26 outubro, 2007

Guernica (3,50X7,82m)


Guernica, antiga capital do País Basco, foi bombardeada a 26 de Abril de 1937, pela aviação alemã, de onde resultou um verdadeiro massacre da população civil espanhola.

Como ficar indiferente a isto?
Picasso não ficou indiferente.

Picasso não estava lá, mas percebeu através das fotos que lhe enviaram, o horror da guerra vivido por homens, mulheres e crianças.
Teve necessidade imediata em traduzir nos seus desenhos, esse sofrimento por ele sensibilizado.

Resultou Guernica.
Como sempre foi pratica comum de Picasso, realizou dezenas de estudos e de esboços, antes da tela final.
Cada figura teve um percurso reflexivo e desenhado, próprio.
Guernica não é a soma de vários desenhos.
Guernica é um todo experimentado e vivênciado em cada detalhe.
Toda a composição é dominada pela luz de um olho-lâmpada, localizado superiormente, o piscar do momento de terror, o alarme que soa num dado momento e que funciona como charneira para o momento seguinte, onde tudo é negativamente diferente. Este será o pormenor mais marcante e que afinal é formalmente ausente de qualquer expressão de terror.
No centro um cavalo em pânico, descontroladamente aterrorizado, simbolizando a força da destruição. Junto a este, uma mão segura uma lamparina a óleo, acessório vulgar nas casas rurais, que se opõe em contrasrte com o olho- lâmpada.

À esquerda, uma cabeça de touro.
Petrificado? Imóvel? Estarrecido perante o desespero de uma mãe com o filho morto no colo? A piéta picassiana. Um ser humano esquartejado compõe a parte infeiror da tela, numa morte recente de um lutador que empunha uma espada que subtilmente se transforma numa flor, tal qual a alma se desprende veladamente do corpo.

À direita, uma mulher, com pés enormes e com seios expostos, volta-se para a luz, implorando… aqui o olho-lâmpada já simboliza uma entidade superior, que assiste, mas não altera o estado de agonia e de destruição.

Outra mulher de braços levantados… para quem? O apelo desesperado e sem esperança, de quem já perdeu tudo, enquadrada numa casa em chamas.

O tratamento dado às figuras, são resultado do processo cubista de representação. A ausência de cor, acentua ainda mais a mensagem.
O insuportável, a dor extrema, o horror, a violência, converteram esta obra em intemporal, ou seja, adequada a cada época que vive situações idênticas. A guerra o sofrimento por perda violenta, não tem moda, nem época…. É transversal ao tempo.


Sobre o enorme painel, Guernica, Picasso foi um dia questionado por um general, que lhe perguntou: "foi o senhor que fez isso?" A sua resposta foi afiada: "Não! Foi o senhor que fez isso".

(Esta obra só regressou a Espanha em 1981, após um exílio de mais de 40 anos em Nova Iorque – Picasso tinha decidido que ela só regressasse no fim do fascismo.)

1 comentário:

Pena disse...

Simpática Amiga Anabela:
Uma genialidade que abrange o Universo do imenso talento de Picasso descrito maravilhosamente.
Guernica- Um exemplo das atrocidades cometida pelas ganancias do poder. Como todas as gurras. Vitimam inocentes cobardemenete. Mulheres, crianças, idosos e valorosos Seres Humanos. Uma brilhante obra de Picasso, que homenagias, sobre a horrenda guerra que não tem limites na violência e no puro desencanto das pessoas de bem.
Verdadeiras chacinas impensáveis.
Enfim...Excelente, Picasso!
E, aquela resposta ao General Alemão silenciou-me profundamente.
Brilhante, Anabela.
Um Enorme Bem-Hajas pelo que és e transmites a todos.
Bj Amigos de estima

pena