24 janeiro, 2024

IVA ACIMA, IVA ABAIXO


 IVA ACIMA, IVA ABAIXO

Proprietários dos principais supermercados e outras catedrais de consumo têm atitudes de vorazes predadores e nós de consumidores cordeirinhos e deslumbrados.

Anuncia-se o fim do IVA zero a partir de Janeiro e a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) afirma, sossegando-nos, que estão todos em condições, de forma tranquila e transparente, de cumprir novamente a lei e repor o IVA destes produtos (…), lembrou que se vai verificar, desde logo, um acréscimo de 6% no preço dos produtos em causa (básicos). “Essa reposição não vai ser gradual, vai ser imediata”, reiterou.

TOMA LÁ QUE JÁ ALMOÇASTE! A competência revelada ao mais alto nível!

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) defendeu que a isenção de IVA para 46 categorias de produtos foi uma medida “muitíssimo bem-sucedida, que permitiu uma poupança significativa às famílias” e agora, acrescento eu, é preciso repor o IVA, porque está na hora de ter ainda mais lucro do que aquele que tiveram, e que se lixem as famílias com menores recursos.

Em 46 produtos básicos alimentares, o IVA volta à taxa que tinha até abril do ano passado e os consumidores têm de o voltar a pagar - coitadinhas das cadeias de retalho! Espanha prolonga IVA zero na alimentação em 2024 - como ganham menos do que nós, compreende-se (LOL).

Entendo pouco de economia, este sobe e desce de impostos, esta engenharia financeira do consumo, sempre contra o consumidor, porém, entendo do marketing aguerrido e feroz de algumas empresas, especialmente as alimentares. Se eu mandasse acabava com as campanhas publicitárias, os saldos, promoções, compensações, cartões de compras, que acumulam pontos convertidos em dinheiro, que depois descontam na bomba de gasolina X, no restaurante Y, nas parafarmácias Z e ainda em certas lojas de electrodomésticos. Nas nossas carteiras há um mundo de talões, cada um com a sua data, que me deprimem e me menorizam como cidadã livre. De certa forma faz-me lembrar as relações de dependência esclavagista, que tiveram muito sucesso, antigamente.

Agora um dos grandes supermercados, até nos premeia com um vídeo no telemóvel denominado O SEU ANO DE POUPANÇA, utilizando o nosso primeiro nome, como se houvesse grande cumplicidade entre nós, que informa e nos parabeniza pelo consumo: quantas vezes usamos o cartão, lembra-nos quanto poupamos ao longo do ano 2023, marcas associadas, quais são as lojas amigas, qual o produto que mais consumimos, lembra-nos quanto poupamos na bomba de gasolina (e eu associo à minha triste figura sempre a procura dos talões dentro da minha carteira, durante o abastecimento) e afirma que a nossa receita do ano foi deliciosa, acompanhada de elementos simbólicos de uma cozinha. Acrescenta informando que + de 4,3 milhões de famílias usaram o cartão, + 2,7 milhões de utilizadores, registados, + de 11 milhões de prémios oferecidos. Parece que nos deveríamos orgulhar do sucesso desta empresa. O vídeo só tem 2 falhas: não comunicar o seu lucro anual, para nós consumidores carpirmos em conjunto, e partilhar a quantia de pessoas que recorrem a bancos alimentares e refoods, para percebermos e aclamarmos os pecadilhos desta engenharia do marketing consumista.

Esta relação de consumo irrita-me, porque ela é (nem sei como a classificar)… aterradora talvez; além de nos pressionar com preços e campanhas, gera nos consumidores a frustração e a fidelização inconsciente, obrigando-os a consumir segundo os seus padrões:

- Até 21/1 use no (supermercado X) o seu cupão de 15% de desconto.

- Até 14/1 utilize no (supermercado X) os restantes 20,02€ que acumulou no seu cartão.

Ou seja, além de consumidores, temos que ser atentos, porque temos prazos-limite para consumir, para não deitar tudo a perder nos euros acumulados.

Fico doida com isto.  Preferia ter um preço justo, controlado e certo e mais nada e acabar com esta “promiscuidade” de múltiplos consumos, este circo publicitário feito à nossa custa, porque aqui, como todos sabemos, ninguém dá nada a ninguém.    

Publicado em NVR 24|01|2024

23 janeiro, 2024

TRANS FORMAR


 Johannes Vermeer / A- Quelhas

Budapeste

Fonte termal em Budapeste


 Pormenor de varanda

20 janeiro, 2024

ABRIL E LIBERDADE


 CARTAZ- Maria Helena Vieira da Silva

17 janeiro, 2024

RETRATO DIGITAL - ABRIL E LIBERDADE


 

AS 5 APRENDIZAGENS


 

As 5 aprendizagens

Hoje pela manhã, falava com alguém, que nem conheço presencialmente, sobre os problemas dos jovens de hoje, com dificuldade em entender o seu papel na sociedade, as expectativas elevadas que geram frustrações equivalentes e a desresponsabilização sobre a vida social e política do país.

