14 junho, 2023

Ó meu rico Santo António

 


Ó meu rico Santo António

 

Ó meu rico Santo António

Quem te deu educação?

Estás sempre de menino ao colo

Com grande determinação.

 

Onde vais matricular o menino

Se não vai ter professores?

Achas que aprende a ler e a escrever

Através dos computadores?

 

Mostra-lhe Portugal,

O Douro e o Pinhão

E não tentes esconder

Os professores em manifestação.

 

Ensina-lhe os dias no calendário,

Para contar e perceber,

Que 6 anos, 6 meses e 23 dias

Não se podem esconder.

 

Quando o menino chorar

Trata de o acalmar,

Não lhe passes o telemóvel

Porque o estarás a enganar.

 

Mostra-lhe minhocas e sapos cegos

Morcegos e uma centopeia,

Mas não acredites que por aí,

Chegará à Odisseia.

 

Usem as palavras mágicas,

Obrigado, por favor,

Com licença e desculpe

E um dia chegará a doutor.

 

Ensina-lhe os seus direitos

E como poderá protestar,

Com serviços mínimos

A liberdade vai colapsar

 

Não te peço milagres.

A Escola só quer ensinar,

Tira-nos a burocracia

Para podermos respirar.

 

Santo António casamenteiro,

De aliança e diamante,

Com as escolas fechadas

Quem quer par ignorante?

 

Autora: Professora que não foi ao Peso da Régua, porque tem más memórias de desfiles militares.

Publicado em NVR 14|06|2023

Escrito antes de saber sobre os porcos, se fosse depois seria muito mais acutilante.

2 comentários:

João Carlos Carranca disse...

poetisa popular... falta o manjerico

Anabela Quelhas disse...

o sapo cego comeu-o