31 outubro, 2006

Morena



Morena dos olhos d'água
Chico Buarque/1966

Morena dos olhos d'água
Tira os seus olhos do mar
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar
Descansa em meu pobre peito
Que jamais enfrenta o mar
Mas que tem abraço estreito, morena
Com jeito de lhe agradar
Vem ouvir lindas histórias
Que por seu amor sonhei
Vem saber quantas vitórias, morena
Por mares que só eu sei
O seu homem foi-se embora
Prometendo voltar já
Mas as ondas não tem hora, morena
De partir ou de voltar
Passa a vela e vai-se embora
Passa o tempo e vai também
Mas meu canto ainda lhe implora, morena
Agora, morena, vem

30 outubro, 2006

28 outubro, 2006

Escada em caracol

Outer Banks Carolina do Norte
Porque guardo isto no meu estirador?....olho esta escada e lembro-me de Escher. É uma escada das mais complicadas de desenhar, pois não se inscrevem num circulo, mas sim numa elipse. Se a planta é complicada, os alçados e os cortes..... ufff.... a perspectiva rigorosa, um desespero, um passaporte para a loucura.

Homenagem a Pablo Picasso

Nascido em Málaga em 25 de Outubro de 1881

26 outubro, 2006

Uma espera feita de amor (II)

