Janelas abertas nº2
Sim, eu poderia abrir as portas que dão pra dentro
Percorrer correndo, corredores em silêncio
Perder as paredes aparentes do edifício
Penetrar no labirinto
Um labirinto de labirintos dentro do apartamento
Sim, eu poderia procurar por dentro a casa
Cruzar uma por uma as sete portas, as sete moradas
Na sala receber o beijo frio em minha boca
Beijo de uma deusa morta
Deus morto, fêmea língua gelada, língua gelada como nada
Sim, eu poderia em cada quarto rever a mobília
Em cada um matar um membro da família
Até que a plenitude e a morte coincidissem um dia
O que aconteceria de qualquer jeito
Mas eu prefiro abrir as janelas
Pra que entrem todos os insetos
Bethânia e Caetano
1 comentário:
Li com atenção o poema que desconhecia.
Senti-me gelar. O que vejo?
O desespero, a angústia, o abandono.
A perfeição humana assemelha-se a Deus porque o desconhecemos. Quando amamos, nos tornamos solidários, somos bons e silenciosos nos actos com as pessoas, embora não sejamos perfeitos, assemelhamo-nos a Deus. Hoje, disse isto a uma aluna minha pelo telefone. Não sei, mas pareceu-me interessada, apesar de não perceber onde queria chegar. Próximo dos Deuses, só os Deuses. E, esses são inexistentes no nosso convívio na Terra. Eu, pelo menos nunca vi nenhum. A perfeição? A perfeição também não existe. Podemos aproximarmo-nos, mas ser Deus nunca.
Tavez a plenitude e a morte se assemelhem, ao mesmo tempo que coincidem.
Mas, aí é fim.
Nada há mais a fazer!
Beijos. Adoro ler-te, acredita.
Pena.
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