01 fevereiro, 2023

Números que magoam

 Números que magoam    


         Após 3 dias a acompanhar o evoluir da denúncia, nos meios de comunicação social, sobre os euros investidos e a investir no espaço que acolherá o encontro do Papa com a juventude, fiquei assim. Escrevi conforme via televisão, completamente incomodada, numa escrita tão desorganizada como a desorganização evidente que organiza este evento… escrevendo sem olhar para o teclado, como se eu fosse uma irresponsável sobre o que escrevo. Este assunto sem tino vale um texto também desorientado e sem nexo.

“O acerto desacertado - Cordenador do proheto por parte do estado Sa Fernandes - Eigencias do vaticano -Onde começa a verdade e a mentira - a incompetencia ne articulação entre todoso oss agentes desta obra- o retorno, o rtorno, milares milhêos - 80 milhoes derrapagem do erário publico - Aquecer casa - se,a brigos as esmolas - Invernio -Pobreza – pobres armados em ricos -  a descordençaão da coordenação - Nm todos querem participar – Estado Laico - Infraestrutura que desconhe<<< - Donativos e parcerias os preregrino sé q vao pagar – palco e palquinho - Palco para Lisboa, então a pala do siza, o multiusos a o sitio do rock in rio – as exigências fa igreja - o Moedas faz tudo qa igreja quiser, faz tudo oq o Pr disser - Contratos e subcontratoscarlos moedas com discurso perigoso - valores 18X maior do q gastaram com o papa bento 16 - Sempre Lisboa –  o pesadelo doestadios -a Pala do Siza com uma construção por baixo -  Estadio naciola de loule e aveiro as moscas – 5 milhoes - 350 milhoes  -Sá Fernandes .  de retorno-  O retorno económicoinguem sabe o q isto vai custar - VBaticano demarca-se da responsabilidade dos custso - ;ais 2 milhoes de euros para o palco eduado setimo, que espero que seja +ara ir para o lixo pois estraga completamente aquele jardim - IResponsabilidade da orgabaizaçãp – O Marcelo a fuigr aos jornalistas – dar o corpo as balas bang bang – Medina+ moedas = a uma anedota de humor negro – o Costa caladito como se não fosse nadsa com ele. Tido aquilo que for da vonta de da igreja e do PR eu farei - Eu não sabia, tu nao sabias ele não sbia”

[lê-se mais facilmente este texto, do que se entende toda esta trapalhada]

Voltando ao meu estado normal, registo que isto é um “iceberg” a navegar desgovernado, desconhecendo-se onde irá parar. Um projecto desta envergadura, necessita de uma equipa multifuncional, multidisciplinar, supervisores e uma coordenação a gerir e garantir que tudo terá sucesso. Parece nada disto existir.

O que eu sei sobre isto?

1 – O PR completamente descontrolado “Esperávamos, desejávamos, conseguimos, conseguimos, conseguimos, Portugal, Lisboa, victória”, esqueceu-se que vive num país laico e pobre, e agora vem dizer que nada sabia sobre os custos do altar-palco. É difícil acreditar, logo o Dr. Marcelo!

2 – A “ bomba” estoura devido ao custo de uma altar-palco, sendo apenas a ponta do “iceberg”, e a indignação do povo português não tem fim. Estamos todos de queixo caído.

3 - O valor do investimento está a ser conhecido gradualmente, um pouco em cada dia, revelando uma completa desorganização, descoordenação e irresponsabilidade.

4 – Constata-se que os políticos, padres e jornalistas não percebem nada de obras. Quando chega à escala de milhões, já tanto faz, rezam e apenas têm fé no retorno.

5 – Este empreendimento localiza-se sobre um solo altamente contaminado quimicamente e que poucos questionam. Não sei como se descontaminam solos, não basta cobri-los e plantar relva. Ainda não houve ninguém na TV a explicar este problema e dizer que solução adoptaram, a sua eficácia e o grau de segurança ao nível da saúde pública. Ouvi um anónimo informar que há tempos, quando se iniciaram o movimento de terras, a poeira afectou logo de rajada vários animais que foram parar ao veterinário. Aos jornalistas parece não interessar este tema e aqueles que comem biológico, também não.

6 – Acabou-se com o terminal de contentores de Bobadela, com um custo indireto de 100 milhões. Ora, para além desta contabilidade rebelde ainda teremos os tais custos indirectos, que serão parcelas a adicionar.

7 – Agora todos acordaram, e tenta-se cortar aqui e ali, para tudo sair mais em conta, ou seja, mais uma vez a improvisação de que tanto se orgulham os portugueses, desenrascando-se, gastando o tal dinheiro que falta na saúde e na educação, apenas para cumprirem prazos e não ficarem mal na fotografia.

8 – E então e o resto? Os 400 mil jovens vão dormir onde? Como estamos de hospitais, de polícias, de transportes, de wcs? Vão chegar a Lisboa como? Felizmente que a escola fica fora disso! Respiro de alívio.

Eu agnóstica me confesso, coitadito do outro que lhe embargaram a obra por causa do galinheiro, que construiu no fundo do quintal.

Os números magoam.

Corta aqui, corta ali, será o refrão de uma opereta vadia, de um país trans, cis, binário e não binário ou o diabo que os carregue, em desgoverno total. Um país deslumbrado com a mania das grandezas e,… sempre a mendigar fundos europeus, sempre na penúria, sempre preocupados com as despesas do Estado, sempre a tapar buracos negros da incompetência consentida, verdadeiros sumidouros de dinheiro, sempre com uma inflacção acima do aumento dos ordenados, sempre a apertar o cinto, com sem-abrigos, com escravidão, com famílias a viver de caridade, com uma guerra na Europa... Umas bestas que pretendem ser bestiais à custa dos outros.

Os números magoam.

Se magoam! Tiram-nos a roupa, a pele, os músculos, os ossos e a dignidade. As jornadas da juventude para os menos informados, deveriam denominar-se por Jornadas da Juventude Católica, porque é exactamente disso que se trata.

Aguardam-se as jornadas dos protestantes, dos muçulmanos, dos budistas e já agora dos outros, agnósticos e ateus. Por mim, passo. Estão criadas as condições para se renovar um tempo à moda do sr. Oliveira. Estamos no ponto de rebuçado.

Publicado em NVR, 01/02/2023

2 comentários:

Anónimo disse...

Nem sei que dizer, a sério 🤦🏼‍♀️ mas concordo consigo, esta “gente” que manda na “gente” anda doida, com a mania das grandezas e a deixar-nos com uma mão na frente e outra atrás.

Anabela Quelhas disse...

Anónimo, grata pelo comentário.