Quando entrei, de novo, no estranho Hospital acompanhado da minha amada, olhei demoradamente à minha volta. Perscrutei tudo o que me rodeava, auscultando introspectivamente se tudo estava normal e, se nenhuma situação insólita ou esquisita não reinavam naquele dia, resplandecente aos meus olhos.
Era decisivo para mim e para ela!
Suspirei de alívio!
Não vi anzóis, arpões ou limpa pára - brisas à vista ou em conversas.
Sosseguei, um pouco mais, eu que me enervo facilmente.
Já era razoável ao meu exigente pensamento.
Não!
Não pensem que me esqueci do nosso chefe e Sr. Professor e,
muito estimado e respeitado, José. Imaginei logo o nosso valoroso Sr.Professor, entretido a compor e a medir rigorosamente o segmento de recta do bloco operatório, protestando por não o chamarem logo nesse arranjo, perito em segmentos de recta.
Pensei, que ele tinha razão!
Um chefe tem sempre razão, mesmo que ninguém concorde!
Pensei também, que os seus protestos e a sua indignação tinham todo o meu aplauso. Nem todos têm rigor no traço! Se ele era perito, deveriam tê-lo chamado de imediato! As pessoas têm todo o valor em alguma coisa e, por isso, o seu talento deveria ser mostrado e elogiado de imediato e prontamente. Mais uma vez, o nosso chefe tivera toda a razão. Ainda, não sei se preencheu o livro de reclamações do estranho Hospital ou não. Por certo, não deve existir, senão deveria usá-lo, que é para estes casos que ele serve.
Pelo menos terá sempre o meu apoio.
Penso que deve bastar o meu apoio porque ele também me apoiaria, se eu fosse bom em segmentos de recta como ele. Infelizmente, não sou!
Mas, deixemos o prezado Sr. Professor e Chefe e os segmentos de recta em que é perito em PAZ.
Não o vi e, isso, é que interessa para o meu bem-estar, eu que sou muito complicado.
Olhei de novo. Senti um arrepio pensando que vira a diligente senhora da cadeira de rodas e que me ameaçara com umas chineladas, em sua casa, se eu fosse marido dela, por eu não querer largar a sopa e ter chegado ligeiramente atrasado.
Tremi e arregalei bem os olhos.
Não! Não era ela.
Esqueço-me sempre dos óculos, eles que me fazem tanta falta e, torna-se necessário forçar um pouco a vista, para descortinar alguém que conheço. Não temi as chineladas, mas fiquei muito mais aliviado por não ser ela, podem crer!
Não que lhe quisesse mal, pois era a sua profissão, mas era melhor assim, para evitar complicações de novo. Até podia estar mal disposta e sabe-se lá no que lhe daria para fazer? Ponto Final, estava mais descansado! E, é tudo! Entretido nestas divagações, apurei o meu turvo olhar e constatei um facto: todos os doentes tinham um envelope junto deles!
A minha amada também tinha um, mas nunca espreitei lá para dentro, confesso. Era dela! E só dela! O deles era só deles! Respeitei-os, apesar desta constatação não merecer que alguém ma explicasse. Achei curioso. Só isso! Este envelope merecerá sempre a minha consideração. Estou a falar-vos sinceramente! Quero... Exijo que compreendam, porque estou a falar mesmo de verdade! É apenas curioso! Só isso! Nada mais!
Após, conversar com a jovem e esbelta menina do balcão, sentamo-nos.
Parecera-me ser uma adolescente sem problemas de qualquer índole e não carecer de falta de identidade, próprias da idade. Por certo, o complexo de Édipo, já teria sido ultrapassado com sucesso. Parecera-me normal, em suma. Simpática e atenciosa! Não lhe perguntei se estava informada sobre as protecções de carácter sexual que devia ter, pois, ela estava a atravessar esta fase algo complicada da vida, porque não quis incomodar, mas pressagio que sim.
Devia estar informada e bem informada!
O porquê?
Não sei! Sempre me interessei pelos problemas da adolescência e tudo era de esperar ali, mas esforcei-me e não disse nada.Poderia ser inconveniente, mas algo me soprava, para que conversasse com ela. Eu ficaria mais descansado! Não nos podemos esquecer que era jovem.
Resolvi-me calar, seguindo os conselhos simpáticos da minha amada. Ela havia-me dito, que se fosse possível não abrisse ali a boca, apesar de poder encontrar alguma coisa fora do normal. E eu, custosamente anuíe permaneci calado, mas entregue aos meus pensamentos, porque sinto necessidadede pensar.
Sinto necessidade de pensar, por mais esquisitos e absurdos que estes pensamentos sejam! Ela sabe e foi por isso que me mandou não abrir a boca. Disse-me pacientemente que, quando saíssemos, teria uma surpresa e aí já poderia dizer tudo o que me viesse à cabeça, habituada que já estava. Eu compreendi, mas tive pena de não esclarecer e informar a jovem sobre os problemas que poderia ter.
Afinal, eu sou um Educador!
E, os Educadores educam.
Que dissessem alguma coisa deste género ao Sr. Professor José. Aí deles! Nem vale a pena explicar o que aconteceria! Ele, é um Educador e dos bons! Ele, de boca fechada? Nem pensar! Competência e a atitude de educar são com ele.
Ou pensam que percebe só de segmentos de recta? Nem pensar. Isto é com ele, bom como é. Outro dia até me confessou que iria escrever um romance de amor!
Fiquei estarrecido, porque ele também tem bom coração. Só que ninguém vê?
Ele explicaria tudo à jovem. E com desenvoltura! Tenho a plena certeza. É pena não aproveitarem este talentoso rapaz !
Como já dissera ou se não o disse, digo agora, a tentação da sopa poderia esperar por agora. É certo que me acalmaria, mas resolvi esperar, para acompanhar a minha amada na evolução dos acontecimentos, naquele estranho Hospital.
E, já sentia um vazio manifesto no meu estômago. Mas, prometi-lhe e era para cumprir. Não que ela não compreendesse ou se importasse. Mas, resolvi esperar, só um pouco mais! Também não tinha nada que fazer!
Olhei, tudo de novo. Estava imensa gente. Sentados nas suas cadeiras sussurrando uns com os outros de forma bem audível os seus pensamentos. Apurei que a sala estava cheia.
Nunca compreendi a razão porque aquele Hospital estava sempre cheio, esquisito como era.
Ouviam atentamente os altifalantes mal colocados, que os chamariam não sei para quê.
Lá estava eu, ao pé da minha amada, também ouvindo o momento de escutar o seu nome.
Explicou-me, pausadamente, que não havia necessidade de ir com ela lá dentro. Ela exploraria, sozinha, aquele local. Só teria de guardar a sua gabardina.
Compreendi que tinha imenso gosto naquela gabardina! Tinha uma espécie de amor pela gabardina, incompreensível, porque eu estava ali e tinha - a conhecido primeiro.
Lá teria as suas razões!
Eu assenti e disse-lhe, que a defenderia até à morte, aquela gabardina e a sua espécie de amor por ela!
Que tivesse um envelope, se calhar com a planificação das aulas para os alunos na sua escola, era compreensível, mas deixar-me entregue a uma gabardina, não entendi lá muito bem.
Se calhar, era a expressão da sua total confiança depositada em mim.
Estava a matutar um pouco sobre aquilo, quando ouvi o seu nome no altifalante, mal posicionado. Deu-me um beijo, que retribui. Levantou-se e dirigiu-se à porta malfadada, donde eu a vira sair da outra vez, arpoada.
Resolvi ir fumar um cigarro, mas agarrado à gabardina. Eu deveria defender a gabardina até à morte! Para lá disso era agradável ao olhar e até poderia vesti-la na sua ausência. Não! Penso que não, era dela! Só dela!
Quando regressei, via-se sair com um sorriso plantado na boca, emanando satisfação. Tudo havia decorrido muito bem e estava boa de saúde. Nada nela fora detectado de anormal. Estava de perfeita saúde! Entreguei-lhe a gabardina e beijei-a várias vezes, com ternura e carinho. Sorri para toda a gente que ali estava, solidario com todos eles e esperançado na cura rápida de todos eles.
Sorri virtualmente e, como se estivessem perto de mim, para todos os que me incentivaram a descrever um pouco a minha angústia vivida quase há um ano, com a minha esposa.
Agradeci a todos os que me apoiaram.
Agradeci aEle.
Agradeci ao amor que nutro pela minha esposa e ela por mim. Enfim, a todas as pessoas do Mundo que conseguiram ultrapassar as suas doenças, com força de vontade e querer. Acima de tudo, agradeço a todos os profissionais de saúde, pela dedicação e amor que nutrem pelos seus doentes e tudo fazem para combater os seus males.
No fim de tudo, resta dizer que fui comer a sopa, que mais uma vez me acalmou.
A minha amada acompanhou-me e, ambos sorrimos, pelo amor mútuo que sentimos umpelo outro.
Indissolúvel e inequívoco!
Pena, 2006

25 outubro, 2006

24 outubro, 2006

Shaolin (parte IV)

Onde é que eu ia?...

