31 outubro, 2023

30 outubro, 2023

ANTECIPANDO


Meliã Castelo Branco




29 outubro, 2023

SAPATOS




 CHEGANDO



O exagero da cidade verde.


 O exagero da cidade verde.

Faz-me recordar a história do burro trabalhador que dava alto rendimento, porque trabalhava muito, cada vez comia menos. Até que morreu. 

28 outubro, 2023

26 outubro, 2023

25 outubro, 2023

ISRAEL-PALESTINA

 

ISRAEL-PALESTINA


 

O conflito Israel-Palestina poderá converter a guerra da Ucrânia em brincadeirinha de crianças.

Criou-se a maior barafunda no Médio Oriente, e no resto do mundo, poucos sabem de que lado estão. Continuamos a alimentar guerras em vez de alimentar a paz e contrariar a miséria e fome dos países pobres.

3.000 anos de conflitos que culminam em imagens que transmitem no tik tok, cada qual com a sua narrativa confundindo cada vez mais a tonalidade da verdade e da razão, não se tendo a certeza quem são os maus e quem são os bons. Já me perdi em número de mortos, em objectivos, estratégias, múltipla informação que se afoga, em mortes sucessivas e ódios. A única ideia que me fica, é mortandade. Terror.  Mortandade perigosa que pode colocar o mundo em estado de sítio, sem linhas vermelhas, sem limites, porque estes já foram ultrapassados por todos, não se entendendo como se pode sair desta barbárie.

Para mim, recordando as palavras de Mia Couto, “só há duas nações, as dos vivos e a dos mortos” e eu opto sempre pela nação dos vivos, porque a outra virá com toda a certeza, depois.

A brutalidade segue contínua e cega, ninguém sabe como isto irá prosseguir e como vai terminar, se é que algum dia chegará ao fim. Apresenta-se uma complexidade que pode representar a destruição das fronteiras do ódio em todo o mundo. O que se pretende com um crescendo de radicalização? Que se exterminem mutuamente e nós a olhar? Essa não pode ser a saída, porque seria o fim da Humanidade.

Penso nos mortos, penso nos vivos e num estado cambaleante onde se encontram os reféns. Penso nas crianças. Penso nos hospitais, o sangue é todo da mesma cor e o pânico não escolhe lados. Penso também nos “eternos prisioneiros da Faixa de Gaza”.

A minha imaginação sobre o terror, está no limite e detesto quando ela se amplia através da observação de certas imagens. Tenho evitado ver vídeos para conseguir manter alguma racionalidade perfeitamente consciente de que ontem é diferente de hoje, e o hoje é diferente do amanhã. A raiva e a vingança são conceitos que não podem existir na procura da paz. Tenho evitado conversas. Não me agrada falar deste assunto. Incomoda-me não ter lado, e constatar que alguém tenha, porque esse é o lado do ódio e da vingança, sem qualquer lógica argumentativa.

Estamos a querer avaliar um problema que se perde no tempo, com reforço evidente, e até certo ponto, provocatório, na 2ª guerra mundial e apesar de todos lamentarmos muito a perseguição aos judeus e o holocausto, também entendo que os palestinianos foram escorraçados dos seus territórios quando a recém-formada ONU decidiu que ali nasceria Israel, sem o acordo dos palestinianos. Supõe-se que até 1948, mais de 500 vilas e cidades palestinianas foram destruídas, e mais de 15 mil palestinianos foram mortos. Em 1948, 78% do território da Palestina foi ocupado pelos judeus, e os 22% foram divididos entre o que hoje são a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. 750 mil pessoas foram forçadas a deixar as suas casas.

Decorridos 75 anos, querer ficar de um lado é absurdo, porque isto é uma bolha feita de muitas Histórias, com todas as abordagens traduzidas em fracasso, sangue, mortos, violência, opressão, sofrimento, injustiça e ódios.  

