25 outubro, 2023

ISRAEL-PALESTINA

 

ISRAEL-PALESTINA


 

O conflito Israel-Palestina poderá converter a guerra da Ucrânia em brincadeirinha de crianças.

Criou-se a maior barafunda no Médio Oriente, e no resto do mundo, poucos sabem de que lado estão. Continuamos a alimentar guerras em vez de alimentar a paz e contrariar a miséria e fome dos países pobres.

3.000 anos de conflitos que culminam em imagens que transmitem no tik tok, cada qual com a sua narrativa confundindo cada vez mais a tonalidade da verdade e da razão, não se tendo a certeza quem são os maus e quem são os bons. Já me perdi em número de mortos, em objectivos, estratégias, múltipla informação que se afoga, em mortes sucessivas e ódios. A única ideia que me fica, é mortandade. Terror.  Mortandade perigosa que pode colocar o mundo em estado de sítio, sem linhas vermelhas, sem limites, porque estes já foram ultrapassados por todos, não se entendendo como se pode sair desta barbárie.

Para mim, recordando as palavras de Mia Couto, “só há duas nações, as dos vivos e a dos mortos” e eu opto sempre pela nação dos vivos, porque a outra virá com toda a certeza, depois.

A brutalidade segue contínua e cega, ninguém sabe como isto irá prosseguir e como vai terminar, se é que algum dia chegará ao fim. Apresenta-se uma complexidade que pode representar a destruição das fronteiras do ódio em todo o mundo. O que se pretende com um crescendo de radicalização? Que se exterminem mutuamente e nós a olhar? Essa não pode ser a saída, porque seria o fim da Humanidade.

Penso nos mortos, penso nos vivos e num estado cambaleante onde se encontram os reféns. Penso nas crianças. Penso nos hospitais, o sangue é todo da mesma cor e o pânico não escolhe lados. Penso também nos “eternos prisioneiros da Faixa de Gaza”.

A minha imaginação sobre o terror, está no limite e detesto quando ela se amplia através da observação de certas imagens. Tenho evitado ver vídeos para conseguir manter alguma racionalidade perfeitamente consciente de que ontem é diferente de hoje, e o hoje é diferente do amanhã. A raiva e a vingança são conceitos que não podem existir na procura da paz. Tenho evitado conversas. Não me agrada falar deste assunto. Incomoda-me não ter lado, e constatar que alguém tenha, porque esse é o lado do ódio e da vingança, sem qualquer lógica argumentativa.

Estamos a querer avaliar um problema que se perde no tempo, com reforço evidente, e até certo ponto, provocatório, na 2ª guerra mundial e apesar de todos lamentarmos muito a perseguição aos judeus e o holocausto, também entendo que os palestinianos foram escorraçados dos seus territórios quando a recém-formada ONU decidiu que ali nasceria Israel, sem o acordo dos palestinianos. Supõe-se que até 1948, mais de 500 vilas e cidades palestinianas foram destruídas, e mais de 15 mil palestinianos foram mortos. Em 1948, 78% do território da Palestina foi ocupado pelos judeus, e os 22% foram divididos entre o que hoje são a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. 750 mil pessoas foram forçadas a deixar as suas casas.

Decorridos 75 anos, querer ficar de um lado é absurdo, porque isto é uma bolha feita de muitas Histórias, com todas as abordagens traduzidas em fracasso, sangue, mortos, violência, opressão, sofrimento, injustiça e ódios.  

Publicado em NVR, 25 | 10 | 2923

 

 

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