27 julho, 2022

JUSTES, 800 anos

 

JUSTES, 800 ANOS

Os habitantes de Justes sentem-se muito honrados porque vão festejar no final desta semana, os 800 anos da sua Carta de Povoamento, emitida por D. Afonso II.

É um ano especial, com toda a comunidade muito empenhada em criar um conjunto de eventos que dignifique e testemunhe por muitos anos, a data histórica.

A vida envolve-nos de tal forma que por vezes nem percebemos ou ignoramos a história da terra que pisamos. A passagem do testemunho oral, vai-se perdendo de geração em geração, e é fácil perder o fio cronológico que nos poderia levar ao passado. Para os mais jovens, 100 anos é muito tempo, 800 anos, só acreditam porque existe o documento escrito, que felizmente integra os registos do território, desde o início da nacionalidade. Valem-nos os vestígios que a terra esconde, mas não rouba. Justes como seria antes de 1222? O tempo imprimiu no seu território, vestígios que testemunham várias épocas perfeitamente identificadas e que nos asseguram que esta comunidade tem uma história com mais de 6 mil anos.

Dos vestígios mais antigos constam os machados de Justes, datados em 2.000 a 3.000 anos aC e as Mamoas de 4.000 anos aC. Os historiadores e arqueólogos certamente podem relatar este passado vinculado às gentes descendentes de Maria Boa, que despertaram este ano para o 8º centenário da sua Carta de Povoamento.

Os transmontanos terão um bom motivo para visitar Justes e participar numa caminhada pelo passado através do percurso pedestre por “Terras de Maria Boa, do neolítico até aos nossos dias”, organizado pela AdJustes, e integrar a festa de rua com traços medievais e respectivos banquetes.

Pretendo deixar registo de um grupo de trabalhadores que conseguiram concretizar a ideia de que sou autora, a construção do nome de JUSTES através de letras tridimensionais em betão armado, com fundação apropriada, que não só registarão o centenário, como deixarão vestígio para o futuro, de algo com o tempo que o betão armado permitir (engenheiro Gabriel Carvalho). Os trabalhadores das grandes obras ficam normalmente ignorados, permanecendo anónimos na História, porque o destaque pertence sempre à inauguração das mesmas, absorvidas pelo poder político do momento. Sempre foi assim, exceptuando alguns mestres canteiros, que gravavam a sua marca nas pedras que talhavam e que agora, muitos anos depois, os descobrem como autores de obras grandiosas.  Por isso, felicito todos os homens e mulheres que sacrificaram dias de trabalho, fins-de-semana, finais de tarde e noites, para que a partir do dia 1 de Agosto de 2022, a palavra JUSTES seja presença constante e visível na parte superior do largo Manuel José Gonçalves Grilo, conhecido como o espaço do paredão. Esta obra será companhia para quem vive aqui, cartão de visita para quem aqui passar e cartão de identidade e de pertença que honrará os nossos antepassados e todas as memórias que se acumulam ao longo dos séculos.

Será a imagem de Justes para o futuro.

Aqui fica a homenagem a todos.

Publicado em NVR 27/07/2022


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