02 junho, 2009

IV - Ensinar a identidade terrena (4)

IV - Ensinar a identidade terrena


O destino planetário do género humano é outra realidade até agora ignorada pela educação. O conhecimento dos desenvolvimentos da era planetária, que tendem a crescer no século XXI, e o reconhecimento da identidade terrena, que se tornará cada vez mais indispensável a cada um e a todos, devem converter-se em um dos principais objectos da educação.
Convém ensinar a história da era planetária, que se inicia com o estabelecimento da comunicação entre todos os continentes no século XVI, e mostrar como todas as partes do mundo se tornaram solidárias, sem, contudo, ocultar as opressões e a dominação que devastaram a humanidade e que ainda não desapareceram. Será preciso indicar o complexo de crise planetária que marca o século XX, mostrando que todos os seres humanos, confrontados de agora em diante aos mesmos problemas de vida e de morte, partilham um destino comum.


A contribuição das contracorrentes
O século XX deixou como herança contracorrentes regeneradoras. Frequentemente, na história, contracorrentes suscitadas em reacção ás correntes dominantes podem desenvolver-se e mudar o curso dos acontecimentos. Devemos considerar, como movimentos importantes e actuantes:

- a contracorrente ecológica que, com o crescimento das degradações e o surgimento de catástrofes técnicas/industriais, só tende a aumentar;

- a contracorrente qualitativa que, em reação à invasão do quantitativo e da uniformização generalizada, se apega à qualidade em todos os campos, a começar pela qualidade de vida;

- a contracorrente da resistência à vida prosaica puramente utilitária, que se manifesta pela busca da vida poética, dedicada ao amor, à admiração, à paixão, à festa;

- a contracorrente de resistência à primazia do consumo padronizado, que se manifesta de duas maneiras opostas: uma, pela busca da intensidade vivida (consumismo); a outra, pela busca da frugalidade e temperança (minimalismo);

- a contracorrente, ainda tímida, de emancipação em relação à tirania omnipresente do dinheiro, que se busca contrabalançar por relações humanas e solidárias, fazendo retroceder o reino do lucro;

- a contracorrente, também tímida, que, em reacção ao desencadeamento da violência, nutre éticas de pacificação das almas e das mentes.


(cont.)

3 comentários:

Pena disse...

Anabela:
Registei isto que um dia me hás-de explicar com a tua sensatez e sobriedade de sempre:
"...Ensinar a identidade terrena...?
O destino planetário do género humano é outra realidade até agora ignorada pela educação. O conhecimento dos desenvolvimentos da era planetária, que tendem a crescer no século XXI, e o reconhecimento da identidade terrena, que se tornará cada vez mais indispensável a cada um e a todos, devem converter-se em um dos principais objectos da educação.
Convém ensinar a história da era planetária, que se inicia com o estabelecimento da comunicação entre todos os continentes no século XVI, e mostrar como todas as partes do mundo se tornaram solidárias, sem, contudo, ocultar as opressões e a dominação que devastaram a humanidade e que ainda não desapareceram..."

Explicação planetária ligada à Educação, acho excelente.
Dará maior credibilidade e interesse educativos e formativos.
Perfeito.
Bj amigos de respeito e estima.
Fabuloso, amiguinha.
Fica combinado...? Serei um dedicado ouvinte/aluno...
Levo onde escrever...?

pena

FABULOSO...!

Fátima Rodrigues disse...

Numa situaçao-limite,onde parecer não ter solução, moblilizarmos nossa capacidade criativa para encontrarmos a solução,pessoalmente fazemos isso cotidianamente para encontararmos saidas para pequenos problemas.A humanidade não é diferente,é necessario uma grande crise, a instalaçao do caos para que humanidade acorde de desperte da letargia,do comodismo e procure caminhos para salvaçao.Você magistralmente escreveu um texto que expoe muito bem sobre as contracorrentes,de com elas aparecem ou se constroem no momento que parec não ter mais solução.quando chegamos ao apice da crise,temos duas saídas:sucumbimos ou saimos da crise mais fortes,prontos para os desafios e renascemos.Penso que para nascermos é preciso morrermos.Vivemos nesse paradoxo:morrer e nascer todo dia.

Fátima Rodrigues disse...

Contracorrente regenadora-movimentos que se constroem para restabelecer o que está destruido,para mudar o curso da vida para gerar outra forma de vida,é assim com a natureza e é assim com humanidade.E impressionante como estamos tão longe fisicamente,em continentesdiferentes e compartilhamos das mesmas procupaçãoes.Hoje minha preocupaçao é com o destino deste planeta que habito.de como estamos tratando tão mal nossa casa.me procupo tambem com os rumos que possamos tomar,mas sei que não podemos mais cruzar os braços temos que acordar e pensar em solucoes viaveis para todos.Eu compartilho com voce da importancia que a educaçaõ escolar podeter nesse momento e acredito que esta na hora da escola se reconhecer como parte importante desse debate e pensar em estragegias para melhorar a qualidade de vida em todos os continentes.