19 março, 2008

Olá Pai!



Olá pai!
Hoje apetecia-me conversar contigo.
Apetecia-me conversar até à espiral do tempo contrariar os ponteiros dos relógios, e saciar a fome da alma dos mimos paternais, inegualáveis a coisa nenhuma.
Apetecia-me hoje, ontem, muitos dias atrás.
Apetecia-me tocar-te à campainha, e ser convidada a tomar o pequeno-almoço contigo.
Apetecia-me ouvir-te naquelas conversas sem rumo definido, que começavam por trivialidades, como a manteiga com que barrava o pão e terminavam milhares de quilómetros a sul.
Tinhas sempre muito para conversar, para me contares.
Não te incomodava que eu desempenhasse apenas o papel de mera ouvinte. A mim também não me incomodava presenciar e escutar as tuas estórias de vida. Fazia-o com admiração e ia registando alguma informação na memória, pois tinha a percepção que essas também eram as minhas estórias: estórias que se herdam como património familiar, como legado genético feito por palavras que ilustram situações unicas.
Sonho contigo mas raramente oiço as tuas palavras.
Não terás nada para me dizer?
Hoje apetecia-me falar contigo e ultrapassar as barreiras do infinito e do incomensurável.
Hoje seria um dos dias certos!
A.Q.

3 comentários:

Anónimo disse...

Uma belo texto de saudade.
Bj

Pena disse...

Linda Amiga Anabela:
Um texto sensível, doce e comovente.
Deixou-me de rastos ao lê-lo, pela beleza, ternura e carinho.
Mereces o Mundo. Um mundo imensamente belo, lindo e repleto de ternura e encanto.
Fabuloso e genial.
Parabéns! O teu Pai, o teu ENORME PAI, registou a GRANDIOSIDADE de uma filha adorável, esteja omde estiver, acredita?
Abraço comovido de amizade e GIGANTE estima

pena

Anónimo disse...

ainda sonhei com ele a semana passada (não com o meu, mas com o teu)..... teremos tido nós o mesmo sonho?

sonho muitas vezes... esporadicamente

bjinhos