Olho-te numa fotografia, a cabeça lisa desnudada, que se
repete como caleidoscópio na minha mente, nos meus desenhos na minha paleta de
cores, desde sempre. Cabeças desnudadas vindas de um outro planeta, que me
vigiam constantemente, anunciando ou denunciando algo. Estruturas cranianas por
vezes assexuadas, que me fazem recuar e avançar na minha orfandade universal
que se afoga em lágrimas texturadas de claves de sol nascidas num kissange.
Escuto-me. Tento desconstruir labirintos juvenis que me parecem levar a lado
nenhum. Estendo o olhar por terras ocres, embarcando em caravelas azuis
repletas de jacarandás e oiço o meu batimento cardíaco dissolvido em Distant
Gardens. Organizo palavras que possam expressar os labirintos que me retiram o
ar suspenso como mobilies da minha existência.
Quero dar e receber, equacionando cada dia de um equilíbrio de sensações
capazes de contrariar e impedir o regresso a casa, mais parecendo um verdadeiro
jogo de xadrez. Sento-me e espreguiço-me na espuma deste início de noite
tempestuosa, marcada pela fúria invernosa dos elementos, recolho o mundo e
desligo-o!
Click!!!!!
In “Ensaios de escrita, um projecto sempre adiado” Anabela Quelhas
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