guardar a água da fervura.
Retirar o talo duro dos kiabos, cortá-los longidutinalmente, e colocar a ferver em água e sal, num outro tacho. Guardar a água da fervura.
Retomar a galinha e juntar cebola picada, deixar alourar, juntar os legumes cozidos, a massa para muamba, juntar também aos poucos a água da fervura dos kiabos, esta água tem a propriedade de se converter em "gel". Deixar cozinhar lentamente, temperar com gindungo, e acrescentar água da fervura dos restantes legumes, caso seja necessário.

Acompanhamento:
Num tacho, ferver água com sal, juntar aos poucos a fubá, reduzir ao calor, mexer energicamente com um pau (quem preferir, com uma varinha mágica resistente), até a farinha incorporar uma bola de cor mais escura que se vai separando do fundo do tacho.

28 janeiro, 2007

Educar para a paz


Trabalho premiado (2001)

27 janeiro, 2007

26 janeiro, 2007

25 janeiro, 2007

IVETE SANGALO



Sem o Seu Amor
Vou cair na solidão
Sem o Seu Amor
Vou grudar, pegar na mão
Sem o seu Amor
Vou cair na folia
Sem o Seu Amor
Vou tá só com alegria
Não saio em contramão
Aceito acarajé
Mas não caldo de onda
Mão é garfo e é colher
Fiquei no orelhão
Cadê, cadê você?
Liguei só por saudade
Meu bem, quero te ver

24 janeiro, 2007

23 janeiro, 2007

Geração 60/70

A geração de 60/70, o Woodstock, o movimento hippie, merecem ficar na página principal.
O Woodstock aconteceu sensivelmente hà 38 anos, e constitui um verdadeiro sinalizador na contracultura da época.
Eu vivia virada para o atlântico, mas bastante mais ao sul, e os ecos deste festival de fim-de- semana, nos States, chegaram lá retardados em meses. Eu era muito jovem, a informação chegava-me muito filtrada pelos lápis azuis dos trópicos, e pelo interesse do jogo do elástico e da macaca que se sobrepunham a algumas outras coisas interessantes.
Vi o Woodstock pelo prisma da sétima arte, talvez dois anos mais tarde, e me apaixonei por aquele clima, foi uma porta que se abriu para caminhos de contestação diversa, a partir de 70, que tenho percorrido ao longo da vida, sempre em favor da paz e contra a guerra.
Quem não se lembra de “I put a spell on you” dos Creedence? E do “Hey Joe” do genial Hendrix? e aquela pequena frase de Joe Cocker, que ficou eterna?: with a little help from my friends.
Curiosamente nunca apreciei exageradamente The Beatles, pois pra mim, Lennon sempre se sobrepôs ao grupo, em criatividade e em cultura social. Sempre estive mais do lado das pedras rolantes. Ainda hoje “no satisfation” é uma música que me anima e que mexe com a minha adrenalina, associando-a de imediato a Andy Warhol, e toda a revolução pop que imprimiu à arte.


Mas outras revoluções antecederam esta, woodstock foi um dos últimos chutes desta miscelânea de esperança juvenil, que já se encontrava em curva descendente, pois Che já tinha sido executado dois anos antes.


22 janeiro, 2007

Outras músicas


Jorge Queijo
O Hip‑Hop, Samba Reggae e Samba Funk, R'n'B, assim como os ritmos africanos, presentes nas culturas urbanas, servem de mote para a criação de peças rítmicas utilizando instrumentos fora do comum, mas que estão presentes no nosso dia‑a‑dia como objectos de uso quotidiano. Bilhas de água, contentores de plástico, garrafas, colheres de pau, ou somente os sons do corpo tomam o lugar dos instrumentos de percussão tradicionais.
Casa da Música - 27 de Janeiro de 2007