Cada geração tem as suas problemáticas, e para entenderem a sua circunstância, deverão fazer muito mais além do questionar, culpabilizar os outros, ir a festivais, ter os melhores telemóveis e procurar prazer, fácil, rápido e depressa, recorrendo a substâncias químicas.

Há 5 aprendizagens que estão invisíveis na minha resiliência e sentido critico, perante o que me rodeia, tendo como consequência uma certa frieza no trato de algumas situações, porque as desdramatizo.

1 – Quando eu tinha sete anos, o meu pai ensinou-me a construir uma parede, carregando tijolos, ajudando a misturar o cimento, a areia e a água e ainda experienciando a linha de prumo, a colocação de tijolos para travar a parede e acamar a argamassa com a colher, para que a parede fosse bem feita e aprumada. Estava frio e sem luvas – nesta lição aprendi a valorizar o que tenho e aquilo que ele me deixou, interiorizando que o esforço, o empenho e o conhecimento são essenciais para atingir o sucesso.

2 – Com dez anos mostrou-me com detalhe, o que era um musseque por dentro, sem “mimimis”, sem “não podes ver porque é demasiado mau” e explicou-me que os emigrantes em Paris, viviam em “Bidonvilles”, algo semelhante a este habitar sem condições, agravado por 9 meses de frio; senti o cheiro a pobreza, e a visão de “embriões” de habitação precária, que a sociedade teimava em esconder – nesta lição de sobrevivência aprendi a respeitar o outro, tomei consciência de como era privilegiada, que teria de ser sempre solidária com os mais pobres e os menos capazes e mais tarde, que o território se articula sempre com a política.

3 – Com a minha avó Felisbela, pensei que ela nada me poderia ensinar, já que tinha mais 60 anos do que eu, e nem imaginava quem eram os Rolling Stones; afinal ela soube sobreviver a uma viuvez precoce, educar cinco filhos e ainda ajudar os outros – aprendi a respeitar quem ensina e percebi que os mais velhos têm um banco de informação invejável sobre o “saber fazer”; eles já testaram muito daquilo, que os mais novos pensam, que inventaram.

4 - A minha mãe habituada a partidas e a chegadas tinha a capacidade de converter qualquer espaço, em espaço confortável – aprendi com ela que é sempre possível fazer melhor, com poucos recursos, desde que haja criatividade e amor.

5 – Tive um explicador de matemática que conseguiu abrir muitas janelinhas da minha mente, encarando a matemática como um desafio e não como um problema – este meu mestre ensinou-me a organizar a vida, a nunca perder o Norte e saber sempre aquilo que não quero.

Cada um terá as suas 5 aprendizagens, 5, 6, 7… tudo aquilo que forma os nossos valores e a nossa personalidade; e quando tudo se apresenta confuso, quando a sociedade se apresenta corrupta, e desnorteada, há que desconstruir a nossa geografia e encontrar a nossa matriz para podermos reencontrar o nosso caminho. Nunca ceda à desilusão, nunca se abandone à desistência, não se habitue à crítica fácil e frequente, sem analisar o seu contributo para a sociedade ser melhor; aprenda a relativizar e deixe o passado lá no sítio dele, preocupe-se com o presente e pense sempre que este dia pode ser o último.

Conclusão, não esperem pelos 3 Reis Magos, não esperem por D. Sebastião, não se iludam com um regime político melhor do que a democracia. Não esperem que os outros façam aquilo que vocês não fazem. A cama que fazemos é aquela que teremos para nos deitar. Nunca fuja aos problemas, e às suas responsabilidades, porque este ou aquele não agiu de forma correcta. Interrogue-se: Qual foi a minha contribuição para resolver o problema?

Nada acontece na sua vida? Faça acontecer!

Publicado em NVR 17/01/2024

15 janeiro, 2024

Museo dei Bozzetti

 

Recepção do presidente do Consiglio Comunale di Pietra Santa no pátio lateral do Museu dei Bozzetti.

Estou bem, estou numa cidade de artistas.

Pietrasanta, perto de Lucca, em Itália.

Conhecida como cidade museu a céu aberto, na verdade não sei de são esculturas temporárias ou permanentes. Gostei especialmente da coluna gigante, não anotei o nome do autor.

Esta é uma cidade que nos últimos seculos tem sido um cruzamento de artistas vindos de todo o mundo. Sob o governo Medici, foram abertas pedreiras de mármore e aqui se aprendia a trabalhar com esse material. (Diário de viagem 27/04/2012)

 











































A ouvir o carrilhão.