31 maio, 2023

Tina Turner (1939-2023)


 

Tina Turner (1939-2023)

Sem Tina Turner o mundo está mais pobre. Tina era a personificação da luta da mulher na sociedade. Nasceu pobre, sofreu abusos, descriminação e venceu. Por trás daquela voz poderosa, com pernas de bailarina existia uma personalidade forte e muito sofrida, porém, resiliente.

Nascida como Anna Mae Bullock em Brownsville, Tennessee, nos Estados Unidos, numa família de camponeses ligados às plantações de algodão, desde muito pequena colhia algodão com a sua família. Começou a cantar em adolescente na igreja, foi incluída na banda de Ike Turner, o seu futuro marido e pai dos seus quatro filhos, onde nasceu a interpretação de Tina de uma das músicas mais escutada do mundo “Proud Mary”, do grupo Creedence Clearwater Revival. Suportou a relação abusiva, sofrendo de violência doméstica durante 20 anos, com um homem violento e abusador, que nunca a fez feliz, até que em 1976, eliminou essa relação tóxica e entregou-se totalmente ao mundo da música, convertendo-se rapidamente em sucesso mundial.

Parecia sempre alegre, emotiva, divertida e calorosa, com uma capacidade interpretativa incrível, capaz de seduzir quem a ouvisse cantar e de nos cativar por décadas.

A primeira versão de “Proud Mary”, com Ike, é a minha preferida, porém, funciona sempre como um alerta: nem tudo o que é brilha é ouro, nem tudo o que parece, é… quem imaginaria que por trás daquele dueto tão integrado, tão funcional, tão belo, residia uma relação afectiva degradante, com violência física e emocional?

“(…) If you come down to the river

Bet you gonna find some people who live

You don't have to worry 'cause you have no money

People on the river are happy to give(…)”

Todos lhe atribuímos a designação de Rainha do Rock and Roll, não só porque as suas músicas são impactantes, mas também porque em cima do palco, a sua energia tornava-se contagiante e emergia um espectáculo grandioso e inesquecível. Fez duetos memoráveis, com Mick Jagger, David Bowie, Eros Rammazotti, Beyoncé, Cher, Elton John, Rod Stewart, Bryan Adams e Chuck Berry.

Em 1988 entrou para o Guiness Book, com o espectáculo pago, de uma só cantora, com o maior número de público. A artista reuniu 182 mil pessoas no Maracanã, no Rio de Janeiro para ver a sua apresentação. Talvez hoje, estes números já tenham sido ultrapassados, mesmo assim é algo fabuloso a considerar. Vendeu cerca de 180 milhões de discos no mundo.

Tina tinha uma rival, a rainha do “soul”, Aretha Franklin, os media alimentaram essa rivalidade, explorando até o sofrimento de Tina com a traição do marido, numa série de situações nunca comprovadas, porém, Tina Turner soube acompanhar a evolução dos tempos e do rock and roll, agradando a várias gerações com músicas inesquecíveis e criando até um estilo físico mutante em cada década, uma personagem bem estudada pelos estilistas e designers.

Tina é uma fonte de inspiração para todo o mundo, especialmente para as mulheres. Obrigada Tina.

Publicado em NVR 31|05|2023

29 maio, 2023

24 maio, 2023

22 maio, 2023

Abraço o maio


 

Abraço o maio

Como se fosse hoje,

Abraço o maio

como se fosses tu,

Abraço o maio

Como papoilas eternas,

Abraço o maio

Com tintas e carvão,

Abraço o maio

Com letra que já não vejo,

Abraço o maio

Com um beijo.

AQ

21 maio, 2023

Camden town

Camden Town é um prazer regressar. A rua principal já está toda diferente. Aqui, a publicidade é a sério. Decepcionada, na primeira vez, com a sujeira que observei em certos espaços para comer, agora muita coisa foi renovada. É aqui que encontras algumas manifestações  artísticas de vanguarda. Grande concentração de punks, alternativos e tudo o reto que se possa imaginar. Londres sem isto, ficaria um pouco smog.  Voltarei sempre.
Diário de viagem (maio 2019)











 

CHICO finalmente


 Antecipando...

avaliação
Casa cheia de saudosistas numa grande sala, ícone da cidade do Porto.
Comprei bilhete em dezembro de 2022 onde dizia: CHICO BUARQUE Que tal um samba?
Eu ansiosa pelo momento.
Afinal o que aconteceu?
1 - Metade do espectáculo decorreu com a cantora brasileira Mónica Salmaso como convidada, que nunca me levaria até ao Palácio de Cristal.
2 - A voz do Chico continua linda.
3 - A voz do Chico mal se ouvia, abafada pelos músicos.
4 - Os técnicos do som não souberam gerir o som naquele espaço, e não perceberam que aquele espaço vazio, não é igual a cheio de público. A isso chama-se acertar a acústica.
5 – Tudo aplaudiu pelo Chico e não o espectáculo.
55 € que desapareceram. Senti-me defraudada – a não repetir.

