18 outubro, 2025

O UNIVERSAL É O LOCAL SEM PAREDES

 













“Sófia (sabedoria)”

 “Sófia (sabedoria)”

Sófia (sabedoria)

Erguida no coração da cidade de Sófia, a Estátua de Santa Sofia, estátua monumental, é um dos símbolos mais marcantes da capital búlgara. Inaugurada em 2000, ela substituiu um antigo monumento a Lenine e hoje representa a força, a sabedoria e a liberdade. Com 8,08 metros (26 pés e 6 polegadas) de altura e um peso de cerca de 5 toneladas, a estátua de cobre e bronze fica em um pedestal de 16 metros (52 pés e 5,9 polegadas) de altura.

Na mão direita, Sofia segura uma coroa de louros, símbolo de vitória; na esquerda, uma coruja, que evoca poder e sabedoria; já o colar com a cruz lembra as raízes cristãs da cidade. Com quase 24 metros de altura, a estátua observa Sófia do alto, unindo passado e presente na sua figura majestosa.

Sofia foi o nome de uma mártir cristã que foi obrigada a presenciar a tortura e morte das suas três filhas por ordens do imperador romano Adriano, no início do século II.

Esta estátua criou um desconforto entre os búlgaros. Eles consideram-na demasiadamente erótica e pagã, destoando, totalmente da imagem de uma santa. E, de perto, realmente, os detalhes e contornos da estátua não são aqueles que, tradicionalmente, vimos em imagens de santas.

Eu considero-a lindíssima.

(Diário de Viagem – outubro 2017)


15 outubro, 2025

𝐓𝐡𝐞 𝐆𝐥𝐞𝐧𝐧 𝐌𝐢𝐥𝐥𝐞𝐫 𝐎𝐫𝐜𝐡𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚


 𝐓𝐡𝐞 𝐆𝐥𝐞𝐧𝐧 𝐌𝐢𝐥𝐥𝐞𝐫 𝐎𝐫𝐜𝐡𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚

Quem viu e ouviu, viu e ouviu, quem andou distraído, certamente não terá outra oportunidade e quando chegou à bilheteira, já os bilhetes estavam esgotados, na carteira de muitos fãs.

A vinda da 𝐓𝐡𝐞 𝐆𝐥𝐞𝐧𝐧 𝐌𝐢𝐥𝐥𝐞𝐫 𝐎𝐫𝐜𝐡𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚 a Vila Real é um acontecimento que proporcionou momentos únicos e mágicos, numa noite memorável de jazz e os espectadores encheram o teatro no dia 9 de Outubro.

Muito obrigada, Douro Jazz!!!

Tenho assistido a muitos espectáculos de jazz de qualidade, mas Glenn Millher Orchester é outro patamar mais elevado.

Desde o início que me convidou a viajar na memória, porque as suas músicas estiveram presentes em muitos momentos na vida de cada um dos presentes, jovens e menos jovens.

As suas músicas associam-se a “glamour” momentos de encanto, fascínio, brilho e elegância, e assim alimentei a minha viagem durante o espectáculo. São músicas intemporais que nos oferecem uma certa energia  e alegria contagiantes, já um pouco esquecidas dentro de nós. Recordei filmes, recordei cerimónias, recordei festas daquelas de mulheres vestidas de longos vestidos e os cavalheiros vestidos de fatinho ou até de casaco de asa de grilo e sapato de verniz, e até recordei a TAP, quando era uma companhia aérea de prestígio e acolhia os seus viajantes com música de fundo desta orquestra.

Dançariquei, ainda adolescente, “In The Mood” em noites tropicais, mas sem dúvida foi “Moonlight Serenade”, quem me acompanhou como som de fundo em muitas horas de muitas leituras e muitos rabiscos, em noites solitárias.

Quem diria que numa bela noite de 2025, eu teria oportunidade de estar num espectáculo com eles? Nunca imaginei.

Glenn Miller nasceu em 1904, foi um músico de jazz, transformou-se num organizador de orquestras ligeiras masculinas, morreu em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, num avião norte-americano, a atravessar o Canal da Mancha. Deixou um legado e após a sua morte, a Glenn Miller Orchestra foi reconstituída, passou por várias fases e continua a apresentar-se ao público até hoje. E ontem foi aqui, chegou a nossa vez.

No dia 9, os músicos entraram em palco vestidos com casaco vermelho e lacinho preto, radiantes e a criar de imediato empatia com o público, que se lhe desse corda, trauteariam as músicas que tocavam. A média de idades é elevada, mas a sua música é brilhante. O maestro Ray McVay, apesar de muito idoso e fisicamente debilitado, dirigiu brilhantemente 20 músicos talentosos, que tornaram a noite numa das mais especiais deste teatro. Glenn Miller também influenciou muitos músicos e bandas que seguiram os seus passos. O seu legado continua vivo até hoje, com a sua música permanecendo popular em todo o mundo.

Vim para casa feliz e animadaça e revoltei a ouvir a maioria das músicas, swing e big band, quase 100 anos depois, liguei o meu imaginário nos anos 30, quando eu ainda nem existia.~

Publicado em NVR 15|10|2025

"ECOS" - António Carlos Cortez

 

"ECOS" - António Carlos Cortez

https://voca.ro/1kMidrPlLA3q

Voz: Anabela Quelhas

14 outubro, 2025

LAVAGANTE


Direção: Mário Barroso 

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12 outubro, 2025

11 outubro, 2025

A LINHA

 


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Realização: Ursula Meier

OH HAPPY DAY

 


EM BOA COMPANHIA

10 outubro, 2025

as minhas gravatas

 Aprecio gravatas interessantes e originais. Por vezes uso-as, sem qualquer preconceito, de forma feminina, desconstruída e desarrumada, como quem usa um colar ou um lenço do pescoço. Elas são lindas e começo a ter colecção.