21 janeiro, 2007

20 janeiro, 2007

diabético


d
i
a
b
é
t
i
c
o
é
aquele que não consegue ser doce

18 janeiro, 2007

estive com joão

Ontem ao fim do dia, estive com João, João Estrócio.
Para quem não conhece, um criativo, um artista plástico, que representa a paisagem granítica como ninguém.
Vocês dirão, pintar calhaus? Bahhhh
Há muitos anos atrás, pensava assim também, não apreciava a pintura paisagista, não vislumbrando aí qualquer tipo de criatividade. Considerava esta forma de pintura, um acumular de técnicas e pouco mais.
Descobri a paisagem com João Estrócio.
Nunca lhe disse isso.
Nunca lhe disso o quanto o aprecio.
Encontramo-nos esporadicamente, bem fruto do acaso e ao acaso, e apesar de gostarmos de conversar, trocar ideias, dado que ele é pessoa muito acessível e despretensiosa, eu não sou pessoa de elogio fácil, inibo-me a fazê-lo e até porque acho que todo o mundo pode sempre fazer melhor, pois a perfeição não é terrena, e não vivo para agradar.
Comecei a gostar de calhaus, pois ele pinta-os de forma única.
Pintar o reino mineral e geológico não é fácil, convertê-lo em algo de belo, é necessário o verdadeiro toque de Midas.
Tudo parece igual, amorfo e afinal não é bem assim.
Representar as grande massas da crosta terrestre, conseguir extrair o que delas há de particular e genuíno, depurando ao máximo certas vertentes, e exagerando-as, tornando possível ao observador comum, identificá-las e localiza-las no meio ambiente, é um exercício fantástico de comunicação.
Exagero meu?
Acreditem que não!
Um pedaço de granito, possui quartzo, feldspato e mica, certo? Clivagens, texturas, pigmentos, que se assumem em formas disformes… e representar isso? Difícil!!!!!!!!!!!!
A sedução por uma rocha não se esgota na sua composição, forma, aparência; o seu ordenamento resultante das transformações geológicas foi a aposta de Estrócio, que conseguiu representar as encostas, perfeitos anfiteatros graníticos, com afloramentos e elementos soltos que foram rolando pela força da gravidade, pelos relevos, resultantes do afagamento tectónico.
Como se pinta isto? Pensarão certamente, numa monocromia monótona. As rochas não falam, e permanecem imóveis, estáticas, cinzentas, esquecidas há eternidades. Puro engano!
A pintura de João Estrócio, expressa-se de forma dinâmica e em tons exaltantes, bem distantes da monotonia, que imaginamos e atribuímos aos seres equacionados como não vivos, numa estética contemporânea, onde o equilíbrio, e a composição são absorvidos numa linguagem própria, que só ele conhece e domina.

Os contrastes - oito ou oitenta

Curitiba tem o 1º edifício giratório do mundo!
Os apartamentos ocupam todo o andar de forma circular, com 287 metros quadrados de área. De acordo com informações da agência Reuters, a movimentação de 360 graus é independente para cada andar. Além disso, os apartamentos possuem equipamentos activados por comandos de voz, como controle de temperatura, luz e a própria movimentação da unidade que pode ser para esquerda ou para a direita.

Entretanto os desgraçados que sobrevivem nas favela, que se cuidem, pois também têm moradias giratórias, só que giram pelo morro abaixo, quando cai uma chuvada.

Onde houver muito pobres, há sempre muito ricos!!!


17 janeiro, 2007

O velho do Restelo não terá razão?

Fala do velho do restelo ao astronauta
Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.
No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.
Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.
(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)
José Saramago

Mas porque isto tem que acontecer?


16 janeiro, 2007

Bons conselhos

Renoir

"Reutilize a água do banho, entregue para a reciclagem o lixo (os óleos dos fritos, em garrafas, no lixo normal), carregue o telemóvel longe de si, apague a luz de presença da televisão e tenha-a ligada só quando a vê, use as mantas nas pernas em vez do calorífero, tenha acesa apenas a luz da sala em que está, desloque-se mais a pé e de transportes públicos e melhorará o destino do planeta."
in "Borda d'água"
Tudo bons conselhos! mas eu fico sempre com dúvidas!
Como recolher a água do banho e qual o destino a dar-lhe? Ajudem-me por favor!
Como ver televisão sem a tal luz de presença? eu não preciso dela enquanto vejo televisão, posso eliminá-la também.
Se eu tiver a luz acesa no quarto, no wc ou na cozinha, já não faz mal? passarei a ler no quarto, no wc já leio e afinal estou a economizar, sem saber.

