O LIVRO DE PONTO
Aprecio investigar
sobre tipo de livros e chegou a vez dos famosos Livros de Ponto, que muitos de
nós já utilizámos, apreciando ou não, e que na maioria dos locais de trabalho
já foi substituído. As gerações mais jovens talvez nem conheçam.
O livro de ponto é um
documento, geralmente físico, como um caderno, onde os funcionários registam os
seus horários de entrada, saída e intervalos do trabalho. Ele serve como um
controlo de jornada de trabalho e é utilizado para fins de cálculo do salário,
horas extras e para cumprimento das obrigações legais de uma empresa,
associação ou grupo.
O registo é manual sobre
papel, e por vezes possibilita também a descrição da tarefa executada com
preenchimento de um denominado sumário.
Ao nível formal, utilizam-se
tabelas, ou grelhas com colunas, imprimidas antecipadamente, e devidamente
identificadas para facilitar o preenchimento, por parte do trabalhador, em que
a maioria das vezes só tem de colocar a sua assinatura no espaço certo.
No exterior, a capa e a
contra-capa, são rígidas, de cor escura - preto, cinzento ou azul escuro - para
não se notar marcas resultantes do manuseamento, onde se colava uma etiqueta
branca com esquadria vermelha, centrada na parte superior da capa, constando em
letra bem desenhada à mão, a identificação do livro. A lombada e as arestas do
livro (cantos) são frequentemente reforçadas com papel vermelho ou cinzento.
A necessidade de
registar surge com a revolução industrial. Na economia pré-industrial, o
artesão detinha o controle sobre o ciclo completo de produção, desde a
matéria-prima até o produto final e o lucro. A Revolução Industrial marcou uma
profunda mudança nas relações de produção, com os operários perdendo o controle
sobre o processo produtivo, com a divisão do trabalho e a produção em série,
tornando-se meros executores de tarefas repetitivas, sob a direcção do capital.
O trabalho concentrou-se
nas fábricas, onde máquinas pertencentes aos donos das empresas substituíram o
trabalho manual, os operários, antes artesãos, passaram a executar tarefas
específicas, controladas por máquinas e subordinadas aos interesses dos
proprietários.
No início o controle de
presença era feito por um operário que anotava os horários de entrada e saída
dos demais trabalhadores, mais tarde havendo confiança de ambas as partes, era
o próprio trabalhador que geria o seu registo.
O livro de ponto é
importante para a empresa e para os funcionários, evitando conflitos laborais:
Para a empresa, ajuda a
garantir a organização e o cumprimento das leis sobre o trabalho, além de
auxiliar no cálculo correto da folha de pagamento.
Para o funcionário,
garante que as suas horas trabalhadas sejam registadas correctamente,
permitindo o recebimento justo pelo seu trabalho, incluindo horas extras.
Em 1888, Willard Bundy
construiu o primeiro relógio de ponto em Nova York, nos Estados Unidos, deixando
de haver o registo em papel e passando a ser mecânico, com um dispositivo que utilizava
cartões perfurados para registar a entrada e saída dos trabalhadores, substituindo
o registo manual feito por outro funcionário
O controle de ponto electrónico
é um modelo ainda mais moderno, que possibilita ao funcionário o registo da sua
presença através do relógio de ponto biométrico - tecnologia que regista a
localização do funcionário no momento em que ele marca o ponto (lá se vai a
privacidade!). Combina o registo laboral com a tecnologia GPS no ponto da sua
marcação.
A evolução do relógio
de ponto adaptou-se à era digital. Agora o registo de horas pode ser feito pelo
computador ou pelo telemóvel do funcionário, sendo ainda mais benéfico na
situação do teletrabalho.
Voltando ao livro de
ponto físico, um livro totalmente preenchido ou esgotado era substituído por
outro e outro e assim sucessivamente, o que exigia grandes arquivos para
guardar os livros esgotados, os denominados arquivos mortos, verdadeiros
cemitérios de uma organização ultrapassada.
Publicado em NVR 25|06|2025
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