27 abril, 2007

AGBAR, um










Não gosto de viver em torres, arranha céus, mas dá-me um certo gozo desenhá-las. São as contradições de um profissional da arquitectura!
Viver lá, implica sofrer as fobias dos elevadores, das escadas, das saídas de emergência, implica cruzar com centenas de vizinhos que se desconhecem, implica viver na vertical, sanduichado em ruídos mal isolados que nos assaltam durante a noite e o dia, sem ligações directas ao exterior, blá, blá, blá… mas desenhar uma torre, é um exercício mental muito motivante. É como conceber um frasco de perfume! … com delicadeza, dedicação, sensibilidade, utilizando a manipulação e a sabedoria dum joalheiro.

É um exercício complicado também, pois existem imensas condicionantes que têm de ser ultrapassadas para além da estrutura e da forma arquitectónica.
Depois de criada a forma global imaginada pelo arquitecto, passa-se à fase, que eu chamo muita vez de, “relojoeiro” , que envolve o desenvolvimento de uma estrutura organizacional que satisfaça imensos parâmetros: acessibilidades, segurança, rede de agua e esgotos, rede eléctrica, aquecimento, arrefecimento, ventilações, iluminação natural.
Todo este puzzle, deverá ser criativo e estar em constante referenciação com a ideia original, com as funções principais do edifício e se possível vincar, assentuar ainda mais, toda a intencionalidade da solução arquitectónica. Ter sempre presente o essencial, mas nunca esquecer o secundário, o pormenor, viajar constantemente entre diversas escalas e diferentes problemáticas, não esquecendo nunca o utente, e optando sempre pelas soluções mais simples, desligando continuamente os descomplicómetros e desenvolvendo uma elasticidade mental, que acaba por dar imenso prazer.
(cont)

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu também não gostaria de viver numa torre ou num arranha-céus.
Sentir-me-ia mal, lá no alto.
É certo, que estaria mais perto do céu, do Firmamento e do Espaço, mas isso, são coisas só minhas que não servem, nem interessam a ninguém.
Pronto. Não gostaria.
Planar numa torre, feita habitação, deverá ser agradável ao olhar e aos sentidos, para quem gosta do risco de um dia, sem contar, vir parar cá baixo. Gosto de me sentir bem terreno, com os pés bem assentes na terra. Sinto-me mais seguro!
Sim! Para os arquitectos deve ser uma tarefa fascinante, mas eu sinto-me melhor como estou, aqui, no meu cantinho perto do chão.
Bem elaborado o texto.
Com estima.
Beijos.
pena

João Carlos Carranca disse...

Torres e torres erguendo.....
Mas que há torres que dão bonitas fotos não tenhamos dúvida