11 janeiro, 2007

Ainda Távora (fim, por agora)



Quando há dias, deu entrada no meu estirador um excerto do seu diário, que figura numa pequena publicação sobre o Prémio de Arquitectura Fernando Távora 2006, editada pela Ordem dos Arquitectos, realizei uma nostálgica viagem ao passado.
Recordei que, sempre que visito um sítio especial, por influência deste mestre da arquitectura, registo o que sinto, num papel. Não sou organizada, não tenho um diário, mas tenho umas folhas perdidas por aí. A minha ideia não é seguir ninguém, mas de facto é interessante o registo das nossas impressões, num dado momento de algo que nos impressionou, nos motivou ou que passou a ser uma referência. Ler esse registo passados uns anos, ajuda a concretização do feedback, e permite-nos fazer avaliações de nós, que de outro modo seriam impossíveis.
Revi Taliesin, em stereofonia, a dois tempos.
Não conheço Taliesin, mas vi Taliesin e a obra de Wright, com os olhos e o coração de Fernando Távora.

Sobre Frank Lloyd Wright (1867/1959) - o arquitecto americano que mais infuênciou a arquitectura moderna. Autor da habitação talvez mais espectacular de sempre: a casa da cascata, conhecida em todo mundo, e apesar de já ter mais de meio século continua a ser uma referência.
A arquitectura de Mr. Wright, denomina-se organicista, visto que este a entendia como um organismo que dava resposta, às necessidades das pessoas e do sítio onde se implantava. A solução arquitectónica em vez de se destacar da paisagem é um pouco o prolongamento da mesma, preocupando-se tanto com o exteriorcomo com o interior. Para Lloyd Wright a casa devia estar organicamente embebida na natureza, aberta à paisagem, estabelecendo sempre uma rigorosa conexão com o espaço envolvente.
Apesar de Frank Lloyd Wright ter desaparecido há mais de 50 anos, as suas obras mantêm-se e são visitadas por milhares de pessoas de todo o mundo.
Uma das suas casas em Taliesin, que funcionava de casa de Inverno, tinha um grande atelier onde acolhia diversos aprendizes de arquitectura, e possuía inclusivamente um teatro (foto publicada em 7/01/07), pois acreditava que a musica fazia parte da educação e todos os seus alunos tocavam um instrumento.
Esta casa é onde se localiza a actual Fundação de Arquitectura com o seu nome, fazendo parte dos “Tours” do país dos hamburguers.
Quem quiser ver fotos, visite o site:
http://luciana.misura.org/category/frank-lloyd-wright/

Museu Gugennheim em Nova Iorque

Duas das obras emblemáticas de Frank Lloyd Wright

Casa da Cascata


09 janeiro, 2007

Ainda Távora


Fernando Távora foi um daqueles professores que não se esquecem nunca.
Bom conversador, detinha um sentido de humor notável, homem de grande cultura, arquitecto de referência na arquitectura Portuguesa e pedagogo inigualável.

Desde estudante e durante toda a sua vida, Fernando Távora viajou incessantemente para estudar in loco a arquitectura de todas as épocas em todos os continentes, utilizando-a, desde 1958 até 2000, como conteúdo e método da sua actividade pedagógica. As suas aulas e a sua prática projectual consolidaram, em sucessivas gerações, em Portugal e no estrangeiro, a ideia de que o conhecimento da história e da cultura são indispensáveis para a produção da arquitectura contemporânea.”

Tive o privilégio em o ouvir diversas vezes… a abrir caminhos para os nossos projectos, a criticá-los, a comentar a ementa dos almoços, à hora do café e também a contar as suas viagens, uma delas a Taliesin.
Imaginem este homem a falar para um auditório de jovens, primeiras fornadas depois de Abril, que permaneciam naquele espaço a ouvi-lo uma tarde inteira, sem qualquer manifestação de cansaço, durante 3 ou 4 horas seguidas. Inacreditável. Tinha o poder de prender uma plateia de 200 alunos. Quando Fernando Távora dava seminário no anfiteatro da ESBAP, tinha que se chegar cedo para arranjar lugar, pois nem os acessos escapavam. Era lotação esgotadíssima!
Cada estória, era uma lição de arquitectura, contada na 1ª pessoa, sintetizando no entanto, as diversas influências, englobando o contraponto entre racionalismo e organicismo.
Visitei com ele, Caminha e a Serra do Soajo em Junho de 77, e passei a gostar de história; senti que nunca poderia ser arquitecta, divorciada dessa disciplina, que eu tinha abandonado lá no secundário, vitimada pelos três volumes Matoso ou Espinosa, que todos nós padecemos no antigo 5º ano do liceu.
Uma outra vez, teve a paciência de nos acompanhar a Tomar, Batalha e Alcobaça. Inesquecível, mestre Távora a recitar Camões em contraluz, no interior do mosteiro de Alcobaça, ao lado de Pedro e Inês.
Guardo com grande carinho esta foto, tirada perto de Caminha, eu do seu lado esquerdo, ouvindo-o atentamente, contornando o exterior de um convento abandonado. (cont)

