17 janeiro, 2024

AS 5 APRENDIZAGENS


 

As 5 aprendizagens

Hoje pela manhã, falava com alguém, que nem conheço presencialmente, sobre os problemas dos jovens de hoje, com dificuldade em entender o seu papel na sociedade, as expectativas elevadas que geram frustrações equivalentes e a desresponsabilização sobre a vida social e política do país.

Cada geração tem as suas problemáticas, e para entenderem a sua circunstância, deverão fazer muito mais além do questionar, culpabilizar os outros, ir a festivais, ter os melhores telemóveis e procurar prazer, fácil, rápido e depressa, recorrendo a substâncias químicas.

Há 5 aprendizagens que estão invisíveis na minha resiliência e sentido critico, perante o que me rodeia, tendo como consequência uma certa frieza no trato de algumas situações, porque as desdramatizo.

1 – Quando eu tinha sete anos, o meu pai ensinou-me a construir uma parede, carregando tijolos, ajudando a misturar o cimento, a areia e a água e ainda experienciando a linha de prumo, a colocação de tijolos para travar a parede e acamar a argamassa com a colher, para que a parede fosse bem feita e aprumada. Estava frio e sem luvas – nesta lição aprendi a valorizar o que tenho e aquilo que ele me deixou, interiorizando que o esforço, o empenho e o conhecimento são essenciais para atingir o sucesso.

2 – Com dez anos mostrou-me com detalhe, o que era um musseque por dentro, sem “mimimis”, sem “não podes ver porque é demasiado mau” e explicou-me que os emigrantes em Paris, viviam em “Bidonvilles”, algo semelhante a este habitar sem condições, agravado por 9 meses de frio; senti o cheiro a pobreza, e a visão de “embriões” de habitação precária, que a sociedade teimava em esconder – nesta lição de sobrevivência aprendi a respeitar o outro, tomei consciência de como era privilegiada, que teria de ser sempre solidária com os mais pobres e os menos capazes e mais tarde, que o território se articula sempre com a política.

3 – Com a minha avó Felisbela, pensei que ela nada me poderia ensinar, já que tinha mais 60 anos do que eu, e nem imaginava quem eram os Rolling Stones; afinal ela soube sobreviver a uma viuvez precoce, educar cinco filhos e ainda ajudar os outros – aprendi a respeitar quem ensina e percebi que os mais velhos têm um banco de informação invejável sobre o “saber fazer”; eles já testaram muito daquilo, que os mais novos pensam, que inventaram.

4 - A minha mãe habituada a partidas e a chegadas tinha a capacidade de converter qualquer espaço, em espaço confortável – aprendi com ela que é sempre possível fazer melhor, com poucos recursos, desde que haja criatividade e amor.

5 – Tive um explicador de matemática que conseguiu abrir muitas janelinhas da minha mente, encarando a matemática como um desafio e não como um problema – este meu mestre ensinou-me a organizar a vida, a nunca perder o Norte e saber sempre aquilo que não quero.

Cada um terá as suas 5 aprendizagens, 5, 6, 7… tudo aquilo que forma os nossos valores e a nossa personalidade; e quando tudo se apresenta confuso, quando a sociedade se apresenta corrupta, e desnorteada, há que desconstruir a nossa geografia e encontrar a nossa matriz para podermos reencontrar o nosso caminho. Nunca ceda à desilusão, nunca se abandone à desistência, não se habitue à crítica fácil e frequente, sem analisar o seu contributo para a sociedade ser melhor; aprenda a relativizar e deixe o passado lá no sítio dele, preocupe-se com o presente e pense sempre que este dia pode ser o último.

Conclusão, não esperem pelos 3 Reis Magos, não esperem por D. Sebastião, não se iludam com um regime político melhor do que a democracia. Não esperem que os outros façam aquilo que vocês não fazem. A cama que fazemos é aquela que teremos para nos deitar. Nunca fuja aos problemas, e às suas responsabilidades, porque este ou aquele não agiu de forma correcta. Interrogue-se: Qual foi a minha contribuição para resolver o problema?

Nada acontece na sua vida? Faça acontecer!

Publicado em NVR 17/01/2024

5 comentários:

Fátima Picão disse...

Muito bem , Anita !
Mais uma vez revejo - me no que pensas e escreves.
Parabéns e um grande abraço

Anónimo disse...

Quanta verdade nestes 5 ensinamentos. Nós (Eugénia e eu), aprendemos tanto consigo, como professora, coordenadora, mulher e amiga. Tornamo-nos pessoas melhores e melhores funcionárias. Eu, mudei, aprendi a ter mais paciência, a falar mais baixo ( a Gena também ajuda…😃). A idade também é um ponto importante, embora estejamos desiludidos com os baixos vencimentos, a falta de funcionários, as electrónicas que não funcionam… enfim. Sei que somos pessoas melhores graças a SI. Sentimos a sua falta. Beijinhos 😘

Anónimo disse...

A professora é uma excelente pessoa e profissional.
Obrigada pela atenção, dedicação, esforço, responsabilidade e carinho que tem connosco 💕

Anabela Quelhas disse...

Para a Eugénia e Adília - meninas exageradas, e eu sinto-me agradecida de ter trabalhado convosco num ambiente descontraído e saudável, sem nunca descuidarmos o profissionalismo das três e sem evitarmos gargalhadas boas de dar. O trabalho de excelência desenvolvido na MJA, só foi possível, porque as duas sempre me assessoraram em tudo e não posso esquecer também a D. Alice. As saudades vamos tentar mante-las (porque é bom sinal) e matá-las com uns encontros à volta da mesa logo que tenha estes ultimos problemas resolvidos.
Gosto-vos. <3

Anabela Quelhas disse...

Beijinho Fátima