Sim, …. Os chineses importaram o modelo do JC, mas respeitaram as suas características originais! Nada de implantação do mau gosto: Cristo de olhos em bico, com barbinha de chinês ou rebaldarias do género!!! NÂO!

Não vos vou maçar com estas cenas de arte sacra, limitar-me-ei a descrever apenas uma versão, para mim indiscutivelmente melhor que as outras.
Uma versão dinâmica, com influências cubistas, onde está patente a inspiração e o trabalho criativo do artista, e que ficaria bem, em qualquer hall de entrada ou sala de estar; sala de refeições desaconselho, pois há pra aí muito marmanjo que não vai à bola com cabidelas.

Não é o cubismo, que, algo que está de frente parece estar de lado e de lado, desaparece? dando o efeito dinâmico, inventando novas relações tempo/espaço, fazendo inveja a qualquer Einstein?

Pois então! O tal Cristo tem um ar sofredor, confesso, tipo paixão de Cristo, Mel Gibson, muito sangue e enquadrado na tal coroa de espinhos, com que os judeus e os romanos gramavam de decorar a cabeça de um cristão (as folhas de louro viriam a seguir, ou já estavam fora de moda, não sei bem…), mas o sofrimento faz parte!

A história não foi sempre um mar de rosas como alguns querem fazer crer!

Esta obra de arte tem a particularidade de expressar o tempo e a tendência cubista; muda de expressão consoante nos deslocamos à sua frente, pisca os olhos, verte lágrimas e suplica aos céus.

Isto é obra!

Nem o Miguel Ângelo que andou lá às voltas cubistas com a Madonna dele, conseguiu tal proeza! Muito se esforçou, mas limitou-se a pintar um olhar renascido! já não foi mau!

Uma nota de preocupação! Verifiquei que as plantas da felicidade, entraram na fase do plástico, … também estas se reproduzem por sementinhas? … e deram um black out nas sementinhas, naquela de terminators e outros gurts que tais? Fico preocupada!

Uma falha! Por mais que procurasse, não arranjei um bonsai adulta, só vendem bonsais com 20/30 centímetros, tudo pequenino! Há montes de anos que ando à procura! A China exporta só árvores pequenas… deve ser condicionante do transporte.

Finalizei as compras, e gostei, porque gostei! Amei! ADOREI!
E tem mais! Agora pelo Natal, podem contar, Hiper China!!!! Pensam que vou na conversa, que aquele negócio, assim e assado, cozido e frito? Benefícios fiscais? Isenções? Descriminação? É o pogresso, meus amigos (nãooooooo, não falta o èrre! Pode faltar o bolo rei mas o èrre não!)! Trabalham até ao fim de semana e precisamos de os ajudar!!!! Tadinhos dos Chineses!

Nota final:
Cheguei a casa, descarreguei as compras, sob o olhar atento do kandengue que me esperava à porta, e coloquei 4 gerbérias (ai naturais!!!... quantas horas são da China até cá?) numa jarra e o espanta espíritos à entrada.

O espanta espírito revelou-se logo algo incómodo, pois desperta o que há de mais tenebroso na minha cadela, pondo-a a ganir todo o tempo.
Cadela hipersensível à fuga dos espíritos.
Não se deve mexer com o sobrenatural, se os espíritos andam por aqui, deixá-los andar ou levitar, como lhes der mais jeito.

O kandengue barricou-se no WC, em sinal de protesto à minha incursão domingueira. Está lá, há mais de 6 horas. É o que dá, deixá-lo ver os telejornais! Não há quem o convença que as flores artificiais são melhores que as naturais!
Deixei-lhe o jantar à porta num tabuleiro daqueles que tem a Nossa Senhora de Fátima e os 3 pastorinhos, que ele ainda não tinha visto. Pode ser que a curiosidade o desbarrique!
Ana d'Or

23 outubro, 2006

Shaolin (parte III)

