17 janeiro, 2009

Quase um poema de amor


Quase um poema de amor
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
--- Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor



Miguel Torga
Veja a homenagem a Torga em http://mardepedra.blogspot.com/

1 comentário:

Pena disse...

Os poemas de amor são sempre lindos.
Vindos dum Torga, eternizado de existência bem juntinho a nós, fascinam...!
Explicam um Ser.
Explicam um Sentir.
Explicam um Estar.
Que faltará mais...?
Está aqui tudo.
Um poema belo. Puro. Sensível. Admirável. Terno.

Beijinhos de respeito e estima.
Com cordialidade e com amizade sinceras...

pena

Lindo poema...!