Da esquerda para a direita: Sérgio Fernandes, Tatão, Fernando Távora e Anabela Quelhas.

Diario (parte final)


E onde acaba a arquitectura e começa o paisagismo ou o urbanismo?
Ninguém sabe.
Este homem consegue nos seus edifícios integrar as artes como o fizeram os góticos, por exemplo e veio provar-me de que é possível (embora com génio) resolver o tal dilema a que já me referi neste diário: dum lado, o funcionalismo mais ou menos prosaico nas arquitecturas, e do outro os museus cheios de pinturas e de esculturas mais ou menos modernas.
E Taliesin é também uma lição no que respeita à prisão dum edifício aos valores naturais e humanos. Ali uma família e um Homem presos a uma terra, um conjunto de edifícios nascendo duma paisagem, a tudo presidindo um pensamento e uma forma.
Ali uma força enorme liga coisas e seres.
E pensar eu que vi um templo indiano e uma casa de chá japoneza no Museu de Philadelphia e claustros românticos em Nova York!
O poder de integração em Taliesin é tão forte que chega a ofender-se Deus pensando que Wright também foi o creador daquela paisagem!
Vi muita coisa na América até hoje: desde as melhores Racket Girls do mundo, até à altura do Empire State, vi estatísticas e números e cadeias de montagem, vi edifícios e arquitecturas, vi museus e planos e planos, vi highways e prosperidade por todo o lado: mas a poesia, a humanidade e a grandeza, só as encontrei em Wright.
Tudo o que vi compreendi pela inteligência; aqui o pouco que vi permitiu-me sentir tudo sem nada me ter sido explicado.
Os edifícios de Taliesin não são crianças em idade; alguns terão os trinta ou quarenta anos, o que aliás o seu estado de conservação deixa advinhar, no entanto, mesmo que estivessem em ruínas, conteriam ainda um grande poder de expressão, como vi monumentos do passado; o que seria uma ruína da Vila Savoie ou uma ruína do Seagram Building? O tempo em Taliesin joga a forma da arquitectura e da paisagem, o que creio não acontece em 90% da arquitectura moderna.
Vi há tempo a casa de Gropius em Lincoln: quando vi Taliesin, a casa de Gropius pareceu-me um frigorifico pousado numa colina!
Não há dúvida que o Zevi tem razão: o Sr. Giedion enganou-se, ao por Wright no princípio e Le Corbusier no fim do seu livro; foi um pequeno engano… de pôr tudo ao contrário. E o mundo sente, todos nós sentimos (e eu chorei por isso mesmo) que me falta qualquer coisa, que a máquina está perturbada que o caminho não é exactamente este e que os anos passam…Estamos a fazer uma arquitectura de "esqueletos decorados"; e Wright conseguiu crear organismos. Quem se atreve a discutir a forma de um dedo, a cor de uma flor ou o bico de um pelicano? São assim… porque são assim.
É isso que nós precisamos de fazer em lugar de andar a vestir esqueletos com pinturas e esculturas ou a apresentar os esqueletos em pêlo como se um animal fosse apenas o seu esqueleto ou a qualidade dum vinho pudesse apreciar-se pela fórmula química que o representa… Está tudo doido.
Enfim isto é um pouco, muito pouco, do muito que meditei sobre Taliesin.
Lá repousei pelos campos desse Wisconsui que ele tanto amara e pelas cinco horas voltei a Spring Green. Comi alguma coisa (o mesmo hamburguer idêntico copo de cerveja) e vim para a estrada esperar o bus.
Estava já mais calmo mas longe ainda de estar calmo. E tão aéreo ainda que o bus passou e só quando passou é que lhe fiz sinal para parar. O homem ficou zangado e parou muito longe porque vinha largadíssimo.
Enfim cheguei a Madison perto das 8 da noite. O dia tinha sido extraordinariamente forte. Quando me deitei ainda as pernas me tremiam e ainda os olhos estavam molhados.
(Soube hoje, 11 de Abril, que no dia 9 em que visitei Taliesin fazia exactamente um ano que Wright morrera; talvez por isso mesmo a sua presença era tão forte neste dia…).