Por lá tem muito que ver.
Tudo objectos de grande utilidade… tem de tudo, todo o tipo de isqueiros, canetas de escrever e canetas que não são de escrever, bijouterias, marroquinaria, suportes para telemóveis, vestuário, sapatos, panelas, tapawares, ou tabledances como dizia o outro, objectos com design, outros nem por isso.
Tive que me conter, pois rapidamente enchi o cestinho das compras.
O Shaolin é a versão reduzida do El Cortes Inglês. No centro das cidades é dificil arranjar lojas grandes, mas ele não dorme! Aguardem-no
Não apreciei a zona dos detergentes e afins… demasiado vulgares, e perigosos… imaginem que enquanto faço as compras, em vez de beber uma cola, me engano na prateleira e bebo um tira nódoas para vincos difíceis! e depois? como é? Quando é que no hospital atinam com o antídoto em chinês? Naaaa, não está bem!
Palavra, gramei à brava dos postiços, dos leques e duma tourada tipo polipocket, versão garridamente castelhana (desconhecia as touradas na China, é a tal de globalização).
Comprei um postiço rosa que vai bem com os dias de hoje!
Achei estranho, venderem quadros com o Sagrado Coração de Jesus, pois estava convencida que na China, o que estava a dar, era o Buda e deusas da felicidade. Mas não, acho que lhe perderam a forma ou o jeito, não sei bem, e tiveram que recorrer ao Jota Cê da Nazaré, aquele mesmo da coroa de espinhos, para reactivar a produção em série, e evitar milhares de desempregados.
Assim, temos várias versões de Jota Cês, para todos os gostos, nos mais diversos objectos, coloridas e tudo!
Atenção,… importaram o modelo, mas respeitaram as suas características originais!
Copy paste sem espinhas!
Anda praí um movimento contra o copy past completamente despropositado… qual é o mal de aparecer no meio de um trabalho de investigação apurada, num português de Camões, palavras como planejamento, parabenizar, ozônio…etc e tal?
O Camões foi para oriente, mas também poderia ir para ocidente… foi para onde o levaram, ok? Ele, que eu saiba, não conduzia naus!
Em vez de uma Dinamene, amaria uma Itajubá, e o amor dele continuaria a arder sem se ver, pois o problema do Luís era mesmo do foro oftalmológico. Podem crer!
"Ah! minha Dinamene! Assim deixaste
Quem não deixara nunca de querer-te!"
"Ah! minha Itajubá! Assim deixaste
Quem não deixara nunca de querer-te!"
Não ficava mal, rimava na mesma!

Que mal tem, copiar capítulos e capítulos de história? Se a história está feita, é para ser copiada, meus amigos!
Que mania!
Daqui a nada, dizem que estou a copiar o Saramago!
Não querem lá ver, logo esse, que tem uma escrita obscura e apertada lá pelo lazarote, ou lá o que é… se ainda fosse uma escritora profunda e criativa como a Margarida Rebelo Pinto… que só de ver os títulos, dá vontade de comprar os livros: “eu sei lá”, “não há coincidências” (concordo! Não há mesmo!), “Artista de Circo”… que até escreve em inglês “I’m in love with a Pop Star”!
Agora, “Jangada de pedra” (afunda de certeza, isto é desconhecer as leis da física), “Ensaio sobre a cegueira” (tá pior que o Camões!) “As intermitências da morte”, “A caverna” (dá claustrofobia a qualquer um!)
Perdi-me de novo.
(continua)
Ana d'Or

22 outubro, 2006

Shaolin (parte II)

Bom, o que falha aqui é a ligação entre os restaurantes e o Shaolin.
Os restaurantes até tem guarda-vento, o que conserva bem os aromas orientais no seu interior… Bem sei que às vezes o proprietário é o mesmo, ou então parece, todos de olhinhos puxados e a falal sem os èles.
A nossa tendência é revirar os olhos e o pescoço, ortogonalmente para cima; e fixando pormenorizadamente os dragões, verifica-se um movimento circular, quase hipnótico, que por vezes resulta num pequeno torcicolo.
Eu que o diga!
Como muitos dizem, é tudo uma questão de marketing…. Lá dentro também se vende o liquido milagroso, vermelho, que dá para tudo, incluindo torcicolos, equivalente à nossa banha da cobra em versão yellow.
Voltando à entrada, não posso esquecer de referir, que para aqueles que são mesmo muito, muito distraídos, e já pacientes de torcicolo, o Shaolin pensou em tudo, e colocou de ambos lados da entrada, vasos com dois arbustos em material sintético verde.
Arbustos económicos, não gastam água, não gastam tesoura da poda, e esteticamente elegantes, de grande efeito decorativo.
Só não percebo porque nunca me apoiaram na sua compra, aqui para casa! Eu só solicitei ajuda no transporte, dado que uma coisa que falha na loja Shaolin, é a ausência de estacionamento, mais nada, até pagava eu!!!. Também não percebo porque de repente a aguerrida campanha da poupança de água, que se fazia aqui em casa, amorneceu!!! Coisas que ultrapassam o raciocínio duma simples mortal, temente a Deus!!!
Entrei!
Mal puxei a porta, para mim – sim que a loja do Shaolin, já tem uma porta que obedece às normas de segurança: abre para o exterior e mede 90 cm! Interfere um pouco com a circulação do passeio, mas isso são picuinhices dos arquitectos, e os vasos referidos tem a dupla função de avisar os queridos peões, que se não estão interessados na loja do Shaolin, deverão mudar de passeio. Tudo resolvido!
A propósito de dupla função, o engenhocas do Shaolin, colocou outro objecto exótico sobre a porta, que chocalha com o movimento, e que se trata de um espanta-espíritos e simultaneamente espanta-gamadores discretos.
Aí está!
Objecto simpático que adquiri prontamente.
Passeei-me demoradamente pela loja.
(continua)
Ana d'Or

21 outubro, 2006

Shaolin

Sem nada para fazer, regressada de orar ao Senhor, batendo perna pelas ruas da cidade, num domingo de tarde, decidi fazer uma incursão a uma loja “Shaolin”, uma das muitas que invadem os nossos centros urbanos.
Não é uma Zara, uma Stradivarius, uma Versage ou uma Berska, … mas é inconfundível e digna de registo!
Para já, bem assinalada na frontaria do edifício!
Atendendo a que as montras primam pelo bom gosto e discrição - alguém poderia cometer o engano de se mandar pela pastelaria ao lado, e engolir um pastel de nata sem querer; ou pela escadaria de acesso aos escritórios dos andares superiores esbarrando com algum incauto balancete, e assim não há que enganar… a assinalar o território do Shaolin, temos, suspensos, dois ou mais objectos, dourados, e vermelhos, com esquininhas reviradas para cima, uns dragões e uns berloques pendurados, a dar a dar, conforme a corrente de ar sopra, possibilitando distinguir o vento do suão, dum tufão do Mar da China ou duma corriqueira rabanada de vento tuga, vinda aos rebolões, lá dos Açores.

