30 julho, 2008

Totan Kuzembaev

Planta do rés-do-chão

Planta do 1º andar


Vista exterior


Vista exterior


Vista interior


Pequeno espaço habitacional para férias


Arquitecto: Totan Kuzembaev



Total area — 110m²
2005

29 julho, 2008

Mercado de Weilheim


Mercado de Weilheim mo estado da Baviera - saõ as crianças de uma escola que estão empenhadas em transformar esta praça numa obra de arte, através de uma cópia gigantesca de uma obra de Wassily Kandinsky. Belo trabalho!
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23 julho, 2008

22 julho, 2008

Zaha e o museu Guggenheim





Já perceberam que aprecio a obra de Zaha Hadid.

Esta venceu o concurso do novo Museu Guggenheim para a cidade de Vilnius na Lituânia, que abrigará a
Fundação Guggenheim, junto com o Museu Hermitage, de São Petesburgo. Dois dos maiores acervos do mundo juntos.
Teve dois concorrentes difíceis, dois gigantes da arquitectura, Daniel Libeskind e Massimiliano Fuksas.

A capital da Lituânia quer tornar--se um "centro internacional de arte" e o museu vai certamente virar marco cultural e arquitectónico. As visitas ao museu passarão a ter duas vertendes, o conteúdo do museu e a obra de arquitectura. Será um edifício futurista com linhas de fluidez muito próprias de Zaha, imprimindo uma dinâmica muito interessante ao edifício.

21 julho, 2008

Perdi os dois

Lou Reed e Cohen na mesma noite em Lisboa, é dose!!!
Data pouco conveniente para mim… mas "prontos"! Teria que fazer o pin pan pun, para me decidir; não foi necessário pois não pude ir ver nenhum destes dois espectáculos para cotas.

Lembra-me de Lou reed integrado na banda Velvet Underground, orientado pela filosofia do pai da pop art, Andy Warrol. Pouco comercial e contorverso. Lou reed escrevia quase sempre as letras, extremamente provocadoras e chocantes mesmo para os revolucionários anos 60/70.
Cohen, brilhante na expressão melancólica que imprime à maioria das suas músicas e letras. Um verdadeiro dinossauro da poesia e da musica, com uma voz única.
Chatice!!!!!!!!!!! Não fui!




20 julho, 2008

19 julho, 2008

O pintor catalão José Togores.



(clique para ampliar)


O pintor catalão José Togores.


Ilustração, nº 113 de Setembro de 1930.

Fonte: Blog ilustração portuguesa http://revistaantigaportuguesa.blogspot.com/

18 julho, 2008

O desenrascanço dos tugas

In "Diário de Notícias" João César das Neves

"Portugal fez tudo errado, mas correu tudo bem."

