30 janeiro, 2009

22 janeiro, 2009

Os Lusíadas

Numa manhã, a professora pergunta ao aluno:
- Diz-me lá quem escreveu "Os Lusíadas"?
O aluno, a gaguejar, responde:
- Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui. - E começa a chorar.
A professora, furiosa, diz-lhe: - Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai!
Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa:
- Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu "Os Lusíadas" e ele respondeu-me que não sabia, que não foi ele...
Diz o pai:
- Bem, ele não costuma ser mentiroso, se diz que não foi ele, é porque não foi. Já se fosse o irmão...
Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na passagem pelo posto local da G.N.R., diz-lhe o comandante:
- Parece que o dia não lhe correu muito bem...
- Pois não, imagine que perguntei a um aluno quem escreveu "Os Lusíadas" e respondeu-me que não sabia, que não foi ele, e começou a chorar.
O comandante do posto:
- Não se preocupe. Chamamos cá o miúdo, damo-lhe um "aperto" e vai ver que ele confessa tudo!
Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este:
- Então o dia correu bem?
- Ora, deixa-me cá. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu "Os Lusíadas". Começou a gaguejar,-- A experiência não é o que acontece a alguém, é o que alguém faz com o que lhe acontece.
(Aldous Huxley)
que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar. O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da G.N.R. quer chamá-lo e obrigá-lo a confessar. Que hei-de fazer a isto?
O marido, confortando-a:
- Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras...




A experiência não é o que acontece a alguém, é o que alguém faz com o que lhe acontece.
(Aldous Huxley)

21 janeiro, 2009

Ensaio sobre a cegueira

Fui ensaiar a cegueira na Lusomundo.
Tinha apenas a referência de Fernando Meireles (arquitecto brasileiro) como realizador e a obra escrita e lida de José Saramago.
Quando me sentei na sala pensei que iria assistir a uma brasileirada.
Engano meu.
Deparei-me com um filme de ficção de alto nível.
O filme é um registo denso, forte, profundo, violento, intenso e com uma coordenação excepcional entre imagem, som e intenção.Por duas vezes que saltei na cadeira devido a dois imprevistos. Não há tempos mortos.
O registo é muito fiel ao livre, só encontrei um pequeno pormenor que foi inventado.
Para quem já leu o livro, o filme será excepcional, e talvez não fosse possível faze-lo de outra forma. Para quem não leu, estará mais aberto a algumas dúvidas.
É um filme que mexe connosco, pois não conseguimos ficar indiferentes e acabamos por participar no sofrimento descrito daqueles seres humanos.
È impossível não ficarmos a reflectir sobre a condição humana e como todos nós possuímos uma grande fragilidade que perante uma falha, rapidamente nos leva à desorganização, e desestruturação, mas onde se mistura o egoísmo e oportunismo, com a solidariedade e a coragem.
Não percam!


20 janeiro, 2009

19 janeiro, 2009

O que será preciso mais?

O que será preciso mais? Ir para Lisboa a meio da semana?????
Maria Filomena Mónica traçou-lhe o perfil com perfeição. O mestre em Educação e professor coordenador no topo da carreira do ensino superior, sem nunca se ter submetido a um concurso público para tal, regressa no seu melhor, depois de andar desaparecido durante algumas semanas.
O senhor Valter Lemos acha que a aprovação de cerca de 200 moções em assembleias gerais de professores, realizadas quase todas por voto secreto, na semana passada, é sinal de que o processo decorre com normalidade.
Jamais na história da educação portuguesa, houve tantas reuniões gerais de professores numa única semana. E ele continua a achar que o processo de avaliação decorre com normalidade. Há dezenas de milhares de professores que recusaram entregar os objectivo individuais e o mestre Lemos considera que o processo de avaliação decorre com normalidade.
Pela segunda vez, numa espaço de dois meses, os professores fazem uma greve histórica e o secretário Lemos acha que o processo de avaliação decorre com normalidade. As escolas dirigidas pelos comissários políticos que pertencem ao partido do senhor Lemos estão numa confusão e numa guerra declarada, evidenciando um ambiente de extrema conflitualidade, e o senhor Lemos acha que o processo de avaliação decorre com normalidade.
Enquanto o ME for dirigido por personagens com o estatuto e o perfil de pessoas com MLR, VL e JP não há possibilidade de entendimento entre professores e Governo.
Se o senhor José Sócrates estivesse preocupado com a qualidade da educação pública, já teria demitido estes senhores há muito tempo. Como não o faz, terão de ser os eleitores a pô-los na rua daqui a alguns meses.