Atenção que isto é importante, faz a diferença.
Tu sais duma Zara, queres saber de que lado está o vento e tens que recorrer à técnica da lambida no dedo indicador.
É ou não é?
Não tens outra hipótese!
Desconheço as outras funções de tão estranhos objectos, mas que as tem, tem! dado que, já encontrei os ditos, também à entrada de restaurantes, onde o ser humano escolhe o seu repasto, através de uma lógica matemática, à qual não sou sensível… não percebo o lado estético- cientifico que distingue um shop soy de vaca assinalado com um 27, dum shop soy de vaca assinalado com um 38, num outro restaurante.
Entre o shop soy de vaca, de porco ou de lulas….. já eu entendi… fácil! é uma questão de habitat e extremidades… uns têm cornos, outros tentáculos, outros pura e simplesmente vivem num chiqueiro.
Os algarismos, já tentei descodificar,… associando operações daquelas complicadas… some mais 100, subtraia 25, inverta os algarismos,…. Fico naquela de fazer contas de cabeça enquanto chega a banana fá si (será fácil em chinês?), mas nunca chego lá… penso que a numeração terá ligação ao calendário chinês e pronto, não se fala mais nisso!
Já me perdi….
(continua)
Ana d'Or

Nascimento de Jerónimo




20 outubro, 2006

Abra-se o silêncio


Abra-se o silêncio com silêncio
feche-se a torneira da inteligência
façamos um soneto sem letras
mantidas na coerência
da palavra
do pensamento
da ideia
Tudo o resto leva o vento
Blue Ghost

18 outubro, 2006

GREVE

Coitadinha da Sra. Ministra, que não entende uma greve a meio de negociações... eu também não entendo quem avaliou a Sra. Ministra para poder desempenhar funções de Ministra! Mas que negociações?
Quem disse que o actual sistema de avaliação não distingue o bom professor? O presente estatuto contempla essa possibilidade, só nunca deu jeito ao ministério regulamentar essa parte, que possibilita que os professores sejam classificados com excelente, dado que essa classificação permite aos docentes progredir mais rápidamente na carreira. Eu sei do que estou a falar... candidatei-me por duas vezes e continuo à espera duma resposta conclusiva do Ministério da Educação há cerca de 10 anos. Em compensação estou, eu e mais uns milhares de professores, com a progressão congelada. Só com esta ministra!!!

Apesar da crise, Ministério da Educação gasta milhares em publicidade
O Ministério da Educação paga hoje a divulgação, nas páginas centrais de alguns jornais, sob a forma de publicidade, de uma "auto-entrevista" sobre o Estatuto da Carreira Docente que terá custado milhares de "contos" ao erário público.
Este tipo de propaganda é:
1.Ilegítimo, na medida em que se gastam milhares de euros dos contribuintes para propaganda política, enquanto se cortam verbas às escolas e se suprimem direitos, tempo de serviço e expectativas salariais aos docentes, alegadamente por razões de contenção orçamental. Além disso, é inaceitável que o Governo gaste dinheiro em espaços publicitários para divulgar textos que se enquadram, apenas, na mais vil campanha alguma vez movida em Portugal contra os professores e os educadores portugueses.
2.Enganoso, porque os alegados esclarecimentos, prestados sob a forma de respostas, estão eivados de demagogia, de inverdades, de mentiras e de omissões graves. É mentira, por exemplo, que os docentes progridam na carreira pelo mero passar do tempo; também não é verdade que a transição da actual carreira para a que é proposta não se traduzisse em perdas salariais que atingiriam as centenas de milhares de euros; omite-se, por exemplo, que um docente, se adoecer dez dias num ano perderá dois anos de carreira. Mas estas são apenas três de entre as muitas fugas à verdade que constam no texto publicitário do Ministério da Educação.
No entanto, este anúncio que os contribuintes terão pagar à Ministra Lurdes Rodrigues, acaba por ter uma virtude: confirma o que as organizações sindicais têm dito da postura do M.E. ao longo do processo de revisão do Estatuto da Carreira Docente, bem como do conteúdo das suas propostas.

De facto:
- Confirma-se que o ME não olha a meios para atingir os seus objectivos;
- Confirma-se que, nas questões essenciais, o ME não se moveu, um mínimo que fosse, desde o início do processo de revisão;
- Confirma-se que o ME continua a tentar impor uma carreira com duas categorias; vagas para acesso aos escalões de topo, que deixariam a esmagadora maioria dos docentes a meio da carreira, independentemente do seu mérito; quotas para a atribuição das classificações mais elevadas, que seriam a negação do próprio regime de avaliação do desempenho; um exame, sem qualquer sentido pedagógico, para ingresso na carreira; menções qualitativas positivas que se traduziriam em perdas de anos de serviço; entre outras propostas muito negativas.

