25 junho, 2025

O LIVRO DE PONTO

 

O LIVRO DE PONTO


 

Aprecio investigar sobre tipo de livros e chegou a vez dos famosos Livros de Ponto, que muitos de nós já utilizámos, apreciando ou não, e que na maioria dos locais de trabalho já foi substituído. As gerações mais jovens talvez nem conheçam.

O livro de ponto é um documento, geralmente físico, como um caderno, onde os funcionários registam os seus horários de entrada, saída e intervalos do trabalho. Ele serve como um controlo de jornada de trabalho e é utilizado para fins de cálculo do salário, horas extras e para cumprimento das obrigações legais de uma empresa, associação ou grupo.

O registo é manual sobre papel, e por vezes possibilita também a descrição da tarefa executada com preenchimento de um denominado sumário.

Ao nível formal, utilizam-se tabelas, ou grelhas com colunas, imprimidas antecipadamente, e devidamente identificadas para facilitar o preenchimento, por parte do trabalhador, em que a maioria das vezes só tem de colocar a sua assinatura no espaço certo.

No exterior, a capa e a contra-capa, são rígidas, de cor escura - preto, cinzento ou azul escuro - para não se notar marcas resultantes do manuseamento, onde se colava uma etiqueta branca com esquadria vermelha, centrada na parte superior da capa, constando em letra bem desenhada à mão, a identificação do livro. A lombada e as arestas do livro (cantos) são frequentemente reforçadas com papel vermelho ou cinzento.

A necessidade de registar surge com a revolução industrial. Na economia pré-industrial, o artesão detinha o controle sobre o ciclo completo de produção, desde a matéria-prima até o produto final e o lucro. A Revolução Industrial marcou uma profunda mudança nas relações de produção, com os operários perdendo o controle sobre o processo produtivo, com a divisão do trabalho e a produção em série, tornando-se meros executores de tarefas repetitivas, sob a direcção do capital.

O trabalho concentrou-se nas fábricas, onde máquinas pertencentes aos donos das empresas substituíram o trabalho manual, os operários, antes artesãos, passaram a executar tarefas específicas, controladas por máquinas e subordinadas aos interesses dos proprietários.

No início o controle de presença era feito por um operário que anotava os horários de entrada e saída dos demais trabalhadores, mais tarde havendo confiança de ambas as partes, era o próprio trabalhador que geria o seu registo.

O livro de ponto é importante para a empresa e para os funcionários, evitando conflitos laborais:

Para a empresa, ajuda a garantir a organização e o cumprimento das leis sobre o trabalho, além de auxiliar no cálculo correto da folha de pagamento.

Para o funcionário, garante que as suas horas trabalhadas sejam registadas correctamente, permitindo o recebimento justo pelo seu trabalho, incluindo horas extras.

Em 1888, Willard Bundy construiu o primeiro relógio de ponto em Nova York, nos Estados Unidos, deixando de haver o registo em papel e passando a ser mecânico, com um dispositivo que utilizava cartões perfurados para registar a entrada e saída dos trabalhadores, substituindo o registo manual feito por outro funcionário

O controle de ponto electrónico é um modelo ainda mais moderno, que possibilita ao funcionário o registo da sua presença através do relógio de ponto biométrico - tecnologia que regista a localização do funcionário no momento em que ele marca o ponto (lá se vai a privacidade!). Combina o registo laboral com a tecnologia GPS no ponto da sua marcação.

A evolução do relógio de ponto adaptou-se à era digital. Agora o registo de horas pode ser feito pelo computador ou pelo telemóvel do funcionário, sendo ainda mais benéfico na situação do teletrabalho.

Voltando ao livro de ponto físico, um livro totalmente preenchido ou esgotado era substituído por outro e outro e assim sucessivamente, o que exigia grandes arquivos para guardar os livros esgotados, os denominados arquivos mortos, verdadeiros cemitérios de uma organização ultrapassada.

Publicado em NVR 25|06|2025

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