22 janeiro, 2025

DE POETA E DE LOUCO TODOS TEMOS UM POUCO

 


DE POETA E DE LOUCO TODOS TEMOS UM POUCO

A poesia sempre me acompanhou ao longo da vida, como escape de emoções. É uma arte singular, que me emociona e diverte quando a leio, mas quando a escrevo é uma necessidade urgente de escoar sentimentos normalmente de tristeza e de dor, funcionando como um bálsamo para o meu interior.

A poesia em mim não surge como uma tarefa que realizo regularmente a uma determinada hora. A poesia surge como desabafo, em rajada, mal ou bem, estabelece ligação ao meu interior - coisa rápida e destemperada. Chegou a hora de fazer algo mais do que comprar livros de poesia, lê-los, ou então alinhavar versos sem rima em pequenos papelinhos, que aparecem na minha carteira, escritos nos lugares mais inoportunos.

Em ano de comemoração de Camões, decidi planear um momento de poesia na rádio, com o objectivo de ler e partilhar poesia com os ouvintes, e em simultâneo motivar as pessoas a ler poesia em voz alta, e libertarem-se do complexo de que não sabem declamar.

Eu também não sei declamar, mas sou “atrevida e louca”. Leio o melhor possível e aos poucos vou desenhando e construindo a minha leitura mais comunicativa e expressiva.

Apresentei esse projecto à Radio Universidade FM, e o seu diretor, Luís Mendonça, rapidamente viabilizou o pedido, e o momento poético está no ar desde o dia 25 de Novembro de 2024, 2ª, 4ª e 6ª, depois das 10h e depois das 13h, eu diria que quase colado pontualmente nesse horário.

Solicitei à equipa da Rádio um jingle de apresentação, com som de fundo urbano, pessoas a falar de forma desorganizada, e pretendo felicitá-la porque fizeram exactamente o que eu imaginava, testemunhando o seu profissionalismo, acrescido com a voz inconfundível de Mila Brigas.  Penso que ficou perfeito. Assim, no horário indicado, quem sintoniza Universidade FM, escuta um poema aleatório, proferido em 2 ou 3 minutos, devidamente identificado, que tenta promover a literacia poética de todos e despertar o gosto pela beleza das palavras e pelas emoções que elas transmitem.

Envolve uma organização muito simples e tudo tem corrido bem, graças às novas tecnologias.

Como a Rádio ainda não criou compactos para ouvir em diferido, tenho divulgado nas redes sociais e no meu blogue pessoal “Estirador sem Rima” https://estiradorsemrima.blogspot.com na etiqueta Universidade FM.

A Rádio ainda não fez uma análise do impacto destes breves minutos, porém, tenho um retorno positivo dos meus amigos virtuais e a garantia dada pelos contadores de visitas, que aquilo que publico tem 2 ou 3 dezenas de leitores/ouvintes, alguns localizados fora de Portugal, nos países lusófonos, acrescidos daqueles que ouvem directamente da rádio.

A contabilidade que conduz ao sucesso será um caminho lento, mas seguro, e o que me interessa é que a magia da poesia se tenha conectado com a vida de alguém, tenha despertado curiosidade, e tudo o resto é uma mais-valia.

Entretanto, a poesia, em menos de 2 meses, conseguiu cativar Graça Vilela, João Carlos Carranca, Martim Carvalho, Manuela Vaz de Carvalho e Rosa Canelas, para a vocalização, dando voz à poesia, e as suas primeiras gravações já passaram na rádio e continuarão a ser convidados a colaborar, tornando o momento de poesia cada vez mais rico e diversificado. Quem pensa que a poesia é uma seca, perceberá que afinal não é e até pode escutar música associada.

Com a Rádio Universidade FM, a poesia é universal e é um canal aberto para quem ousar ler e gravar em “sintonia” lusófona – entre em contacto através de email:  hexaaq@gmail.com

“De poeta de louco todos temos um pouco” inaugurou com “Poema aos homens constipados” de António Lobo Antunes e seguiram-se mais 24 poemas de autores diferentes, todos lusófonos, e conhecidos, a maioria contemporâneos. É interessante constatar que a nossa cultura é extremamente valiosa na vertente poética, merece maior divulgação e deve constituir orgulho na nossa identidade. E afinal dizer poemas, é ousado, possível e motivador.

Publicado 22|01|2025 em NVR


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