17 outubro, 2006

16 outubro, 2006

Ópera


Localização - Tenerife, 2003
Uma onda gigantesca que envolve 23.000 m2
Autor: Santiago Calatrava

14 outubro, 2006

Pessoa (pintura Júlio Pomar)

I
Sim, farei...;

e hora a hora passa o dia...
Farei, e dia a dia passa o mês...
E eu, cheio sempre só do que faria,
Vejo que o que faria se não fez,
De mim, mesmo em inútil nostalgia.
Farei, farei...

Anos os meses são
Quando são muitos-anos, toda a vida,
Tudo...
E sempre a mesma sensação
Que qualquer cousa há-de ser conseguida,
E sempre quieto o pé e inerte a mão...
Farei, farei, farei...

Sim, qualquer hora
Talvez me traga o esforço e a vitória,
Mas será só se mos trouxer de fora.
Quis tudo -- a paz, ilusão, a glória...
Que obscuro absurdo a minha alma chora?
II
Farei talvez um dia um poema meu,

Não qualquer cousa que, se eu a analiso,
É só a teia que se em mim teceu
De tanto alheio e anónimo improviso
Que ou a mim ou a eles esqueceu...
Um poema próprio, em que me vá o ser,

Em que eu diga o que sinto e o que sou,
Sem pensar, sem fingir e sem querer,
Como um lugar exacto, o onde estou,
E onde me possam, como sou, me ver.
Ah, mas quem pode ser o que é?

Quem sabe
Ter a alma que tem?
Quem é quem é?
Sombras de nós, só reflectir nos cabe.
Mas reflectir, ramos irreais, o quê?
Talvez só o vento que nos fecha e abre.
III
Sossega, coração! Não desesperes!

Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre o sonho o que só quer não tê-lo!

Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!

O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solene pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Fernando Pessoa
1933
(Novas poesias inéditas)

