QUANTOS SEREMOS?
Não sei quantos seremos,
mas que importa?!
Um só que fosse,
e já valia a pena
Aqui, no mundo,
alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto,
esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Miguel Torga
1 comentário:
Simpática Amiga Anabela:
Sim! Brilhante Miguel Torga.
Quantas verdades inequívocas.
A inoperância dos que agem sem sensatez, sobriedade e bom senso.
O resto, como ele diz, custa a prestar para alguma coisa.
Excelente poema decorado por um pensamento com talento e fascínio que registo.
Sublime!
Beijinhos amigos de estima e respeito
pena
Uma verdadeira comédia desumana!
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