17 janeiro, 2009

Quase um poema de amor


Quase um poema de amor
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
--- Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor



Miguel Torga
Veja a homenagem a Torga em http://mardepedra.blogspot.com/

Uma questão de honestidade intelectual e não só


Sempre aderi à luta de uma classe profissional e a outras lutas menos profissionais.

Aderi por concordância, aderi sempre que o objectivo da luta me dizia directamente respeito, aderi para fazer vingar e honrar os meus valores. Aderi por compreender muito cedo, que são as pequenas lutas que dão origem a pequenas conquistas, e uma estrutura feita de sucessivos equilíbrios entre os direitos e os deveres, reforça-se nessas pequenas conquistas, que no final têm a virtude de se converter num todo dialéctico mais abrangente e mais significativo do que uma vulgar soma.

Aderi também a lutas que não me diziam directamente respeito, mas tenho a incapacidade de me amorfizar às situações.

Aderi a outras lutas para vingar o meu sentido da justiça, para honrar aquilo a que se chama solidariedade. Aderi sempre com convicção…. por sentir que não poderia ser de outra maneira e por tanto reflectir em madrugadas de insónia.
Sempre respeitei as opiniões que divergem da minha, obedecendo ao principio da liberdade, mas nunca entendi aqueles que cruzam os braços e assobiam para o lado.

Nunca entendi aqueles que se atrapalham com uns tostões a menos ao fim do mês, e que trocam as suas convicções pelo poder de comprar mais uma mercadoria qualquer.

Nunca percebi, tanta ansiedade, tanta incómodo, tanto problema de consciência, que se esgota aí, que se acaba no acto, na escolha de não lutar, e que não tem qualquer seguimento, não tem qualquer consequência, no usufruto das vitórias conquistadas pelos outros.
Na hora da partilha dos benefícios, a consciência de alguns some-se, a coerência esquece-se, os valores deformam-se e a doutrina ultrapassa-se.
Nunca fui tentada a repetir esta matriz; por muito que me incomode ou me revolte, renova-me o espírito, refresca-me a consciência e abre-me caminhos que me orgulho de percorrer.

Gosto de me olhar ao espelho sem vergonhas ou constrangimentos, observando a espuma dos meus dias, uns atrás dos outros, sem sobressaltos de verticalidade e honestidade.

Quando me olho nos olhos, ultrapassando o planos das retinas, entrando em dimensões que só eu conheço, não me consigo mentir, não me consigo ver relfectida na malha desconstruida do oportunismo, da hipocrisia, do cinismo e do egocentrismo.

Dispenso facilmente mercadorias, prefiro imagens puras e cristalinas das minhas atitudes e valores.

16 janeiro, 2009

Emma Hack













Emma Harck, é uma fotógrafa e ilustradora australiana que agora pinta fabulosamente os corpos.

Preocupa-se por vezes com a figura e com o fundo, imaginando uma interligação perfeita entre os dois, numa atitude mimética rigorosíssima.
A artista corporal Emma Hack é mundialmente famosa pelos seus trabalhos que são requisitados por diversas empresas multinacionais para as suas campanhas publicitárias. E Emma diverte-se imensamente com o que faz.
Entre os seus trabalhos contam-se calendários, desfiles de moda, anúncios e publicidade editorial ou espectáculos teatrais, com destaque para a caracterização dos artistas do famoso Cirque du Soleil, e muitas das pinturas que faz destinam-se também a trabalhos fotográficos.
A mais recente criação de Emma Hack chama-se Oriental Delights (vide pps) e consiste numa combinação de corpos nus pintados sobre fundos de papel de parede com diversos motivos e animais à mistura.

14 janeiro, 2009

Stephen Wiltshire

Wiltshire é considerado um dos 100 gênios autistas do mundo. O talento genial dos autistas já foi explorado no cinema com o filme Rain Man, de 1988, em que Dustin Hoffman faz o papel de um autista que é um gênio da matemática.
No caso de Wiltshire, no entanto, foi o talento como artista que o tornou conhecido. Ele começou a desenhar com apenas 5 anos de idade quando começou a estudar numa escola para crianças especiais.
Logo as professoras perceberam que o aluno se comunicava através dos desenhos nos quais representava animais, autocarros e automóveis e, finalmente, construções arquitectónicas.
Ele já desenhou diversas capitais pelo mundo todo, como Tokyo, Roma, Madrid entre outras.
em 2006.
Este génio reproduz as malhas urbanas em três dimensões, chega a desenhar pormenores dos edificios com o rigor que chega ao número de pisos e outros detalhes arquitectónicos, e ... espantem-se: o rigor na proporção.
O que é isto?
Isto refere-se à escala dos edificios.
Se sobrepusermos fotos de edificios através de uma transparência, vemos que as dimensões estão absolutamente proporcionadas.
Podemos ver diversos videos no You Tube, este que trouxe ao estirador, refere-se à cidade de Roma, sobrevoada uma unica vez e reproduzida durante 3 dias de trabalho.
Há seres humanos que me decepcionam, mas há outros que me surpreendem imenso.