Publicado em NVR, 25 | 10 | 2923

 

 

22 outubro, 2023

21 outubro, 2023

18 outubro, 2023

DOURO JAZZ

 


DOURO JAZZ

Durante uma semana kafkiana, submersa na ausência da cidadania, que espero sempre de retorno à minha, e revivendo velhos fantasmas que julguei, ingenuamente, que já teriam desaparecido, desmofizando certas instituições, utilizei o Jazz como relaxante e terapia do retorno à vida saudável. Este ano tive oportunidade de assistir a cinco espectáculos do Douro Jazz. Foi bom, carreguei “baterias” para um ano. Destaque para Gume, Orquestra de Jazz do Douro e Tord Gustavsen Trio.  

Gosto cada vez mais de Jazz, porém, não é o meu estilo preferido de música. Eu sou mais da turma melosa dos Blues, e do desconcertante Rock and Roll, mesmo assim, reconheço que ao envelhecer vou dando mais espaço ao Jazz (sem abusar). O Jazz exige amadurecimento e desprendimento. É preciso encontrar o ponto de equilíbrio em algo que parece caótico e desordenado, é preciso sentir uma nova perspectiva do mundo, relativizar as contradições deste e deixar-nos conduzir pela aquela onda sem barco, nem maré, capaz de abrir todas as nossas janelas para novos horizontes musicais e emocionais.

O Jazz é o tipo de música mais livre que eu conheço, e não quer saber quem gosta ou não gosta – atravessa o tempo simplesmente. O Jazz é para se aprender a gostar, apreciar o improviso e encontrar-lhe encanto e rebeldia, mesmo assim teria preferido ouvir o contrabaixo de William Parker, apenasmente. Sozinho é que ele brilharia!

Quando estou com uma boa telha, os Blues confortam a minha tristeza e alimentam o meu mal-estar. O Jazz, desvaloriza, e provoca uma boa conversa comigo mesma, e segreda-me ao ouvido, que há muito mundo à minha espera. Semicerro o olhar e encontro por vezes o fio condutor que me leva às minhas afro-raízes.  

Aqueles estudos, sempre duvidosos que lemos na net, dizem que a preferência musical revela a personalidade da pessoa, e que os interesses musicais podem ir mudando consoante o passar do tempo, coordenados com a alteração da nossa personalidade.

Greenberg, após alguma investigação, criou uma tipificação entre música e personalidades e ao fim de dois parágrafos de leitura, percebi que é como nos signos: dá sempre certo, porque algumas palavras são enganadoras, especialmente quando atravessam mares emocionais de águas profundas. Retive apenas o que me interessa e se identifica comigo, indivídua do signo Peixes, que já não suporta a conversa do Moedas sobre o 25 de Novembro e se indigna com a falta de rigor e discernimento de Cravinho, que sempre considerei, neste ultimo “barraco” "sobre a “matança descontrolada” de palestinianos em Gaza. Então, retive que os arquitectos oscilam entre a Clássica e o Heavy Metal (intervalo mais abrangente penso que não existe), os advogados ficam mais na World Music, os executivos e empresários no Hip Hop e o Jazz fica para os comandantes não se sabendo do quê. Isto são estudos “rigorosos e científicos” de 2015 e espera-se que em 8 anos, a análise dos resultados se tenha alterado, porque não dispenso o meu Kuduro em situações de euforia e os meus Blues quando preciso de mimo.

Publicado em NVR 18|10|2023

17 outubro, 2023

BERNINI x BORROMINI


 

BERNINI X BORROMINI

os artistas Gian Lorenzo Bernini e Francesco Borromini, arquitectos e escultores odiavam-se com muita dedicação, competiam com firmeza e criatividade com o objectivo de conquistar obra no Vaticano. Sobrou talento, inspiração e obra a favor da cidade de Roma, nomeadamente a Piazza Navona

Ganhou o barroco, Bernini ganhou o Vaticano e todos perdemos Borromini.

Auto-retrato - Piazza Navona, Roma 26 | 04| 2018 

15 outubro, 2023

IL VITTORIANO


 Roma em várias camadas

14 outubro, 2023

DEFINITIVAMENTE NÃO


 DEFINITIVAMENTE NÃO. Não repetir!

