13 abril, 2008

Ensaio sobre o belo


Reflectir sobre o belo é um exercício que nos faz bem à alma, essa parte de nós, incomensurável, que todos temos; desconhecemos se será eterna ou não, mas sabemos que se alimenta também daquilo que é belo, dado que a sensibiliza pela positiva.
Por mais teorias que se construam, e existem muitas, tratados até, versando o belo, o perfeito, o estético, o ideal, a verdade,... pensar no mais belo, leva-nos invariavelmente aos caminhos da vida e aos truques de ludibriar a morte.
Assim, o mais belo será o nascimento dos nossos filhos, ou a possibilidade de salvar alguém da morte - essa é a beleza extrema que está ao nosso alcance.
O nascimento dos nossos filhos, temos a possibilidade de o experimentar algumas vezes, uma, duas, três, e reviver esse facto ao longo da vida.
Salvar alguém, trocar as voltas à morte, é algo de supremo, que só o podem experimentar, alguns privilegiados. Alguns fazem disso profissão, para eles a minha incondicional admiração.
Depois temos o belo, num segundo patamar, mais abrangente, variantes de menoridade do belo, como o gracioso, o lindo, o encantador, o bonito, uma segunda escolha que realizamos na interacção com a nossa existência, mas que nos beija a alma também. O belo pode ser formal, ter limites, contornos, cor, textura, expressão, estrutura... ter peso, massa, medidas. Podemos vê-lo, através do olhar... podemos senti-lo através dos outros sentidos também. O belo também se pode assumir ausente de uma forma concreta, possuindo expressão emocional, mas rapidamente se coloca no tal patamar de excelência, capaz de despertar harmonia e a sensação de prazer, subjectiva e desinteressada.
Avaliar o que é belo é traçar caminhos sem consensos, pois as opções, as escolhas são actos subjectivos, resultam da sensibilidade de cada um, da sua identidade pessoal, da forma como cada um recebe os estímulos exteriores e os reconstrói na malha dos seus conhecimentos e emoções, sempre diferente de individuo para individuo.
O belo nem sempre é o razoável, o conhecido, o determinado, o habitual, o concreto, o explicável, o previsível... ... o belo pode ocupar um espaço e um tempo ideal, localizado mais á frente do vulgar e do comum, e nada ter a ver com a dialéctica entre a verdade e a mentira, entendidas num dado momento, com o certo e o errado, a eterna dicotomia, e mais uma vez, com o bem e o mal.... o que é belo hoje, pode não o ser amanhã, o que é feio para uns, pode ser espectacular para outros.
O belo resulta de uma reflexão subjectiva, contemplativa, que não interfere com as qualidades reais daquilo que se avalia, mas sim como o próprio sujeito que realiza essa avaliação e se sensibiliza.
O belo mais do que supremo, inatingível, elevado ao mais alto grau será o sublime; aquilo que a imaginação não consegue abarcar, dada a sua dimensão infinita, intemporal, de grandeza ilimitada: o próprio universo, englobando o infinitoinvisivelmente pequeno e infinitodesmesuradamente grandioso.
Publicado em www.sanzalangola.com em 1/09/06

3 comentários:

Jobove - Reus disse...

o belo é ter-te a ti como amiga e tambien há beleza no que escreves beijos e obrigado

Lídia Craveiro disse...

Belo é criar, dar á luz, e tudo o que disseste com tanta clareza e verdade...obrigado pelas tuas palavras que deixaste no comentário. Não deixes de criar, já bisbilhotei as tuas obras de arquitectura e gostei. Abraço. Lidia.

Pena disse...

Simpática Amiga Anabela:
Belo ensaio sobre o belo.
As palavras deste profundo sentimento são plenas de subjectividade e bom senso.
Requintadissímos pormenores que registo.
O belo?
São todas as pessoas porque são Seres Humanos que acreditam na vida, na morte, na tristeza, na alegria. Na vida maravilhosa, tal como ela nos surge.
Vive na luta contra a adversidade, contra os seus pormenores insignificantes, mas profundos de sobriedade, encanto e pureza.
Excelente!
Beijinhos amigos de estima e muito respeito.
Já perguntaste a ti própria para lá do belo ensaio?
Sempre a considerar-te e a ler-te atentamente

pena