Esta é a conclusão de um relatório internacional recente sobre o desenvolvimento português. Havia até agora no mundo países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Mas acabou de ser criada uma nova categoria: os países que não deveriam ser desenvolvidos. Trata-se de regiões que fizeram tudo o que podiam para estragar o seu processo de desenvolvimento e... falharam. Hoje são países industrializados e modernos, mas por engano. Segundo a fundação europeia que criou esta nova classificação, no estudo a que o DN teve acesso, este grupo de países especiais é muito pequeno. Aliás, tem mesmo um só elemento: Portugal . A Fundação Richard Zwentzerg (FRZ), que se tornou famosa no ano passado pelo estudo que fez dos "bananas da república", iniciou há uns meses um grande trabalho sobre a estratégia económica de longo prazo. Tomando a evolução global da segunda metade do século XX, os cientistas da FRZ procuraram isolar as razões que motivavam os grandes falhanços no progresso. O estudo, naturalmente, pensava centrar-se nos países em decadência. Mas, para grande surpresa dos investigadores, os mais altos índices de aselhice económica foram detectados em Portugal , um dos países que tinham também uma das mais elevadas dinâmicas de progresso. Desconcertados, acabam de publicar, à margem da cimeira de Lisboa, os seus resultados num pequeno relatório bem eloquente, intitulado: "O País Que Não Devia Ser Desenvolvido" - O Sucesso Inesperado dos Incríveis Erros Económicos Portugueses." Num primeiro capítulo, o relatório documenta o notável comportamento da economia portuguesa no último meio século. De 1950 a 2000, o nosso produto aumentou quase nove vezes, com uma taxa de crescimento anual sustentada de 4,5 por cento durante os longos 50 anos. Esse crescimento aproximou-nos decisivamente do nível dos países ricos. Em 1950, o produto de Portugal tinha uma posição a cerca de 35 por cento do valor médio das regiões desenvolvidas. Hoje ultrapassa o dobro desse nível, estando acima dos 70 por cento, apesar do forte crescimento que essas economias também registaram no período. Na generalidade dos outros indicadores de bem-estar, a evolução portuguesa foi também notável. Temos mais médicos por habitante que muitos países ricos. A mortalidade infantil caiu de quase 90 por mil, em 1960, para menos de sete por mil agora. A taxa de analfabetismo reduziu-se de 40 por cento em 1950 para dez por cento. Actualmente e a esperança de vida ao nascer dos portugueses aumentou 18 anos no período. O relatório refere que esta evolução é uma das mais impressionantes, sustentadas e sólidas do século XX.
Ela só foi ultrapassada por um punhado de países que, para mais, estão agora alguns deles em graves dificuldades no Extremo Oriente. Portugal , pelo contrário, é membro activo e empenhado da União Europeia, com grande estabilidade democrática e solidez institucional. Segundo a FRZ, o nosso país tem um dos processos de desenvolvimento mais bem sucedidos no mundo actual. Mas, quando se olha para a estratégia económica portuguesa, tudo parece ser ao contrário do que deveria ser. Segundo a Fundação , Portugal , com as políticas e orientações que seguiu nas últimas décadas, deveria agora estar na miséria. O nosso país não pode ser desenvolvido. Quais são os factores que, segundo os especialistas, criam um desenvolvimento equilibrado e saudável? Um dos mais importantes é, sem dúvida, a educação. Ora Portugal tem, segundo o relatório, um sistema educativo horrível e que tem piorado com o tempo. O nível de formação dos portugueses é ridículo quando comparado com qualquer outro país sério. As crianças portuguesas revelam níveis de conhecimentos semelhante às de países miseráveis. Há falta gritante de quadros qualificados. É evidente que, com educação como esta, Portugal não pode ter tido o desenvolvimento que teve. Um outro elemento muito referido nas análises é a liberdade económica e a estabilidade institucional. Portugal tem, tradicionalmente, um dos sectores públicos mais paternalista, interventor e instável do mundo, segundo a FRZ. Desde o "condicionamento industrial" salazarista às negociações com grupos económicos actuais, as empresas portuguesas vivem num clima de intensa discricionariedade, manipulação, burocracia e clientelismo. O sistema fiscal português é injusto, paralisante e está em crescimento explosivo. A regulamentação económica é arbitrária, omnipresente e bloqueante. É óbvio que, com autoridades económicas deste calibre, diz o relatório, o crescimento português tinha de estar irremediavelmente condenado desde o início. O estudo da Fundação continua o rol de aselhices, deficiências e incapacidades da nossa economia. Da falta de sentido de mercado dos empresários e gestores à reduzida integração externa das empresas; da paralisia do sistema judicial à inoperância financeira; do sistema arcaico de distribuição à ausência de investigação em tecnologias. Em todos estes casos, e em muitos outros, a conclusão óbvia é sempre a mesma: Portugal não pode ser um país em forte desenvolvimento. Os cientistas da Fundação não escondem a sua perplexidade. Citando as próprias palavras do texto: " Como conseguiu Portugal , no meio de tanta asneira, tolice e desperdício, um tal nível de desenvolvimento? A resposta, simples, é que ninguém sabe. Há anos que os intelectuais portugueses têm dito que o País está a ir por mau caminho. E estão carregados de razão. Só que, todos os anos, o País cresce mais um bocadinho." A única explicação adiantada pelo texto, mas que não é satisfatória, é a incrível capacidade de improvisação, engenho e "desenrascanço" do povo português.

"No meio de condições que, para qualquer outra sociedade, criariam o desastre, os portugueses conseguem desembrulhar-se de forma incrível e inexplicável." O texto termina dizendo: "O que este povo não faria se tivesse uma estratégia certa?".

