05 março, 2025

DILEMA DO OURIÇO


 "Dilema do Ouriço" 

O "Dilema do Ouriço" é uma situação hipotética concebida por Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX. Uma poderosa metáfora, que ilustra a complexidade das relações humanas, especialmente em contextos amorosos.

“Num dia frio de Inverno, dois ouriços (ou porcos espinhos) aconchegam-se um ao outro para se aquecer. Mas logo os seus espinhos aleijam mutuamente. Então eles separam-se, porém, o frio força-os a voltar a ficar juntos, e é claro que eles acabam a magoar-se novamente.

Então os ouriços finalmente encontram um equilíbrio: longe o suficiente para não serem agredidos pelos espinhos, perto o suficiente para estarem um pouco aquecidos. Um compromisso que os deixa insatisfeitos, mas é melhor do que nada.”

A situação dos ouriços, que se devem aproximar para se aquecer, mas, ao mesmo tempo, precisam evitar que se magoem com os seus espinhos, reflecte a luta entre a intimidade e a necessidade de espaço nas relações, ou seja, a liberdade de cada um.

Schopenhauer argumenta que é melhor estar sozinho, ser a sua própria fonte de calor. Ao mesmo tempo, ele reconhece que isso não é possível para a grande maioria das pessoas: os humanos são animais sociais. Então ele aconselha-nos a "manter distância".

Nas relações não vale tudo. É necessário criar uma faixa neutra de conforto para os dois, onde a agressão e a defesa se neutralizem, no limite comum da liberdade individual.

As relações humanas são muito complexas. Há quem precise de carinho, mas, ao mesmo tempo, tenha medo de traições e decepções. Por isso, escolhe viver sozinha, auto respeitando-se acima de tudo.

Na vida diária, as pessoas enfrentam, frequentemente, este dilema, de como se conectar com os outros sem perder a sua identidade, individualidade ou causar dor. Essa dinâmica torna-se ainda mais evidente e profunda, por vezes com consequências desastrosas, em relacionamentos amorosos, onde a proximidade emocional pode ser acompanhada por tensões e conflitos inevitáveis. A busca por um equilíbrio saudável entre estar próximo e manter uma certa distância é essencial para o bem-estar de ambos os parceiros.

A comunicação, segura, continua, respeitosa e sobretudo leal, é uma das chaves para navegar esse dilema. Ser aberto e honesto sobre sentimentos e limites pode ajudar a construir uma base sólida de confiança, compreensão e cumplicidade. Além disso, o amor-próprio é fundamental; quando cada um se sente seguro e valorizado individualmente, é provável que possam unir-se de maneira saudável e harmónica.

Freud, ao mencionar a fricção entre amor e ódio, acrescenta uma camada adicional à discussão sobre relacionamentos. Reconhecer que essas emoções coexistem e não poder evitar conflitos, pode ser libertador, retira-nos alguma responsabilidade sobre o assunto. Aceitar que a imperfeição é parte da experiência humana pode ajudar os casais a lidar melhor com as dificuldades e a fortalecer o seu vínculo, onde a lealdade, a transparência e a inteligência emocional são parâmetros essenciais.

Em suma, o "Dilema do Ouriço" serve não apenas como uma reflexão sobre a natureza das relações, mas também como um convite à introspecção e ao crescimento pessoal, fundamentais para o desenvolvimento de conexões significativas e duradouras.

Publicado em NVR 05|03|2025

2 comentários:

Anabela Martins disse...

👏🏼👏🏼

Anabela Quelhas disse...

obg, bj