Salvou-se a noite na Alfandega com ....VER AQUI


IVETTE SANGALO

20 maio, 2023

Há momentos

Há momentos que ficarão eternamente em mim, pelo lugar, pela companhia, pela circunstância. por ser mesmo assim e não de outra maneira. Tudo se conjuga entre a tranquilidade e o lazer. Percebes quem és e tens uma "passadeira vermelha" à tua espera. Grata para sempre. 







16 maio, 2023

VISITAR CIDADES



 Visitar cidades 

Perguntam-me o que gosto de ver nas cidades e como as visito.

Gosto de estudar cidades, daí, ver é essencial, e para isso, tenho que obrigatoriamente viajar.

Quando chego a uma cidade, localizo o Norte, um rio, o mar, ou outro elemento importante, e o Sol, para me orientar facilmente e só recorrer a mapas e GPS, quando estou muito baralhada.

Se tenho pouco tempo, apenas visito exteriores, por vezes são 12 horas seguidas a caminhar e a fotografar. Se tenho mais tempo, programo, e faço as minhas escolhas; para além daquilo que todo o turista vê, igrejas e museus, gosto de visitar teatros, mercados, bibliotecas, livrarias, termas, ferro-velhos, bairros antigos, portos e obviamente aqueles edifícios icónicos, que fazem parte da história da arquitectura e que por vezes estão classificados.

Facilmente crio em permanência uma visão aérea sobre a cidade, apelando ao meu raciocínio abstracto e tento visualizar a evolução histórica da mesma e o seu desenho urbano, evocando todo o conhecimento que possuo; requer treino e conhecer a sua planta. Sou sensível ao traçado das ruas, às suas dimensões, às isometrias urbanas que emanam da geometria e da matemática, e considero as suas causas invisíveis. Nos edifícios facilmente adivinho que compartimentos estão atrás de janelas e portas. Reparo e registo, aquilo que é único. Por vezes faço itinerários racionais, outras, absurdos. Às vezes quero perder-me propositadamente, deixar-me levar apenas pela visão, se não entender o nome das ruas, melhor, e depois regressar de táxi ao ponto de partida (Praga e Riga). Tento perceber a cidade que cada uma oculta e questiono-me se mereço entrar nesse fenómeno, que é um núcleo populacional, com uma carga histórica única e sempre transformadora.

A máquina fotográfica é um recurso óptimo de registo, porque o nosso cérebro rapidamente satura e deixa de memorizar. É raro alinhar em visitas guiadas e utilizar audiofones. Leio rapidamente algumas orientações e depois é a memória arquitectónica a funcionar, a articular conhecimento e a seleccionar, não perdendo tempo com o que considero acessório. Nas ruas, fotografo, especialmente, reflexos, para alimentar o meu projecto “Arte de iludir” e inspiro-me nestas imagens, em certos projectos pictóricos, e de poesia visual. Registo elementos urbanos pitorescos – caixas do correio, fenestrações, clarabóias, reclames, cata-ventos, relógios, tampas de esgoto – revestimentos, texturas únicas, e em todo lado, me aparece uma noiva, ou um músico que aceitam ser fotografados. Também fotografo os nomes das ruas, para melhor identificar as fotos. Por vezes utilizo a função “olho de peixe”, para posteriormente me divertir, e os 7 disparos automáticos com focagens diferentes (fotos criativas). Uso sempre uma máquina fotográfica pequena, devido ao peso e que caiba no bolso, e já tenho tanto treino, que fotografo em andamento, e em qualquer situação, estico o braço e tudo fica alinhado. No final do dia, revejo fotos e escrevo o meu diário. Antes e depois das viagens realizo os estudos daquilo que me interessa ver ou que já vi.

