Azulejos, só nas casas de brasão à porta, e eram manufacturados, daqueles que hoje preenchem as prateleiras dos antiquários e dali, seguem para uma moldura para colocar na parede da sala.
Junto à lareira, o granito era mesmo preto de fumo depositado da lenha de carvalho, que ardia de Inverno a Inverno, sem parar… acrescentado de gravetos, de giestas, de caruma de pinheiro, de urze e de pinhas.
Com o racionalismo, a cozinha entrou na fase da limpeza.
As ementas empobreceram, mas as superfícies começaram a espelhar.
“O algodão não engana”, surgiu depois, mas foi mais ou menos esta a caminhada: O fogão de lenha, passou a ser esmaltado, o chupão foi anulado, a salgadeira e o escano queimaram-se, a água chegou canalizada, apesar de enferrujada pelos “canos”, o lavatório em ferro forjado viajou para a tulha, os queijos de cabra passaram a ser rejeitados devido à brucelose, o fumeiro passou a provocar cancro do cólon, as castanhas engordam, a mão de vaca entrou na loucura da vaca, assim como os fígados e outras miudezas, a leite passou a ser pasteurizado, …e começaram a aparecer as anedotas do arroz de cabidela.
…. passou a haver, um local de maior visibilidade dedicado à telefonia e mais tarde à televisão de canal único, com naperon por cima. Passou a haver fogões de gazcidla pernas altas, passou a haver frigoríficos, e nos anos sessenta começou o reinado da mesa com camilha à espanhola, influências dos mercados fronteiriços, do tempo do Franco, do tipo, “Feces de Abajo”, “Fontes de Onoro” e “Badajós”.
Os móveis de cozinha que até aí eram pensados e feitos no marceneiro, de lápis na orelha, que se orgulhava de não misturar pregos com madeira, passaram a ser executados em fábricas na linha de montagem em série.
A família deixou de fazer as refeições na cozinha e passou a fazer num espaço dentro da mesma apelidado de copa. O cima dos armários passou a ser habitado pelo artesanato da região, ou pelos ferros de passar a carvão, em desuso e decrepitamente convertidos em suporte de flores de plástico. A cozinha de tão feia que era, passou a ter os naperons de cozinha a enfeitar os granitos e os mármores, não se fosse confundir com o lajedo dos ditos com outros, sob os quais repousam os falecidos, e ainda, os azulejos floridos que concentravam ali a “alegria do lar”. Quanto mais florido melhor!!! Florido, mas sem ser o azulejo com as cores tradicionais portuguesas da viúva de Lamego, florido mesmo ali das fábricas de Aveiro, junto à ria.
Não estou a ser nada mázinha!!!!!!!!!!!!!!!!! Foi isto que nós vivemos!!!! E não esqueçam os bibelots de cozinha, de arrasar qualquer um… as couves das caldas, os galos de Barcelos, as galinhas poedeiras, a Nossa Senhora de Fátima a abençoar o lar… enfim, o country à tuga!
Com o racionalismo, a cozinha entrou na fase da limpeza.
As ementas empobreceram, mas as superfícies começaram a espelhar.
“O algodão não engana”, surgiu depois, mas foi mais ou menos esta a caminhada: O fogão de lenha, passou a ser esmaltado, o chupão foi anulado, a salgadeira e o escano queimaram-se, a água chegou canalizada, apesar de enferrujada pelos “canos”, o lavatório em ferro forjado viajou para a tulha, os queijos de cabra passaram a ser rejeitados devido à brucelose, o fumeiro passou a provocar cancro do cólon, as castanhas engordam, a mão de vaca entrou na loucura da vaca, assim como os fígados e outras miudezas, a leite passou a ser pasteurizado, …e começaram a aparecer as anedotas do arroz de cabidela.
…. passou a haver, um local de maior visibilidade dedicado à telefonia e mais tarde à televisão de canal único, com naperon por cima. Passou a haver fogões de gazcidla pernas altas, passou a haver frigoríficos, e nos anos sessenta começou o reinado da mesa com camilha à espanhola, influências dos mercados fronteiriços, do tempo do Franco, do tipo, “Feces de Abajo”, “Fontes de Onoro” e “Badajós”.
Os móveis de cozinha que até aí eram pensados e feitos no marceneiro, de lápis na orelha, que se orgulhava de não misturar pregos com madeira, passaram a ser executados em fábricas na linha de montagem em série.
A família deixou de fazer as refeições na cozinha e passou a fazer num espaço dentro da mesma apelidado de copa. O cima dos armários passou a ser habitado pelo artesanato da região, ou pelos ferros de passar a carvão, em desuso e decrepitamente convertidos em suporte de flores de plástico. A cozinha de tão feia que era, passou a ter os naperons de cozinha a enfeitar os granitos e os mármores, não se fosse confundir com o lajedo dos ditos com outros, sob os quais repousam os falecidos, e ainda, os azulejos floridos que concentravam ali a “alegria do lar”. Quanto mais florido melhor!!! Florido, mas sem ser o azulejo com as cores tradicionais portuguesas da viúva de Lamego, florido mesmo ali das fábricas de Aveiro, junto à ria.
Não estou a ser nada mázinha!!!!!!!!!!!!!!!!! Foi isto que nós vivemos!!!! E não esqueçam os bibelots de cozinha, de arrasar qualquer um… as couves das caldas, os galos de Barcelos, as galinhas poedeiras, a Nossa Senhora de Fátima a abençoar o lar… enfim, o country à tuga!
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4 comentários:
Estava a ler e a visionar tudo o que dizias, pois fui crescendo rodeado dos mesmos cenários que os teus.
Durante muito tempo houve uma moda vigente que era aplicada em quase todos os lares. Mas agora também...
Bom fim-de-semana.
Beijos.
????????????????????????????????
Parece que revejo novamente tudo. A casa da Marquesa com brazão e com os azulejos. A minha quase, mas só quase. Sabes, tive uma casa no Douro. A casa dos meus sonhos de infância! Revejo a cozinha com uma eterna saudade. A lareira. As giestas. A caruma de pinheiro faíscando. A urze e as pinhas. Que amor!
Aquele fogão de lenha e o escano. Porque sei o que é um escano. O afago gostoso das cozinheiras doces com aparência grosseira. Que sensação! Parece que estou a ver tudo. Aclaraste-me tudo. Que saudades eu tenho! Se o tempo voltasse atrás, um pouco...
Na altura das vindimas, da varanda da casa espraiava-se uma visão fantástica. Quando os homens regressavam a casa, vindos de levarem as uvas à Casa do Douro, tinhamos um código identificativo de luzes. Eles com as luzes da camioneta, nós com uma pilha. Subiam, então o tortuoso caminho.
Era a hora do jantar.
Metiamo-nos no escano e as cozinheiras com as mãos besuntadas de gordura serviam-no. Como era bom! Magnífico. Aconchegados e quentinhos na cozinha e com a lareira presente. Devoràvamos tudo, num ápice. Que bom! Comíamos na cozinha e os adultos na sala enorme da casa.
A televisão, sim, a televisão só com um canal e a preto e branco.
Desculpa, entusiasmei-me e desculpa a experiência anterior simulando um comentário. Desculpa o atraso deste comentário.
Reavivaste-me tudo. Obrigado. Pàro aqui.
Beijos.
by Poliedro.
necessario verificar:)
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