Safa-se William Parker no contrabaixo.

13 outubro, 2023

TORD GUSTAVSEN TRIO douro jazz


 

ORQUESTRA DE JAZZ DO DOURO


 estive presente mais uma vez num espectáculo da ORQUESTRA DA JAZZ DOURO antiga ACROLAT’IN. Bom espectáculo, com ou sem Luísa Sobral. Gosto muito mais da execução da orquestra em perfeita autonomia, do que a execução de “acompanhante”, mas entendo que a interioridade é um estigma difícil de ultrapassar. Felicito a toda a orquestra, especialmente aqueles que conheço pessoalmente, Vitor Pinto e Alexandre Fraguito, colegas e companheiros de outras lutas, o meu ex aluno Pedro, e ao meu sempre “aluninho” grande Maestro Valter Palma, que nunca os consegui interessar pelas perspectivas, porque a “música” deles sempre foi outra. Hoje não vos tirei fotos para vos enviar, consegui portar-me bem. Parabéns

12 outubro, 2023

Anéis








 Colecção AQ

11 outubro, 2023

O MITO DE NARCISO


 O mito de Narciso

Segundo a mitologia grega Narciso, filho da ninfa Liríope e de Céfiso, deus dos lagos, quando era criança, a sua mãe procurou o adivinho Tirésias para saber se o filho teria uma vida longa. A resposta deixou Liríope perturbada e apreensiva: “Ele só viverá muito se não se conhecer”.

Desde pequeno, Narciso chamava a atenção pela sua beleza e conforme cresceu teve várias pretendentes, porém, Narciso não queria saber, ninguém e nada lhe interessava e dedicava-lhes um supremo e exagerado desprezo, sobre o que elas eram, pensavam e sentiam. Narciso não acolhia qualquer critica, qualquer observação sobre si, até que um dia uma ninfa pediu aos deuses uma punição para Narciso, pois a sua vaidade, soberba e arrogância tornava-o insuportável.

Durante um passeio pelo bosque, Narciso encontrou uma fonte de água cristalina que até então nenhum ser vivo havia tocado. Debruçou-se sobre a fonte e, sem se dar conta de que se tratava de seu próprio reflexo, viu um belíssimo jovem olhando directamente para ele.

A surpresa e o deslumbramento foram tão grandes, que Narciso não conseguia parar de olhar para aquele misterioso rapaz. Estava, enfim, apaixonado. Apaixonado por um amor não correspondido, pois nem abraçar o seu amado, podia. Profundamente deprimido, Narciso deixou de comer e beber e acabou definhando à beira da fonte de água, até à morte. Posteriormente, no lugar onde morreu, nasceu uma flor amarela e branca, que hoje conhecemos pelo nome de narciso.

Assim, o mito pode ser entendido como uma crítica ao egocentrismo e ao excesso de vaidade. sendo um dos personagens mitológicos mais citados nas áreas da psicologia, filosofia, letras de música, artes plásticas e literatura. Essa vaidade descontrolada e admiração excessiva por si próprio, ignorando e desvalorizando o impacto da sua ação perante os outros e o mundo, isola-o na bolha que os asfixiará.  Desafeição, desamor, desânimo, desapreço, desdém, desentusiasmo, desprezo, frieza, imparcialidade, indiferença, inércia, repulsa e sequidão são as características de alguns narcisos que “desovarão” por aí.

Publicado em NVR 11|10|2023

06 outubro, 2023

04 outubro, 2023

CENSURAZINHA À PORTUGUESA



CENSURAZINHA À PORTUGUESA 

Estamos a investir numa sociedade de “tremeliques e não me toques”, em que uma frase mal-alinhavada, um livro mal-interpretado, uma estátua mal-amanhada, um monumento histórico que retrate uma época mais sombria, pode despertar alergias infinitas a alguns, que tentam de forma agressiva, limitar a liberdade dos outros e esmagá-los.

