03 janeiro, 2014

click

Olho-te numa fotografia, a cabeça lisa desnudada, que se repete como caleidoscópio na minha mente, nos meus desenhos na minha paleta de cores, desde sempre. Cabeças desnudadas vindas de um outro planeta, que me vigiam constantemente, anunciando ou denunciando algo. Estruturas cranianas por vezes assexuadas, que me fazem recuar e avançar na minha orfandade universal que se afoga em lágrimas texturadas de claves de sol nascidas num kissange.
Escuto-me. Tento desconstruir labirintos juvenis que me parecem levar a lado nenhum. Estendo o olhar por terras ocres, embarcando em caravelas azuis repletas de jacarandás e oiço o meu batimento cardíaco dissolvido em Distant Gardens. Organizo palavras que possam expressar os labirintos que me retiram o ar suspenso como mobilies da minha existência.
Quero dar e receber, equacionando cada dia de um equilíbrio de sensações capazes de contrariar e impedir o regresso a casa, mais parecendo um verdadeiro jogo de xadrez. Sento-me e espreguiço-me na espuma deste início de noite tempestuosa, marcada pela fúria invernosa dos elementos, recolho o mundo e desligo-o!
Click!!!!!
In “Ensaios de escrita, um projecto sempre adiado” Anabela Quelhas

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