12 janeiro, 2009

11 janeiro, 2009


PROVOCAÇÃO?

10 janeiro, 2009

A VÍRGULA


Sobre a Vírgula

Muito linteressante a campanha dos 100 anos da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).

1. Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.

2. Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

3. Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.

4. Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

5. E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

6. Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

7. A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.


Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

- Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER.
- Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM.

De noite à janela


De noite
à janela
o manto branco
reflector
da luz urbana,
facilitou
o registo
fotográfico.

09 janeiro, 2009

Sou previlegiada

Hoje sinto-me previlegiada sentada no meu estirador.....

olho por uma janela e vejo isto:

olho através de outra e vejo isso:

olho por outra e vejo mais aquilo....

abro as janelas e vejo mais ainda do mesmo.

08 janeiro, 2009

06 janeiro, 2009

O LIVRO NEGRO DAS CORES



Brevemente em Português

05 janeiro, 2009

Estranho mundo dos afectos

Jardim da Casa de Mateus - autor Arra Catadoiro


Hoje estive a investigar sobre jardins.
Não me pensem dedicada a hobbies de aparar relva, catar piolho, estrumar tulipas…. desenhar com ancinhos e lápis de jardineiro, e muitos etcs que se apresentam semanalmente no LIDL, e fazem as delicias dos aficionados.
Naaaaa.
Descobri já há muitos anos que por mais que tente não tenho queda para isso.
Confesso que tentei.
Comprei luvas, banquinho, socas de borracha, carreta, vassoura de jardim, mangueiras, torniquetes, sementes, bolbos, fertilizantes de bolinhas azuis, e uma série de alfaias que ia descobrindo para que serviam….conforme as tentava utilizar.
Comprei promessas de galdíolos e tulipas de todas as cores, caules espinhosos que dariam rosas amarelas, sementinhas de cravos túnicos e amores perfeitos, e outros seres vegetais que combinavam com os meus conceitos estéticos, estampados em dezenas de saquinhos expostos no horto. Pratiquei sementeiras com régua e esquadro e fiz transplantes assépticos, de máscara e bisturi e até enxertos experimentei.
Descobri que as plantas germinam devagar, devagar. Muito devagar! Um devagar a perder de vista e não têm manual de instruções. Fartei-me de regar a terra…. na esperança de…. Talvez sejam tímidas, não sei. Sentei-me horas e horas a olhar para a terra, esperançosa em ver germinar algo de configuração clorofilina que me animasse a alma e me reforçasse o ânimo…. Demoraram dias e mais outros tantos a nascer, a sair para o outro lado da terra onde se encontra o ar, exactamente quando eu não estava presente. Nasceram onde eu menos esperava, desconfigurando a geometria que eu me tinha planeado para aquele pedaço de terra. Porém nasceram todas iguais, ou assim me parecia. Quando dei por mim protegia zelosamente algumas ervas daninhas que foram as primeiras a germinar, e insistia em exibi-las aos amigos, que se riam descaradamente na minha presença, manifestando uma enorme falta de respeito pela minha iniciação vegetalopaisagista.
Diziam-me que as plantas devem ser tratadas com carinho que devemos falar com elas… e as ervas daninhas devem ser arrancadas!
Não sabia nunca o que lhes dizer! Devia tratá-las por minhas queridas ou por caras amigas? Fiquei sempre inibida, pois nem sequer sabia a língua que elas falariam…. Japonês? Alemão? Holandês? Portanto à partida nasceu logo um problema de comunicação que deve ter dificultado os seu desenvolvimento genético e crescimento. Penso que apenas as ervas daninhas falariam português e entenderiam os diversos palavrões, que eu ia proferindo com tanta espera e tanta angústia, pois essas cresceram, ou por revolta, ou por simpatia, mas cresceram.
Sabe-se lá?!....

Mas hoje estive a investigar sobre jardins, os estilos artísticos, os conceitos e as formas que combinam com todas as restantes artes. Ainda consultei um livro raro que insiste em espreitar da minha modesta biblioteca “ Plaisirs dês jardins” de Jacqueline de Chimay editado em 1936.


Ah!!!! Tive um cacto ranhoso, meio esquecido num canto de uma marquise. Eu, de relações cortadas com ele, porque me picou, ele de relações cortadas comigo porque não queria mudar de lugar, e ao fim de 5 anos tinha cerca de 2m de altura.
Admiro quem entende estes meandros dos afectos.
A. Quelhas

Jardim da Casa de Mateus - autor Lelf