Fernando Távora, Prof

07 janeiro, 2007

Diário (cont3)

Sempre a paisagem magnífica, grande mas não desproporcionada, uma cor de amarelo queimado em tudo…
"E agora a casa…".
Passamos pela entrada principal mas ele achou melhor irmos pela entrada de serviço. Começamos a subir e por entre a vegetação comecei a descortinar planos vários de paredes e de coberturas lá em cima.
Os avisos sucediam-se:
"no visitors… no trespassing… no hunting… closed until May…"
Entramos num páteo de serviço, onde estavam vários automóveis.
Saí, vi e fiz umas fotografias, mas não tive coragem de avançar.
Senti que já tinha compreendido Taliesin e estava emocionalmente extenuado.
Sentei-me no carro e disse ao homem:
"é melhor não abusar".
Cá em baixo a água corria, no topo de um muro por grandes tubos de grés colocados em fiada…Eu estava realmente extenuado.
Vimos mais uma "farm" de Mr. Wright, despedi-me de tudo aquilo e voltamos para a aldeia. O homem tinha tomado conta de mim à meia-hora e deixou-me exactamente duas horas depois.
Quando me deixou eu estava longe de mim e longe de tudo.
Resolvi sair da aldeia e avançar pelo campo.
Tomei uma estrada poeirenta onde passava de vez em quando um carro.
Então chorei como uma criança… Taliesin não me saia (nem me sairá) dos olhos; até a cor do pó da estrada me lembrava Taliesin. Avancei pela estrada não sei até onde. Não podia pensar concretamente. Qualquer coisa se apoderara de mim. Sentei-me algures. Descansei.
Lágrimas várias: Notre Dame, Chartres, Cordova, Capela de Miguel Ângelo, - "olhos que nunca se molham mas vêm quando olham…" (Afº. Lopes Vieira).
Tinha razão o poeta:
"olhos que nunca se molham não vêm quando olham".
Naquelas duas horas eu tinha sofrido, estou certo, um dos maiores choques, talvez o maior da minha vida de arquitecto.
Taliesin, disse já, é mais do que um edifício, uma paisagem; mas acrescento agora, Taliesin é também uma vida e uma filosofia. Eu compreendi Wright e o seu chapéu, compreendi as suas formas e o seu amor à terra, o seu pensamento e o sentido das suas coisas… .
E ao sentir toda aquela vida de criação, tomei também contacto com outra realidade: a da morte do Homem no lugar do seu sonho.
Porque exactamente Taliesin impressionou-me pelo que possue de total, de cósmico, pelo que existe ali para além da pedra, da madeira, deste ou daquele requinte da forma.
Tudo se esquece ali de acidental da vida de Wright: os seus caprichos formalistas, a sua vaidade, o custo das suas obras, os seus automóveis, as suas pequenas coisas do dia a dia; tudo esquece a quem vir Taliesin como eu tive a oportunidade de ver e Taliesin aparece então com a força de uma rocha, a beleza de uma flor ou a calma de um lago.
Taliesin além de me fazer chorar durante as primeiras reacções obrigou-me a pensar muito. Um dia ouvi o Sr. Giedion dizer com um sorriso, a propósito da "famigerada" integração das artes, que "Mr. Wright afirma não existir para ele tal problema porque ele é pintor, escultor e arquitecto". Estou convencido que a integração das artes pela qual a entendem os funcionalistas é coisa estúpida (O Harvard Graduete´s Center é mais uma prova evidente) e estou convencidissimo de que Wright resolveu o problema como foi resolvido aliás nos velhos tempos, onde começa a arquitectura e acaba a escultura ou a pintura nos edifícos de Wright?