13 outubro, 2006

A minha doce irmã e o preço do crescimento

A minha irmã era de uma ternura e pureza de deslumbrantes. Chamava-se Ana Cristina, mas todos nós lhe chamávamos a nossa Menina. A sua idade distanciava muito da nossa, de mim e do meu irmão, daí este tratamento carinhoso e emocionalmente elucidativo e bem sugestivo do que sentíamos por ela.
Parece que ainda a vejo no berço, aquela encomendinha intocável, frágil como era nesta sua primeira aparição ao mundo, mas com uns olhos muito belos e cintilantes faiscando de curiosidade e percepcionando tudo à sua volta, com uma lucidez e uma presença surpreendentes.
Vivos, intensamente vivos e reluzentes eram aqueles olhos.
Era assim que nós a víamos e era assim que eu a via.
A nossa Menina!
O seu nascimento mudara totalmente a nossa existência.
Fôra a surpresa. Fôramos preparados, mas mesmo assim fôra tudo inesperado, demasiado inesperado! Fôra um acontecimento único, verdadeiro, intransmissível! Só nosso.
Mais tarde a minha irmã tornou-se para mim, mais que uma irmã, mas uma companheira e uma dedicada amiga sempre ao meu lado e que se preocupava comigo e com o meu bem estar. Este solidário sentimento também o sentia inequivocamente por ela, independentemente dos seus gestos, das suas atitudes e das suas convicções. Compreendia-a e ela parecia compreender-me. Para mim nunca passou dos quinze anos e hoje uma adulta, sinto que tem os mesmos quinze anos.
Nunca a vi cavalgar no tempo, envelhecer, pois, tem a candura e a presença de quinze anos, nem mais nem menos. Apesar de ter crescido e ter-se tornado uma mulher, entre a amargura e a felicidade da vida, ela é a nossa Menina, a minha Menina, a Menina de todos nós!
Relembro a sua infância e a minha infância incontornáveis no tempo, repletas de amor fraternal à luz das transparentes brincadeiras a que nos entregávamos e assumíamos com um porte e uma seriedade infantis.
Recordo um boneco que era dela.
Um boneco que ela amava, idolatrava e se tornara imprescindível junto de
si e para onde quer que fosse.
Recordo o nome que ela lhe pusera. Chamava-seJoni.
Ele fazia parte dos seus sonhos, dos seus projectos, dos seus sentimentos e dos seus constantes pensamentos. O Joni entrara na sua vida, mas entrara com um amor intenso, inseparável. O Joni tornara-se um filho, um anjo que nascera para viver sempre com ela, em todos os seus momentos.
Amava-o.
Embalava-o quando tinha sono.
Alimentava-o quando tinha fome.
Importava-se com ele quando era preciso!
Era tudo para ela!
Nunca me intrigou a presença deste boneco na vida dela. Simplesmente pensei que deveria merecer toda a sua atenção e que deveria ser bom pela dedicação que ela lhe prestava.
Passava horas e horas a fio adorando e mimando o seu protegido, direi mais, o seu filho, o filho a quem todas as mães dedicam atenção e carinho, procurando salvaguardá-lo de todos os perigos. Ainda hoje me parece vê-la ostentando o seu valor precioso, a sua dádiva celestial, o seu imenso tesouro.
E eu compreendia-a e encarava-o com consideração e respeito.
Penso que só ela o sentia verdadeiramente como seu, só o sentia para si, sem admitir interferências de ninguém. Aproximava-se das pessoas, mas encostava-o ternamente contra o seu franzino peito numa atitude de posse total. Afinal ele era dela, só dela e nada mais interessava. Afinal, a magia do amor estava neles os dois, intrinsecamente envolvente, de forma seriamente comprometedora e como só eles sabiam, secretamente, sussurrando segredos entre si, confidências importantes que eram só suas.
Não me surpreendia que o Joni fosse careca, fosse zarolho, fosse maneta ou fosse perneta. Surpreendia-me isso sim, o facto de todos se preocuparem. O Joni, o amor da minha irmã, era tudo isto e ela amava-o, amava-o com toda a ternura e os outros, a opinião dos outros não lhe interessava. Ele era dela! Só dela! Só isso interessava, fosse ele como fosse! Se calhar amava-o por ser assim. Isso nunca ninguém o soube, mas penso que ela também não o diria a ninguém! Entrara na sua vida e era parte integrante dela. Isso chegava! Chegava para a tornar feliz! Imensamente feliz!
Aconteceu um dia. Falaram-lhe de uma pequena cirurgia num hospital famoso de bonecas em Lisboa.
Minha irmã não disse que sim, nem que não.
O Joni melhoraria, ele que não estava doente, mas se era para o bem dele havia que fazer tudo e isso era o mais importante.
Levou-se o Joni para Lisboa para fazer uma espécie de triagem, ver as possibilidades de sucesso da operação. Marcou-se a data e os médicos combinaram o que se iria efectuar no bloco operatório. Minha doce irmã concordou com tudo. Não fez objecções a nada. Ela queria o melhor para ele. Combinaram-se detalhes e marcou-se a hora.
O Joni foi operado.
A intervenção correu mal, ele não resistiu e acabou por sucumbir.Nada havia a fazer!
Minha irmã não chorou uma lágrima, mas sentiu um aperto interior que era só dela, do seu íntimo mais profundo.
Tudo tem o seu fim, mas aquele marcou um capítulo importante na sua vida infantil. A partir daí recusou todos os bonecos. Lindos! Esplendorosos! Bonitos! Normais!
Cresci e ainda agora relembro o seu amado Joni num misto de ternura, carinho, mas também de mistério. Um mistério que permanece e me faz sorrir. Afinal, algo perdurou em mim: a magia do seu encanto, o encanto da minha irmã e dos seus belos pensamentos e sentimentos em relação a tudo isto. Em relação à vida e à morte. Em relação aos afectos e ao encanto da existência, não só nos momentos bons, mas principalmente nos maus momentos.
A amizade e a mais envolvente persistência, que permanece nela e em mim, na sofrida disputa perante a vida, com Joni ou sem Joni. Mas, no fundo com um valor e importância afectiva desmedida!
Pena, 2006

12 outubro, 2006

ZIG ZAG



Há ideias que são de génio!!! Traços simples, gestuais, intuitivos, que encerram uma admirável beleza! Nunca cansa, são eternos - cadeira Zig Zag do arquitecto Rietveld. Esta cadeira rima há imensos anos com o meu estirador!

08 outubro, 2006

Espreitei pela janela

Espreitei pela janela
e não te vi chegar.
Mergulhei na vertigem
de uma razão.
Quanto tempo estive assim?
Dobrada numa cadeira
enquadrada entre a luz ténue,
filtrada pelo acabar de um dia após outro,
e as páginas de um livro?
que não li!
por perder as letras na embriaguês
de uma ausência.
Espreitei pela janela,
vezes sem conta,
e não te vi chegar.
Filigrana

06 outubro, 2006

Uma espera feita de amor

O que te vou contar é uma verdadeira peripécia, digna do meu registo e que procurarei recordar sempre por me parecer cómica.
Desculpa, mas não estou a brincar com coisas sérias.
A perplexidade e o espanto deste episódio é para rir.
Eu e a minha formosa Dani chegamos ao Hospital muito cedo.
Esperamos e esperamos.


