13 março, 2008

Esta comédia desumana


QUANTOS SEREMOS?

Não sei quantos seremos,

mas que importa?!

Um só que fosse,

e já valia a pena

Aqui, no mundo,

alguém que se condena

A não ser conivente

Na farsa do presente

Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,

Nem talvez a mais certa,

A da partida.

Mas podemos fazer a descoberta

Do que presta

E não presta

Nesta vida.

E o que não presta é isto,

esta mentira

Quotidiana.

Esta comédia desumana

E triste,

Que cobre de soturna maldição

A própria indignação

Que lhe resiste.

Miguel Torga

1 comentário:

Pena disse...

Simpática Amiga Anabela:
Sim! Brilhante Miguel Torga.
Quantas verdades inequívocas.
A inoperância dos que agem sem sensatez, sobriedade e bom senso.
O resto, como ele diz, custa a prestar para alguma coisa.
Excelente poema decorado por um pensamento com talento e fascínio que registo.
Sublime!
Beijinhos amigos de estima e respeito

pena

Uma verdadeira comédia desumana!