24 julho, 2007

Roma


Diário de viagem
Roma, Abril 2001

Saída do metro no Coliseu.
Deparei-me com os centuriões, um pouco ridículos, que se passeiam em volta desta maravilha romana e fazem-se para a fotografia dos turistas, para cobrarem no fim.
Passei o arco de Constantino, arco de Tito e embrenhei-me pelos vestígios da Roma antiga, Fórum. Sinto que tenho pouco tempo para me perder por aqui. Há imensa coisa para ver numa área bem extensa. Respira-se uma atmosfera diferente desta cidade antiga, que coexiste com Roma moderna, dentro dela. Olhando toda aquela extensão em ruínas, senti-me a regressar ao passado, e isso perturbou-me um pouco.
Estabeleci um percurso de travessia, mas sempre a olhar para o relógio. Preciso de três dias à vontade, para fazer os diversos percursos possíveis. Registo o essencial, com o objectivo de voltar mais tarde. Pavimentos, bases de colunas, arquitraves, e… colunas altas, elegantes, lindíssimas… templo de Antonino e Faustina, Casa das Vestais, templo de Saturno, pouco sobrou do templo de Castor e Pólux, Tribuna dos Oradores, arco do Septímio Severo… o Palatino fica para o lado direito, e não há tempo para ir até lá.

Fui andando pois o meu sentido de orientação estabeleceu como prioridade primeiríssima uma praça renascentista, localizada mais à frente.
É interessante aceder pelas traseiras dos edifícios que formam a praça. Começar a observar os edifícios pelo lado que ninguém vê. Escolhi uma ruela, na esperança de não me ter perdido no meio de tanto calhau e tanta ruína. Consultei diversas vezes as minhas plantas.
Nunca ninguém entende os caminhos que escolho, mas já desistiram de teimar comigo. Um dia se me engano!!!!::::
Romano, romano, não encontrei ninguém. Só gente em calções e sandálias, com ar de congestionamento cultural, overdose arquitectónica e câmara fotográfica na mão.
Chegamos.
- É isto mesmo! Aqui estão os traços urbanos de Miguel Ângelo, bem perto do monumento a Vittorio Emanuel II, erguido para assinalar a Italiana unificada. O monumento parece o bolo da noiva, muito grandioso, muito neoclássico, muita coluna, muita escada, muito baixo relevo: o neoclássico mais esplendoroso que poderá haver, até chega a enjoar.
Voltemos ao Miguel Ângelo. Desenhou o pavimento e as fachadas da Piazza del Campidoglio(Palazzo Nuovo+ Pallazzio Senatorio + Museu Capitolino), uma das sete colinas de Roma- antiga acrópole, e a cordonata, encimada pelas estatuas de Castor e Luxor, em 1534. Conheço a praça de vista superior, é uma construção geométrica – exploração da estrela de 12 pontas, de grande efeito visual, que possui no centro uma das poucas estátuas equestres que sobreviveu à antiguidade, de Marco Aurélio – esta será um cópia talvez.
Ao contrario do monumento ao Vitorio Emanuel, esta praceta tem uma escala muito humanizada, e a sua grandiosidade resulta do bem estar que provoca, da subtileza das volumetrias das fachadas, dos tons ocres reforçados pelos mármores e que se interligam com o rendilhado da roseta do pavimento da praça.
Ufffa, valeu a pena vir até aqui. Uma verdadeira jóia do renascimento.
A cordonata é uma rampa de um só troço, com peças transversais por forma a impedir o escorreganço dos cavalos, e que esse pormenor acaba por dar originalidade ao acesso. Desci por ela.

3 comentários:

Pena disse...

Simpática Anabela:
Cheguei agora do Porto, onde fui buscar o Tiago. Vinha do Algarve com um ar de quem não comia há um ano. Levei-o a ele e ao primo André, companheiro nestas andanças, a comer ao Dolce Vita. Devoraram tudo o que puderam, em poucos segundos.
Nunca vi tal! Estes jovens de hoje, nunca os virei a entender.
É uma hora da manhã. Li com atenção o que sugeres de Roma.
Admiro a tua capacidade de transmitir informação.
Ficou registada no que a minha capacidade de concentração e compreensão pode. Obrigado. É um depoimento de viagem agradável e sugestivo, além de ser precioso para mim e que auxiliará bastante nos meus propósitos em breve.
Sempre a ter-te em atenção e amizade.
Com deslumbre pelos teus dotes ímpares.
beijos.
pena

Anabela Quelhas disse...

Pena: Pensei em publicar esta parte do meu diario de viagem, exactamente depois da nossa conversa. Vou ver se ainda aproveito outra parte, mas de qualquer forma vou hoje publicar uma lista das coisas imperdíveis.

Pena disse...

Anabela:
Um sentido e profundo: OBRIGADO!
Estarei atento, sempre registando as tuas informações.
beijos.
pena