Quando viajo, se quem me acompanha está em sintonia, não me considero em férias, mesmo estando-o; estou a ampliar conhecimento, trocando facilmente o almoço num restaurante por uma sanduíche, para não perder horas de luz, deitando tarde e acordando cedo para rentabilizar todos os momentos. Se viajo com pessoas que não têm os mesmos interesses, tenho que fazer algumas cedências, nem sempre fáceis, apelando para o meu lado tolerante.

Agora uso também o telemóvel, para escrever referências que me irão ajudar posteriormente ou, para escrever o que sinto em certos lugares que me sensibilizam. Posso fazer um poema, ou uma frase com algo que vi ou ouvi.

Viajo algumas vezes sozinha, e por vezes recorro a agências que organizam viagens em grupo. Nesse caso, submeto-me inteiramente ao programa proposto, e aproveito o conforto da viagem, sem preocupações sobre nada. Também tem o seu lado bom, mas estou sempre de olho nas cidades ou aglomerados urbanos, fazendo as minhas conexões mentais que não são óbvias, nem visíveis.

As cidades são organismos vivos, que se desenvolvem de uma forma nem sempre científica, mas atendem a tantos parâmetros que me apaixonam, nomeadamente ser uma manifestação colectiva e profundamente ligada à sociedade. Não há duas cidades iguais, porque as populações não são iguais, os sítios também não são iguais, porém o tempo e a história podem criar uma linha de união para a sua análise e entendimento. Gosto de apreciar como as pessoas vivem a sua cidade, às vezes invejo-as, outras compadeço-me delas. Por vezes sento-me num café e tento ouvir sem atribuir significado ao que dizem, fixando a amálgama de sons daí resultante. Essa é uma memória auditiva que associo àquela cidade. Por vezes há odores que também identifico a certos espaços. O cheiro agradável de um acesso à Plaça Reial, que liga à Rambla, em Barcelona é um deles; é inconfundível o cheiro a chás e infusões. O cheiro putrefacto de alguns canais de Veneza é outro, a Rua Entreparedes no Porto, antigamente, cheirava a bolachas, e algumas ruas de Plaka em Atenas reina a menta. Só falta falar da luz e da cor. Para os fotógrafos profissionais são essenciais. Não sou esquisita, desde que não chova, tudo serve, mas sempre sem flash. Chover é que não!   

Gostar de cidades é cultivar memórias, descodificar símbolos, formular teorias, edificar novos olhares sobre o mundo, é compreender a mudança, unir virtudes a defeitos, é repovoar a nossa geografia com novas formas, novas estéticas e novos desafios. É sorrir.     

Publicado em NVR 16|05|2023

14 maio, 2023

VIDRO MURANO

 Esta etiqueta destacará o mundo do vidro com origem em Murano.

Visitei o museu nesta ilha. Sobre as peças tenho uma perspectiva critica, adoro algumas peças e sou indiferente a outras. Aquelas peças mimimi.... acho-as pirosecas.








Ilha dos Judeus



Hilton CleanStay - Giudecca de Veneza ilha dos Judeus

Antiga fábrica de farinha.











IGREJA DO REDENTOR

A história disputada de Giudecca começa com o seu nome. O seu nome não vem de antigos habitantes judeus (uma palavra italiana para judeus também é Giudei), mas de uma palavra veneziana "zudega" que significa "o julgado", referindo-se a famílias aristocráticas rebeldes banidas aqui durante o século IX. Nos últimos anos, os grandes espaços abandonados atraíram um novo conjunto de exilados: os artistas. 

Um dos edifícios mais bonitos da ilha de Giudecca é a Igreja do Redentor, construída no século XVI em um projeto de Palladio: um monumento religioso criado como agradecimento pelo fim da terrível praga que devastou Veneza em 1576, causando a morte de um terço da população.

No seu interior, obras de Jacopo Tintoretto, Vivarini e Paolo Veronese

11 maio, 2023

Geometrik XXI


 A mesma obra - efeito de pintura em fundo transparente.

10 maio, 2023

Com Germano Almeida

 


Com Germano Almeida

Germano Almeida, escritor cabo-verdiano, esteve aqui no Reino Maravilhoso, e tive oportunidade de o conhecer, organizar e assistir a um encontro com alunos, e no final, trocar conversa solta e livre sobre alguns temas e ideias com os quais me identifico totalmente.

