05 junho, 2024

A EUROPA

 

A Europa

Actualmente a Europa com os seus defeitos e qualidades, continua a ser desejada por muitos. Este é um dos principais focos da migração mundial. Qualquer sítio, mais seguro e com oportunidades de trabalho, transforma-se no paraíso por parte de quem passa mal, e não sabe se haverá o dia seguinte.

Vivemos este paradoxo, difícil de resolver.

            A Europa está considerada como um dos melhores lugares para emigrar com a família. Quem procura melhores condições laborais e de desenvolvimento profissional, uma melhor qualidade de vida e um ambiente culturalmente diverso e tolerante elege a Europa como objectivo, até porque sendo formada por vários países, reúne no mesmo território, várias línguas e culturas que se respeitam integralmente, e cada um com as suas valências e oportunidades.

E isto vai ser sempre assim?

A História Universal, é uma história de migrações.

Diz o velho ditado, quem está mal, muda-se. A Europa já foi sítio de saída e agora é sítio de entrada.

Antigamente o conceito de fronteira era diferente e a complexidade dos movimentos migratórios, também. A globalização gerou impactos negativos nos países mais pobres ou em vias de desenvolvimento, criando uma vontade colectiva não acomodada à míngua, predisposta para a emigração.

As sociedades relativamente bem organizadas, chegam aos mais pobres através dos meios de comunicação. Quem não quer abandonar uma rua cheia de lixo e uma vida insalubre?

 O emprego, a segurança e o respeito pelos direitos humanos são os grandes eixos de procura por parte destes movimentos. E tudo poderia correr bem, porque deverá haver lugar para todos, mas não corre. A xenofobia associada ao vínculo cultural de cada povo parecem ser algo explosivo, originando discriminação e revolta, num cenário de descontrole administrativo dos países que acolhem.

Segundo António Barreto, a construção europeia foi de tal modo feita que o que é democrático não é eficaz nem tem poder; e o que é eficaz e tem poder não é democrático.

Todos nós sofremos de um “complexo democrático”, dificultando-nos a  estabelecer limites e linhas vermelhas em várias temáticas, e é urgente ultrapassar este complexo.

O mundo precisa de ser reorganizado. As questões humanitárias devem ter prioridade no mundo político de cada país. E transitoriamente, quem recebe, deve possuir políticas de integração económica, cultural e social das comunidades africanas, asiáticas e latino-americanas, claras, assertivas e firmes.

Precisa-se de empoderamento democrático sem complexos. A nossa Europa envelhecida vive uma guerra próxima, os problemas gerados pela migração e todos querem mais qualidade de vida.

        Teremos eleições no dia 9 de Junho. Todos nós sabemos pouco acerca cada “família” política europeia, limitamo-nos a estender o voto nacional à Europa. O cenário europeu deve ter outro nível de estratégias e de entendimento, que por vezes nos escapam, mexem com muitos interesses e com tendências do tabuleiro político mundial. Deveríamos contrariar esta iliteracia… levamos apenas com as consequências, sem termos voz activa sobre o que queremos ou não. Só podemos votar em algo que nos é distante, quando o que está verdadeiramente em causa é uma nova ordem mundial. Como cruzar melhor a economia, a política e a cultura, nunca esquecendo o seu lema, “Europa unida na diversidade”

Publicado em NVR - 05/06/2024 

Sem comentários: