MIGALHÃES
Lá vem pelo avelar
O filho do Zé João
Vem do centro escolar
Cansado de palmilhar
A caminho da povoação
Não há médico na aldeia
E a antiga escola fechou
Não tem carne para a ceia
Nem petróleo para a candeia
Porque o dinheiro acabou
O seu pai foi para França
Trabalhar na construção
E a mãe desta criança
Trabalha na vizinhança
Lavando pratos e chão
Mas o puto vem contente
Com o Migalhães na mão
E passa por toda a gente
Em alegria aparente
De quem já sabe a lição
Um senhor muito invulgar
Que chegou com mais senhores
Veio para visitar
O novo centro escolar
E dar os computadores
E lá vem o Joãozinho
No seu contínuo vaivém
Calcorreando o caminho
Desesperando sozinho
À espera da sua mãe
Neste país de papões
A troco de dois vinténs
Agravam-se as disfunções
O rico ganha milhões
E o pobre, Migalhães!
Autor desconhecido
1 comentário:
Brilhante Amiga:
O "Migalhães" é a paixão do nosso Primeiro...
Há algo de "sério" entre eles...
"...Não há médico na aldeia
E a antiga escola fechou
Não tem carne para a ceia
Nem petróleo para a candeia
Porque o dinheiro acabou
O seu pai foi para França
Trabalhar na construção
E a mãe desta criança
Trabalha na vizinhança
Lavando pratos e chão
Mas o puto vem contente
Com o Migalhães na mão..."
Penso que reparem na utópica sensação desta "realidade" feliz/ /falsa...
Atentem só, POR FAVOR...!!!
Sem mais...
Beijinhos amigos de um respeito imenso.
O teu valor é visível. Evidente.
Penso que "tocará" todos os que te lerem...
Com admiração pela tua coragem sensata e lúcida. Muito...
O sempre fiel leitor/amigo sensível ao teu génio criativo e amplamente significativo
pena
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