Diário (cont2)

Espreitei o teatro; um biombo japonez, o balcão de Wright, o palco… tudo parado… nem vivalma… mas os espaços falavam com um impacto extraordinário. Contornei o teatro e encontrei um terraço debruçado sobre a pequena colina.
Na escada que dá acesso à entrada do estúdio uma pequena escultura de Wright bate exactamente com o edifício. Não cuidei de ver pormenores mas pressenti em tudo uma riqueza de formas, dum à vontade, que nunca encontrara na arquitectura contemporânea.
Senti-me na Idade-Média, na Grécia ou no México, na presença de uma Catedral, de um Panteon ou de um templo azteca, tal é a integridade daquela arquitectura.
Vi o mais que pude.
Mas o homem já estava dentro do carro com o motor a trabalhar…Voltamos à estrada.
"Quer ver outra casa, dum arquitecto que trabalhava com Mr. Wright e comprou aqui uma quinta?"
Com certeza. Lá fomos. Um rico jogo de edifícios na paisagem, a nota de Wright por toda a parte.
"Aqui vamos ver aquela quinta perto da casa".
Novamente no carro subimos a pequena encosta até à quinta. Num ou noutro pormenor, Wright lá estava. Quando descemos da quinta o homem apontou para outra encosta e disse:
"Ali é a casa da irmã, também foi projectada por ele… mas está muito abandonada…".
Não insisti para irmos lá, tão amável era o homem. Mas vi nesse momemto, mais uma vez e melhor do que nunca, o velho moínho, o Romeu e Julieta que Wright desenhara nos princípios da sua carreira…Descemos.

06 janeiro, 2007

Diário (cont)

Passamos pela entrada da casa, cá em baixo e vimos uma grande represa, água doce.
"Quando Mr. Wright cá estava aquilo estava sempre cheio de água…"
Metemos à esquerda e apareceu-nos então uma pequena capela, muito simples, com um campanário, construída em madeira.
Paramos e o homem avançou.
"Está aqui".
Disse prosaicamente.
Ao lado da capela vi então um pequeno cemitério. Mais próximo da entrada a campa de Wright: pequenas pedras limitavam um rectângulo envolvido por um círculo, construído do mesmo modo; num dos vértices do rectângulo nasce da terra uma pedra, igual a tantas daquelas que ele usou nos seus edifícios, de forma irregular, mas cuja secçção aumenta à medida que se levanta; não sei se há qualquer simbolismo naquela pedra, eu permiti-me encontrá-lo. Atrás, uma pequena pedra, protegida por uma árvore, tem gravada esta inscrição:
MAMAH
BORTHWICK
CHENEY
1869
1914
É o túmulo de MAMAH, a mulher assassinada e queimada em Taliesin que Wright enterrou naquele lugar.
Não longe outra pedra gravada:
ANNA LLOYD WRIGHT / BELOVED MOTHER OF 7 FRANK, JANE AND MAGINEL 7 SHE LOVED THE TRUTH AND SOUGHT IT.
Ali repousa a mãe de Wright, a cuja família pertencera Taliesin.
Afastada, uma coluna branca, tem inscrito o nome JONES, creio que o avô de Wright.
Aqui e ali mais túmulos de pessoas que, pelos nomes se verifica pertencerem à mesma Família.
O sítio é extraordinariamente tranquilo e Taliesin vê-se ao longe.
Não escondo que as lágrimas me vieram aos olhos.
Mas o homem queria mostrar-me coisas…
"Vou agora mostrar-lhe outra quinta que Mr. Wright comprou… . Lá fomos ver mais um conjunto de edifícios. Aí nem saímos do carro. Um dos edifícios tinha o toque do Mestre. Os outros eram tradicionais edifícios da região."
Agora vou mostrar-lhe a escola onde eles trabalhavam…"
voltamos para tráz, passamos novamente pelo pequeno cemitério e metemos a um desvio; por todos os lados letreiros diziam
"No hunting, no trespassing".
"No visitors, closed until may",
mas nós avançamos.
O carro parou e eu como um louco avancei para o edifício, cuja localização aliás tinha pressentido da estrada; que dizer? Só posso dizer que fiquei maravilhado "Ali é o estúdio, ali atráz têm um teatro, vá e veja…".
Fui e espreitei pelos vidros; Lá estava a conhecida sala de trabalho, tendo na entrada uma grande fotografia de Wright e um poema de Walt Whitman.

