03 junho, 2023

Deixo-te uma rosa amarela.


 Saía de mansinho na hora da sesta dos meus pais e pela rua de baixo chegava a casa dos meus primos.

Subia a escada a correr para saber se o Lino ainda estava. Tinha que aproveitar a hora do almoço, na pausa da oficina. Ele terminava o almoço, passava a mão pelo cabelo comprido e ruivo, e dizia-me:

- Vamos lá?

A minha tia, fazia de conta que não entendia. Sempre tão ansiosa e preocupada, com tudo, fingia que desconhecia as nossas rebeldias em cima de um motor e duas rodas.

O meu tio Manuel recostava-se no escano e sorria.

Descíamos a escada rapidamente, esperava que subisses na mota amarela e que a tirásses do descanso, e depois subia eu de pendura.

Arrancavas serenamente, apenas destravando a mota, aproveitando o declive da rua e já junto à fonte, soltavas o escape e começava a sensação boa dos cabelos ao vento de nós os dois cavalgando a estrada. Percorríamos algumas ruas até chegar estrada nacional, e aí mergulhávamos na sensação boa da velocidade até Balsa, Parada do Pinhão, Lamares ou até outro lugar qualquer. Fazíamos cada curva bem inclinados e sincronizados para favorecer a condução. Iria contigo até ao infinito. A brisa fresca da deslocação do ar, a vertigem da velocidade e o desafiar o perigo criava uma adrenalina gostosa inesquecível. Dura até hoje na minha memória.

Hoje farias anos, e eu sinto apenas saudades, porque ainda não pensei bem no assunto que já cá não estás. Deixo-te uma rosa amarela.     

Saía de mansinho na hora da sesta dos meus pais e pela rua de baixo chegava a casa dos meus primos.

Subia a escada a correr para saber se o Lino ainda estava. Tinha que aproveitar a hora do almoço, na pausa da oficina. Ele terminava o almoço, passava a mão pelo cabelo comprido e ruivo, e dizia-me:

- Vamos lá?

A minha tia, fazia de conta que não entendia. Sempre tão ansiosa e preocupada, com tudo, fingia que desconhecia as nossas rebeldias em cima de um motor e duas rodas.

O meu tio Manuel recostava-se no escano e sorria.

Descíamos a escada rapidamente, esperava que subisses na mota amarela e que a tirásses do descanso, e depois subia eu de pendura.

Arrancavas serenamente, apenas destravando a mota, aproveitando o declive da rua e já junto à fonte, soltavas o escape e começava a sensação boa dos cabelos ao vento de nós os dois cavalgando a estrada. Percorríamos algumas ruas até chegar estrada nacional, e aí mergulhávamos na sensação boa da velocidade até Balsa, Parada do Pinhão, Lamares ou até outro lugar qualquer. Fazíamos cada curva bem inclinados e sincronizados para favorecer a condução. Iria contigo até ao infinito. A brisa fresca da deslocação do ar, a vertigem da velocidade e o desafiar o perigo criava uma adrenalina gostosa inesquecível. Dura até hoje na minha memória.

Hoje farias anos, e eu sinto apenas saudades, porque ainda não pensei bem no assunto que já cá não estás. Deixo-te uma rosa amarela.   



  

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