Parece-me que isto se chama censura. Não sei, acho eu. Censurazinha à portuguesa, talvez.

Eu e outros cidadãos sensatos e tolerantes, tentamos contornar esta questão revelando mais respeito pelos outros, do que os outros manifestam por nós, evitando comentar ou puxar o assunto, porém, parece que temos de sair a terreiro, porque quem cala, consente.

Quando em sítio publico, tenho que falar, sinto-me muito limitada, inibida e preocupada, porque posso involuntariamente ofender alguém, e criar uma guerra involuntária, com homofobias, nudezes, racismos, pedofilias e outras coisas mais, sem intenção. A mim podem-me chamar idiota e criminosa, quando nas rotundas não dou prioridade à direita, mas em qualquer outra situação pacifica, tenho sempre que considerar a hipersensibilidade do outro lado.

Eu respeito todos, mesmo aqueles que me desagradam, porém, a História é a História e não se pode apagar. A biologia é a biologia, por mais que alguns elementos da sociedade, queiram alterar com questões sociais, ela é inalterável. E a moral e os bons costumes, variam muito com o tempo, com a sociedade, com a cultura e com as frustrações que habitam na cabeça de cada um. Discordar não significa ser invasivo e impedir, pela violência, a opinião do outro.

Quantas estátuas teríamos que derrubar devido à nudez? E o que me perturba a nudez? Nada! Irrita-me pretenderem disfarçar a falsa moral, com os direitos da mulher. Isso enfurece-me. A mulher, símbolo de fertilidade, beleza e inspiração, está bem e recomenda-se em todas as obras de arte, e só as mulheres se poderão queixar. Falta-nos uma Natália Correia, para responder à maneira, a Mários Claudios e afins, como respondeu ao deputado Morgado (leiam sobre o coito do Morgado - este ano comemora-se o centenário desta grande mulher). Rui Moreira perdeu o discernimento! Dentro da Câmara Municipal do Porto, que visitei há 3 meses, existem estátuas de mulheres nuas. Então ele nunca as viu?

A mesquinhez saiu à rua! 

Agora é o livro “No meu bairro”, que nem me apetece ler, nem comprar, nem tenho opinião. Mas tenho opinião sobre os livros da Enid Blyton: uma insanidade alterarem o texto. “De uma coleção de mais de 700 livros escritos pela escritora britânica, vários clássicos estão a ser mantidos em sigilo nas bibliotecas por “medo de ofender os leitores”“. No tempo do Salazar também não se podia ler o Primo Basílio. E os pais americanos que entendem que David, de Miguel Ângelo, é pornográfico? Eles são livres de não olhar para ele, mas não podem condicionar os outros.

Para além da diminuição do QI das novas gerações agarradas ao digital, parece-me haver um retrocesso de mentalidades e civilizacional.  Em vez de se preocuparem com a mulher nua da estátua do Camilo, que no meu entender é a única parte interessante naquele “torpedo”, poderiam lutar pelos privilégios que as mulheres deveriam ter em todas as sociedades. Sim! privilégios, a igualdade é um degrau inferior e eu já estou no degrau acima. Espantai-vos, homens deste país! As mulheres deveriam ser compensadas pela menstruação mensal entre os 12 e os 50 anos, pela gravidez, pelo parto, pela maternidade e pela menopausa. Assim, IRS menor para as mulheres, na chapa! Mulheres…, mulheres, que menstruam, naturalmente.

Venham-me falar de mulheres nuas!

E para terminar, não sei se esta é história verdadeira, D. Emília, esposa do Eça de Queirós, foi ver a belíssima estátua de homenagem ao marido, criada pelo escultor Teixeira Lopes, acompanhada pela empregada de há longa data. Regressaram a casa e D. Emília perguntou à empregada:

- Então, gostou?

- Do Sr. José gostei, mas não gostei nada da Sra Dona Emília, nunca a imaginei naqueles preparos!!!

Publicado em NVR 04|10| 2023