05 janeiro, 2007

Durante uns dias vou vadiar por este diário

Durante uns dias vai-me apetecer ler, reler e saborear este diário que deu entrada no meu estirador. Algumas partes, foram-me contadas na primeira pessoa há três décadas atrás, e vai ser delicioso relembrar este grande SENHOR, visualizar cada pormenor, cada à parte que subtilmente era encaixada, na sua conversa suave, fluente e envolvente, delineada com nuances de humor inteligente. Há professores que teimam em permanecer no meu coração.
I LOVE TÁVORA


FERNANDO TÁVORA
"Diário da Viagem aos USA"


1960Abril, 9, Sábado
Dia grande!
Uma bela manhã de primavera.
Às 9 e pouco estava a perguntar ao homem do Hotel o caminho para Taliesin. "Talvez tomando um bus para Spring Green…", o melhor é perguntar ali em frente. Lá fui aos bus. Sim senhor, às 10,45 e está às 11,54 em Spring Green.
A viagem correu normalmente.
A paisagem bonita, com grandes campos e colinas suaves.
Spring Green é uma pequena aldeia rural.
Quando saí do bus sabia apenas que estava em Spring Green, nada mais. Achei por bem dirigir-me ao edifício dos correios, ali perto da paragem do bus.
Perguntei à Senhora: "Pode dizer-me como posso ir a Taliesin?"
"Tem de voltar para traz e atravessar a ponte nova, mas agora não está lá ninhguém; eles ainda não voltaram".
(A Senhora julgava que eu tinha carro e além disso que os queria ver).
"Mas eu não tenho carro, não é possível alugar um táxi, ou ir a pé?";
"A pé? São umas 6 ou 7 milhas e táxis… não me parece possível…"
Entrou então na conversa um homem de idade que depois soube ser o marido da Senhora (o correio estava mesmo para fechar); o homem coçou o queixo e insistiu.
"A Taliesin, mas o Sr. não vê nada e aqui não há táxis…; talvez numa garagem arranje alguém que o leve…".
"Não tenho pressa, disse, queria almoçar primeiro e seguir depois; volto para Madison às 7 e tal, portanto tenho muito tempo".
"Almoçar? Só se comer uma sandwich, ali (e apontou-me uma casa) porque aqui não há restaurantes… mas o mais difícil é ir a Taliesin…";
"…nemque eu tenha de ir a pé, vim de Portugal para ver Taliesin…".
O argumento foi decisivo.
O homem disse-me então: "Há-de-se arranjar transporte…".
Neste momento parou um carro em frente ao correio e o velhote, deu-me um pequeno empurrão e disse: "Peça áquele senhor, talvez ele possa lá ir…".
Cheio de coragem (a necessidade faz milagres) avancei e perguntei: "Please Sir, are you going to Taliesin?"
"I? Not now" e avançou sem me ligar importância. O velho então entrou em acção e contou-lhe a minha desdita;
"Mas eles não estão lá, está tudo fechado"
- "Mas eu tenho de ir…"
- "Vá então almoçar e à meia hora eu vou buscá-lo ali".
Dei um suspiro de alívio; se o correio fechava sem eu resolver o meu problema não sei o que seria de mim.
Para "variar" comi "hamburguer" e bebi um copo de cerveja e à hora combinada estava cá fora. O homem apareceu pontualmente.
Entramos no carro e eu contei-lhe com mais pormenor a minha história; "mostro- lhe tudo, conheço muito bem Taliesin e conheci Mr. Wright; trabalhei com ele algumas vezes…"
"O caminho agora é mais longo porque construiram uma ponte nova e é preciso ir à "highway". Lá saímos de Spring Green, entramos na dita "highway" num percurso pequeno e metemos à direita; "aquela pedra foi ali posta há tempo por Mr. Wright, naturalmente para gravar alguma coisa, mas nada fizeram depois dele morrer…"
"E pode ver-se o sítio onde ele está enterrado?". "Pode, está junto de uma pequena capela, eu mostro-lhe" -
Fomos andando. Em certa altura o homem parou o carro e mostrou-me o sitio da velha ponte sobre o rio;
"foi nesta estrada que morreu a filha de Mr. Wright, um desastre de automóvel, há anos; aqui (e centrou-me o lado oposto ao rio) Mr. Wright comprou uma "farm" e começaram a construir um edifício, creio que para um restaurante; ele queria construir sobre a estrada, mas "eles" não deixaram…".
Vi então a estrutura de um edifício que domina todo o rio e cuja construção deve estar suspensa já há tempo.
"É possível que a "fellowship" acabe a construção. Eles querem continuar os trabalhos de Mr. Wright…".
Seguindo um pouco e ao fim de uns segundos eu via, cortando o ponto mais alto de uma colina, a casa de Wright; afastada, uma outra colina, mas situado na encosta, o conjunto de edifícios vermelhos (dum vermelho terra), de uma "farm". É um momento que não posso esquecer, o desse primeiro contacto com Taliesin. A paisagem sem ser grandiosa é grande e os edifícios sem serem grandes sentem-se perfeitamente na paisagem, sem, de qualquer modo a desvalorizarem. A ideia de Taliesin como uma construção desfez-se nesse momento no meu espírito; Taliesin é uma paisagem, Taliesin é um conjunto, em que é porventura difícil distinguir a obra de Deus da obra dos Homens. Devo dizer, além disso que o sítio é duma beleza surpreendente… Mas o Senhor não me dava tempo para pensar; vamos ver agora o sítio onde Mr Wright está enterrado.
Seguimos.