12 julho, 2008

identidade e território




Há uns meses atrás LC questionou-me sobre qual seria o principal problema do nosso Agrupamento de Escolas. Rapidamente respondi: o próprio Agrupamento.
Foi a primeira resposta em que pensei. Reflecti depois e entendi como necessário registar esta resposta, no meio da minha papelada que vai crescendo no estirador, para reflectir mais tarde.
Logo que me surgiu a tal resposta, quase de imediato temi estar a ser precipitada e confiei esperançada em poder alterar a minha opinião. O tempo é nosso amigo e acaba sempre por trazer a verdade para primeiro plano; eu pelo menos confio no tempo, no entanto nunca sei quando a verdade emergirá.
Como se constrói uma identidade?
Decretos-lei não constroem identidades!
Os agrupamentos surgem como imposição do Ministério de Educação na tentativa de reorganizar a rede escolar, atendendo a perspectivas puramente economicistas disfarçados por lógicas pedagógicas teoricamente irrefutáveis e não equacionando nunca a sua eficácia na implantação no terreno.
A centralização é um conceito contraditório com a autonomia tão apregoada, mas tudo isto foi esquecido perante os cifrões ofuscantes, vislumbrados num esquema imposto de cima para baixo na estrutura educativa.
Os conselhos pedagógicos, passaram a ser grandes grupos de trabalho, pouco operacionais, impessoais, quase esvaziados de interesse. Os problemas reais de cada escola ou cada disciplina são engolidos pelos interesses globais do agrupamento.
Passados 4 anos, os agrupamentos continuam a sofrer duma disfuncionalidade gritante resultante logo à partida da ausência daquilo que se denomina por identidade. O nosso agrupamento padece de falta de identidade!...decretos lei não constroem identidades e as boas vontades compreensivelmente exaurem-se rapidamente.
Falta aos agrupamentos algo de único que os distinga uns dos outros e que se converta numa referência forte para todos aqueles que o integram, tornando-se quase num fenómeno ergonómico que devolva e desenvolva um bem-estar colectivo; uma referência que apele ao racional e aos afectos de todos, servindo de ligante a toda a comunidade escolar.
Nada disto se constrói de cima para baixo, antes pelo contrário. Arriscaria a afirmar que a identidade se edifica de forma orgânica, tal qual uma cidade medieval, que cresce sem regras, que se adapta segundo as suas necessidades, ao espaço e ao tempo e onde todos os indivíduos se reconhecem.
Durante quatro anos e apesar do empenho de muitos, continua a não haver identidade e o sentimento que permanece é de frustração, exteriorizando-se em diferentes situações através da divergência e não da comunhão.
Poderemos citar inúmeros impedimentos, os aceitáveis e compreensíveis, os condenáveis e politicamente incorrectos. Parece-me ser uma evidência, que as diferentes faixas etárias, os diferentes níveis de desenvolvimento dos alunos formam barreiras dificilmente ultrapassáveis, mas considero que há um parâmetro estruralmente básico, morfologicamente impeditivo à formação de uma identidade, que é o sitio, o espaço físico. Um espaço que se caracteriza por ser disperso, desagregado, parcelado, nunca favorecerá a unidade e a identidade, pois encontra muitos obstáculos em se constituir numa malha.
Passados 4 anos arriscaria a afirmar que a maioria dos elementos do agrupamento, e aqui englobo pessoal docente, discente e encarregados de educação, não conhece o espaço físico do mesmo. Não me refiro à localização no mapa, refiro-me exactamente ao conhecimento das escolas, das salas de aula, da envolvente de cada escola, dos hábitos da sua utilização, de quem lá está, das histórias que se colam em cada parede, e isso inviabiliza a formação da tal identidade que carecemos.
È completamente irracional atribuirmos culpas a este ou àquele, ao sucesso ou ao insucesso das acções, pois tudo isto, quer queiramos ou não, passa pela primitiva ligação ao território.
Idealizar um projecto comum, convergir vontades e apelos à união, formarão bolsas de acções positivas que poderão pontualmente enganar este apelo primitivo, mas a verdade é imprevisível, emerge quando menos se espera nesta era da pós modernidade.
Quando se assiste ao declínio ou o descrédito das filosofias que tentam orientar as nossas vidas, à alteração profunda dos valores, às mudanças rápidas das sociedades, o que persiste e que todos nós inconscientemente conservamos são os lugares, aquilo que nos aproxima ou nos distingue.
A maior parte das estruturas conhecidas da vida colectiva traduz-se através de formas de territorialidade.
Esta descoberta recente da geografia humana abrange não só a grande escala dos países, mas também as escalas menores, a casa, a escola, a aldeia, o bairro. Desde sempre que a territorialidade foi um eixo de grande importância na vida das várias espécies, e por isso eu utilizo a expressão “ a primitiva ligação ao território”.
Nós, que entendemos ser, superiores e seres civilizados, temos imensa dificuldade em transferir o conhecimento das Ciências Naturais para o comportamento humano, pois queremos acreditar que o filtro da civilização é eficaz para nos separar dos restantes seres deste planeta. Um território pertence-nos ou converte-se na nossa identidade apenas quando existe um fenómeno de enraizamento construído ao longo de anos, formado por laços simbólicos construídos pelos homens que habitam esses espaços, não dependendo de vontades politicas e ou administrativas da parte superior da pirâmide hierárquica.


A identidade não é um começo, é um fim, uma consequência, é uma construção cultural.
Ao fazer esta reflexão de final de ano lectivo sinto que estamos todos a viver uma crise identitária transversal, que não é compensada nem sequer pelo imaginário de cada um… talvez seja dos poucos factores que nos unem, mas tornam-nos cada vez mais frágeis e vulneráveis.
Neste universo resta-nos o empenho, a criatividade e o tempo. Não vai ser fácil.
(bom… agora vou passar lustro às muletas)