Nisto ouviu-se o nome dela através de um altifalante, quase imperceptível, dissimulado numa parede branca muito escondida, por entre o sussurro dos inúmeros utentes doentes.
Iam-lhe espetar o que eles chamam de anzol!
Acompanhei-a até ao local e, sinceramente, não vi ninguém com uma cana de pesca. Pensei, depois de dizer que a amava, que talvez fosse um arpão e que lá dentro existiria água para explorar o seu fundo, repleto de espécies aquáticas! Esperei a minha amada cerca de dez minutos bem contados, sem contar com cinco em que sai para fumar um cigarro, que teimosamente não me larga.
De repente, vislumbrei-a a sair com o mesmo vestuário com que entrara.
Pensei com os meus botões e sossegado, que não fora atacada por nenhum peixe, mas que lhe haviam espetado um arpão na mama.
Afinal ela fora pescada!
Confesso que fiquei um pouco atrapalhado, mas pensei que talvez fosse necessário e não lhe demonstrei a minha inquietação. Íamos agora para o bloco operatório.
Sosseguei-a ternamente, e dirigimo-nos para lá.
Quase entrei com ela para o bloco, se não fosse uma médica mais determinada me informar que não podia passar um risco que marcaram no chão.
Não! Não estou a brincar! Estava lá um risco, se quiseres um segmento de recta com princípio e fim como diz o nosso colega, José!
Ai de quem passasse o segmento de recta!
Se calhar seria logo operado a qualquer coisa!
Depois de lhe dizer que a amava, outra vez, fui para a sala de espera.
Todas as doentes choravam ali, menos a minha amada, corajosa como é.
Lá dentro só diziam piadas. Esqueci-me de um pára-brisas, era o comentário de uma médica!
Disse cá para mim, que aquilo era correcto. Havia que acabar com o choro. Além disso, um pára-brisas para os olhos era bem pensado. Ao mesmo tempo, moí os meus pensamentos e conclui que algo de estranho estava ali a acontecer.
Primeiro um anzol, depois um arpão e, agora, um limpa pára-brisas! Decidi que aquilo não era conversa para mim e, por isso, chegara a hora de fumar outro cigarro.
Saí.
Ainda escutei um silêncio súbito, o que reforçou a minha vontade de fumar. Quando cheguei lá fora, aspirei uma longa fumaça para me recompôr da insólita e algo estranha sensação.
Apetecia-a uma sopa.
A sério, uma sopa e não podia esperar!
Estava a ficar maluco e uma sopa era capaz de me acalmar.
Ganhei coragem e desci ao bloco operatório. Sem pisar o segmento de recta marcado no chão, digno dum traço rigoroso, do nosso competente e amigo José. Deixei o número de telefone e a minha simpatia a um diligente e atencioso enfermeiro que me avisaria logo que ela saísse. E, lá fui comer a sopa!
Quando estava com a sopa à minha frente, mais tarde, o meu telefone tocou e o enfermeiro comunicou-me que podia ir buscar a minha amada.
Haviam passado 45 minutos.
45 minutos!
Não pude acreditar! Apesar de triste por ficar com a sopa a meio, fiquei contente por tudo ter corrido bem e sem problemas com a minha querida amada, naquele estranho hospital.
Quando cheguei, depois de uma corrida como nunca tinha efectuado, digna de um valoroso estafeta de pizas sem moto, olhei-a com a mais profunda ternura e beijei-a.
Senti que naquele instante era capaz de beijar todo o mundo!
Como não podia também beijar o enfermeiro, pedi à Dani que o fizesse e ela fê-lo!
Sem pisar o segmento de recta, digno do nosso prezado José, a minha amada ia sair, mas de cadeira de rodas.
Não gostou e queria ir a pé.
Surgiu uma situação confusa porque a encarregada da cadeira disse que se não o fizesse, ela perderia o emprego. Só sabia fazer aquilo e era o seu ganha pão.
A Dani fez-lhe o favor, porque se tratava de um favor.
Ela sorriu e lá fomos. Implicou comigo por chegar atrasado ao pé da minha amada e disse-me que se fosse o marido dela e lhe fizesse isso, tinha que se haver com ela e levava umas chineladas em casa. Calei-me, não por medo,mas porque me esquecera do carro para levar a minha amada e ela dizia que nunca mais poderia fazer aquilo, porque sem carro seria despedida.
Tremi, sem soluções para a situação dela e para a minha.
A Dani salvou-nos aos dois!
Inventou um carro abandonado e a diligente senhora deixou-nos ir.
Poderia, enfim, regressar à minha sopa, sem segmentos de rectas ou arpões ou anzóis!
A minha amada comeu um queque, um café e, até, fumou um cigarro.
Tudo correra maravilhosamente bem!
A minha apreensão, talvez, não fizesse sentido!

KOMACHI


A investigar...

05 outubro, 2006

OS PROFESSORES ESTÃO EM LUTA

OS PROFESSORES ESTÃO EM LUTA
OS PROFESSORES ESTÃO EM LUTA
OS PROFESSORES ESTÃO EM LUTA
OS PROFESSORES ESTÃO EM LUTA
OS PROFESSORES ESTÃO EM LUTA

04 outubro, 2006

03 outubro, 2006

O que é a vida afinal


O que é a Vida Afinal?...
... uma folha em branco,
que timidamente começamos a rabiscar,
e depois escrevemos com toda a convicção....
... ou não!!!!
Com pausas, com reflexão ou com irreverência,
seguimos sempre o caminho do tempo.
Cabe a nós colori-la,
retirar-lhe a monocromia,
e organizar os grafismos... num poema!
Ana d'Or
editado em www.sanzalangola.com em 11/05/2006

02 outubro, 2006

01 outubro, 2006

BRASIL eleições


Grande confusão!!!! Em quem votar???
Qual a solução para dar a volta a isto? Será que neste mundo civilizado, global, competitivamente liberal, há solução para isto? Os pobres cada vez mais pobres, os ricos, podres de ricos!!!