30 abril, 2012

Este rio


"Há correntes que nos arrastam, que nos afastam, que nos unem, mas que nos envolvem no redemoinho da vida . Águas que por vezes são mansas, que por vezes se mostram violentas, mas não adianta fugir delas, ignorá-las ou até nadar contra a corrente. Sentei-me na margem de mim, fingindo ignorar-te(me)(nos) durante décadas. Pura ilusão porque este rio somos nós."

In “Não escrevo em moleskines, escrevo no verso das contas do supermercado”

25 abril, 2012

Festejo Abril sem cravo na mão


Desta vez não escrevo no verso das contas do supermercado, escrevo sobre guardanapos de papel, sentada numa mesa de um café qualquer.
……
Percorri vários sítios da cidade invicta, incógnita e sem pressa. Deambulei por esta cidade que me acolheu como sua num ventre quase materno, ao fim de uma manhã, a meio da semana. Passei por sítios carismáticos e de referência na minha vida e na vida de outros. Vivi por aqui alguns momentos marcantes da história desta cidade e participei neles. Parei nas praças e nas esquinas para lhe sentir o bater do coração, mastigar imagens recordadas e cheirar o casco urbano,  como se cheiram os seres vivos, procurando as semelhanças e as diferenças que sempre se reflectem como um eco produzido no desfiladeiro que somos nós.
Não encontrei ninguém a vender cravos nas ruas, apesar do dia.
Perguntei.
- Estão muito caros!!!
Senti as pessoas tristes e conformadas com as suas rotinas realizadas àquela hora, embrulhadas por um dia “ chocho”, enublado de cinzento onde por vezes brilhava o sol. 
As pessoas… umas estão sem emprego, sem dinheiro e outras possuem como esperança mórbida deixar de os ter a curto prazo. Todos terão alguém na família a sofrer de desemprego. Lê-se-lhes no rosto a sua realidade, transparentes de preocupação, sem qualquer desenho de sonhos no seu horizonte. É isso que mais me toca: rostos sem sonhos, sem projectos de futuro. Os seus olhos caminham vazios e as suas almas recolhem-se no silêncio que já dura há meses- olhares de retinas escancaradas para a escuridão desta sociedade em decadência, feita numa escala progressiva de desigualdades sociais, incapaz de definir com rigor os responsáveis por esta desgraceira nacional.
Que país desgovernado, este!
Cidadãos deste país desgovernado que entram pela porta grande da miséria, da fome e da doença!
Festejo Abril sem cravo na mão! e sem sonhos também… guardei o cravo no coração, sempre vermelho, na esperança de voltar a erguer-lo no ar empunhado pela minha mão.
Cumpriu-se a descolonização através de caminhos amargos para muitos.
Experimentaram-se algumas vertentes da democracia, através de um rumo que chegou aqui, neste beco que parece sem saída.
Ignorou-se o desenvolvimento.

O que fizemos nós com a revolução dos cravos?!!!!!

In “Não escrevo em Moleskines, escrevo no verso das contas do supermercado" - 24 de Abril de 2012

19 abril, 2012










Fotos cedidas por Zita Soares, tiradas na sua visita ao liceu Guiomar de Lencastre conhecido por liceu feminino e actualmente liceu Nginga Mbande.

14 abril, 2012

Não escrevo


“Há sempre um mundo que não é meu e que eu invejo, porque nunca terei oportunidade de o viver. Um mundo que me chega através de diversos canais, que me provoca em diferentes momentos que já plantou em mim tantos momentos de nostalgia, tantos momentos de nós de garganta. Um mundo que se confronta comigo, lembrando o que nunca vivi. Molham-se-me os olhos aos visualizar imagens que não são minhas e nunca as viverei. Não é um mundo do outro mundo, mas um mundo que para mim está infinitamente longe. É um mundo simples, mas distante, que se transforma em mar, ou em areia, ou apenas numa mão estendida para mim”.


In “Não escrevo em Moleskines, escrevo no verso das contas do supermercado”

12 abril, 2012

Lennon e Che



O photoshop e a democratização das ferramentas web por vezes dão coisas admiráveis.

O romance do ponto e da linha

11 abril, 2012

Eterna e terna procura

Aquilo que rabisco quando estou distraída é com uma caneta na mão. Tem que ser uma caneta, lápis já não dá. Vou rabiscando... começo sempre a rabiscar o olhar e o resto flui. Há dezenas de cadernos assim, desenhos misturados com apontamentos, com atas com relatórios.... uma terna procura que se vai tornando eterna.
Eterna e eterna procura é um canal de evasão para dentro de mim. Procura, sossega, exalta, revela o mais escondido, descobre extratos de um inconsciente construidos na sombra e em outras dimensões.

05 abril, 2012

4º Enconto de Jazz Acrolat'in



Mais uma vez com Laurent Filipe e José Meneses. Foi um grande espectáculo. Estão todos de parabéns.
Vitinho admiro o teu empenho ao longo destes anos, és o grande pilar desta orquestra. Beijinho.