04 janeiro, 2007

COSMOS DIPANDA FOREVER

A exposição colectiva de artistas angolanos "Cosmos Dipanda Forever" será inaugurada na próxima sexta-feira em Luanda, no âmbito da Trienal de Luanda. Estará patente ao público até 23 de Fevereiro em seis galerias da capital.

02 janeiro, 2007

SALVATORE FIUME



Não é Chirico, é Salvatore Fiume,

pittore,

scultore,

architetto,

scrittore

e

scenografo.

Consultei os astros e isto parece que sou eu!



Idade: 48 anos, 8 meses e 20 dias.

Signo: Peixes

Planeta regente :Neptuno

Elemento :Agua

Número de Ambição : 5

Número de Personalidade : 3

Número de Expressão: 8

Número de Destino: 4

Segundo seu dia de nascimento.....Você é versátil de natureza dupla e de inteligência, ao mesmo tempo, lógica e imaginativa. Você pode construir ou destruir, tão poderosa é a forca do número de seu pensamento. Você está sempre com um pé na terra e o outro no céu, tendo, condições de harmonizar as coisas práticas e espirituais. Gosta do que é novo e original, da mudança e da variedade. Isso poderá te levar a um excesso de experiências em vários campos, o que não será bom, pois, para vencer, precisará de estabilidade na profissão.

A sua ambição é .... Amar a liberdade, a mudança e a variedade, ter pensamentos progressistas. Ter possibilidades de criação.

Você é...Criativa, feliz, otimista e despreocupada.

Segundo seu número de Expressão.... Utilizando seu olho clínico para perceber o valor real das coisas. Deverá ser capaz de actuar de forma autoritária, perspicaz e preparada para trabalhar duro até atingir seus objetivos.

Segundo seu número de Destino ... Ser alguém prático e organizado. Seu destino te colocará sempre numa roda viva. Mesmo que tudo indique riqueza, esta somente será conseguida através de muito trabalho que exigirá atenção constante Mais do que isso: haverá ocasiões em sua vida em que você precisará fazer uma grande economia e assumir trabalhos e deveres, muitas vezes devido a sua própria saúde. Contudo não dê as costas aos demais, pois sua contribuição aos outros será essencial. Seu destino representa um alicerce e você deve ser paciente, pois sabe quanto trabalho é necessário para torná-lo resistente. As coisas chegam devagar para você. Seja uma pessoa responsável, eficiente e disposta a trabalhar muito, deste modo alcançará o sucesso. Não desanime ante os deveres e obrigações, já que você estará preparando o futuro.

01 janeiro, 2007



Canto de Iemanjá
Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes / Baden Powell


Iemanjá, lemanjá

lemanjá é dona Janaína que vem

Iemanjá, Iemanjá

lemanjá é muita tristeza que vem

Vem do luar no céu

Vem do luar

No mar coberto de flor, meu bem

De Iemanjá

De lemanjá a cantar o amor

E a se mirar

Na lua triste no céu, meu bem

Triste no mar

Se você quiser amar

Se você quiser amor

Vem comigo a Salvador

Para ouvir lemanjá

A cantar, na maré que vai

E na maré que vem

Do fim, mais do fim, do mar

Bem mais além

Bem mais além

Do que o fim do mar

Bem mais além