01 janeiro, 2023

Acordar


 Hoje acordei pensando que talvez estivesse sol. Eternamente sonhadora.

Ainda de luz bloqueada, interroguei-me como seria se a terra tivesse mudado de rotação. Que diferença faria? Haveria apenas a mudança das estações do ano, porque o tempo, esse não se deixa iludir com as minhas utopias matinais sobre o movimento do universo.

Ainda com alguns neurónios bloqueados, levanto-me, espreguiço-me, levanto a persiana e abro a janela. Uma rabanada de vento (estamos na época do Natal) entra de rompante, passeando pela casa, fazendo dela a sua morada. Abro os braços e dou as boas-vindas à primeira manhã do ano.

Olho o rio, o substituto do meu mar. Imagino-me lá longe, no sítio de sempre, mesmo assim sinto-me reconhecida por a vida me oferecer este sítio do Reino Maravilhoso para estar e viver em paz.

A chuva cai abundante, penso como a vida somos nós, que sentimos a sorte de acordar todos os dias e tentamos dignificá-la, tentando melhorar a vida dos outros, tentando entender o mundo e nunca desistir.

In Ensaios de escrita, um ensaio sempre adiado – Anabela Quelhas

1 comentário:

jose lencastre disse...

Abraço forte, sempre a resistir.