As suas palavras favoritas são “Muito bem”, porém, certamente as palavras que mais ouve, serão, “como é alto”. De facto, é impossível vê-lo pela primeira vez e não dizer isso espontaneamente. Dei-lhe um beijo e tive que me elevar, em bicos de pés, para chegar à sua face e obviamente o primeiro comentário foi: - Ui, como é alto!

Tomei notas, durante o encontro com os alunos, o foco foi a leitura e a escrita, que tentarei aqui partilhar: Não se considera um escritor e sim um contador de estórias - não escreve em crioulo – a origem do seu pseudónimo Romualdo Cruz, que já não utiliza – opinião sobre Saramago e Torga – os seus escritores preferidos, Jorge Amado, Eça de Queirós e Gabriel Garcia Márquez – o prazer de reler “100 anos de solidão” e “Outono do patriarca” – lê em suporte digital, porém, prefere o papel - comentários sobre três dos seus livros, “O testamento do senhor Napumoceno da Silva Araujo”, ”Os dois irmãos”, “O meu poeta” – o seu melhor livro é sempre aquele que está a escrever – conselhos para quem quer começar a escrever: ler muito e investir tempo… - referências a Herodoto, Stalin, Corin Tellado, Civilização Editora, Napoleão,…

A propósito das estórias contadas e recontadas ao final do dia, durante a sua infância e juventude, hábito que se perdeu com a televisão e agora com os dispositivos digitais, mencionou-se a Semana do Bem-estar digital, onde a comunidade poderá aceitar o desafio de ponderar sobre o que ganha e o que perde com os dispositivos digitais, e as mudanças necessárias para contrariar a desumanização e o isolamento.

Quanto a ele não há leituras supérfluas, nem livros inúteis. Referiu com ironia que até as bulas dos medicamentos são para ler. Incapaz de deitar fora os seus livros, explicou porque deixou de fazer sublinhados. Considera que tudo que sublinhamos ou anotamos num livro, revela a nossa autêntica personalidade. Somos nós os verdadeiros e autênticos, sem truques e sem filtros. Comparei à pegada digital, a minha que é enorme, e evoquei uma grande amiga que possui uma grande biblioteca, com todos os seus livros rabiscados e por isso, não os empresta a ninguém. Esta análise é perfeitamente verdadeira. Diz-me o que lês e o que sublinhas, e dir-te-ei quem és. Salientou o encontro entre escritores, ao qual nunca recusa a oportunidade de saber e aprender mais com os outros.

Falou-se da catarse que proporciona o exercício da escrita. A escrita possibilita e facilita a exteriorização de tudo o que habita em nós. Será a escrita uma terapia? A escrita substitui possíveis ouvintes, substitui um possível psiquiatra, despreocupada com a hipótese de publicar ou não, partilha, venda… apenas focando o acto de escrever, e escrever como falamos, sem grandes preocupações literárias, possibilita que a corrente flua e a criatividade se manifeste facilmente. O desenho antecipado de temas e personagens, depois, ganham vida e destino; essa amálgama de informação presente no acto da escrita, somos nós, o nosso interior, a nossa identidade, a nossa experiência de vida, aquilo que lemos e aprendemos e que irá definir a narrativa, as estórias, mediante um processo de auto-avaliação constante, transformado em pensamento e em escrita. A não publicação de algo que se escreve é assunto menor, perante este processo tão rico e complexo.

Obrigada Germano.

Publicado em NVR 10|05|2023

09 maio, 2023

Mosteiro de Bravães / Igreja de Bravães

Portugal, Viana do Castelo, Ponte da Barca, Bravães 

Arquitectura religiosa românica. O portal é talvez o melhor exemplo de um portal retábulo, "porta da salvação" ou "porta do céu". Labor escultórico minuciosamente talhado com motivos vegetais e animais. Para além dos elementos vegetalistas e geométricos, é notório uma certa preocupação catequista, elucidando os fiéis sobre as virtudes e os vícios. Os capitéis têm temas tradicionais  e o tímpano é 1 dos 4 do Alto Minho onde surge o tema do Cristo em Magestade, em mandorla. Como outras igrejas do Norte, este pórtico tem duplo tímpano tendo o do interior decoração semelhante ao da fachada N., onde as folhas da arquivolta se repetem no arco triunfal e suporte. O Agnus Dei do tímpano S. é também um tema muito frequente.

Os altares barrocos foram desmantelados para exibir o românico puro e foram descobertos vários frescos do século XIV que, infelizmente, foram transladados para o museu Alberto Sampaio em Guimarães.