16 fevereiro, 2007

Génesis

Génesis
De mim não falo mais :não quero nada.
De Deus não falo:não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.
Nem de existir,que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo;
nem de viver,que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.
Por mais justiça ...-Ai quantos que eram novos
em vâo a esperaram porque nunca a viram!
E a eternidade...Ó transfusâo dos povos!
Não há verdade:O mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais,todos mentiram.
Jorge de Sena

2 comentários:

Anónimo disse...

Olha, Anabela:
Sabes, tenho dois ou três livros de Jorge de Sena! Houve uma altura, uma altura na vida, que os lia sôfregamente. Fascinava-me a forma desenvolta como respirava as palavras, umas vezes primando pela simplicidade, outras pela complexidade. Andei muitas vezes à volta dos seus livros.
Este poema que se intitula "Génesis" que se pode definir como formação, criação, génese. O genesíaco como primitivo. Tudo tem a ver com um estado emocional do autor. Parece-me triste. Estás triste, Anabela? Tu, que tens montes de amigos que gostam de ti.
Explica-me, por favor.
(Já meti outra vez a pata na poça, isto não era para por aqui.).
Beijos.
pena gil que é o Poliedro, mas agora por ser mais fácil, é o Anonymous

João Carlos Carranca disse...

E como o Jorge de Senna tem razão