GRAVATA 1

"La Rève" - Pablo Picasso.


GRAVATA 2 

Juan Miró


GRAVATA 3

M. C. Escher




AUTO DOS ANFITRIÕES

 


"RODOPIO" - Mário de Sá Carneiro



https://voca.ro/17JSNBLsDeHT


Voz: João Carlos Carranca 


 

Play Time_ vida moderna.

 

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Realizador: Jacques Tati

09 outubro, 2025

GLENN MILLER

 

FABULOSO

O simples guardanapo


 O simples guardanapo

A festa "O Paraíso" ("Festa del Paradiso"), que muitos desconhecem, está ligada à suposta invenção do guardanapo, acessório importantíssimo que hoje, se coloca em todas as mesas onde se fazem refeições.

Antes não era assim, na Idade Média as pessoas não usavam talheres para comer. Os alimentos eram levados à boca com as mãos e a sujidade ou a gordura, que ficava nos dedos, era limpa na toalha da mesa ou nas próprias roupas.

Mesmo os mais cultos, ricos e nobres, tinham esta postura, por vezes um pouco mais rebuscada, em vez de limparem as mãos à toalha de mesa, ou à roupa, permitiam a permanência de animais nas áreas de comer, especialmente, cães, gatos e coelhos, para que os convivas limpassem as mãos nos seus pêlos. Uma nojice! No século XIII, surge a ideia de deixar pedaços de pano suspensos da parede para que a precária higiene fosse feita, mas sem grande sucesso.

Assim se compreende as grandes operações de higienização das toalhas de linho após os banquetes, pois elas deveriam ficar imundas, sendo necessário, muita água a ferver, sabão, cinza, barrela e cora para eliminar toda aquela porcalhotice.

A festa ”O Paraíso” foi um evento grandioso realizado a 13 de janeiro de 1490, em Milão, na corte de Ludovico, para o casamento de Isabel de Aragão e Gian Galeazzo Sforza. A celebração, ocorreu no Castelo Sforzesco, e foi Leonardo da Vinci, mestre de cerimónias do duque de Milão, que organizou e decorou a famosa festa. A festa incluiu uma preocupação decorativa com os guardanapos individuais, substituindo coelhos (vivos) adornados com fitas presas às cadeiras dos convidados, para estes poderem limpar as mãos cheias de gordura nas costas dos animais, o que ele achava muito pouco próprio desses tempos. Decidiu então mudar esse hábito e colocar um pano individual para cada um dos convidados.

O ponto alto da festa, uma festa muitas vezes imitada e nunca igualada, foi o espectáculo oferecido a Isabel, que era muito jovem, que continha  algo inovador para a época - uma encenação com dança, música, jogos de luz e fumo, e uma grande máquina com várias engrenagens que proporcionavam movimento em cima do palco conjugado com personagens mitológicas, Apolo, Júpiter e Mercúrio, até surgir um cavalo mecânico, alusão à enorme estátua equestre que Leonardo tanto desejava ter como encomenda para decorar um mausoléu – coisas da vida de artista, sempre dependente de quem detém o poder.

Voltando aos guardanapos, a decepção foi grande para Leonardo, porque os guardanapos não foram utilizados devidamente. Segundo Pietro Alemanni, «Ninguém sabia como utilizá-lo nem o que fazer com ele. Alguns dispuseram-se a sentar-se em cima dele. Outros serviram-se dele para assoarem o nariz. Outros usavam-no como um jogo. Outros ainda embrulhavam neles as iguarias que escondiam nos seus bolsos e bolsas. E, quando acabada a refeição a toalha de mesa ficava suja como nas ocasiões anteriores, o mestre Leonardo desabafou-me o seu desespero em relação ao insucesso da sua invenção».

O uso do guardanapo individual demorou a ser aceite. Só uns séculos mais tarde se converte num elemento de uso imprescindível nas boas maneiras às mesas, em todas as classes sociais do mundo ocidental.

Publicado em NVR 08|10|2025

08 outubro, 2025

"A VERDADE" - António Ramos Rosa

 


"A VERDADE" - António Ramos Rosa

https://voca.ro/1mdpVAYBND0L

Voz: Anabela Quelhas

file:///E:/radio/audio/137%20-%20a%20verdade%20-%20antonio%20ramos%20rosa.mp3


05 outubro, 2025

DIA DO PROFESSOR

ALUNOS MJA 2011






DIA DO PROFESSOR

 


Sou arquitecta de formação e profissão e em paralelo fui professora. Inicialmente enveredei pelo ensino para melhorar a minha condição financeira, em início de carreira de arquitecta dava jeito mais uns escudos, passado uma semana, decidi que não seria só uma experiência, porque enriquecia a minha polivalência, e assim durante muitos anos tive duas profissões, conseguindo dar o melhor nas duas. Profissionalizei-me para melhor entender o processo educativo.

Como arquitecta realizava o exercício da composição diariamente, que acho essencial, e a arquitectura abria-me a porta para o mundo. Como professora realizava todas as experiências plásticas que só é possível realizar na Escola, e eram para mim momentos de descontração e de enriquecimento criativo. Com os alunos abria portas para o interior de cada um deles, para eles poderem sair da caverna e a gostar deles e do mundo.

Foram anos de carreira de grande potencial. Ensinei sobretudo o gosto pela arte e o entusiasmo em realizar trabalhos artísticas, que melhoravam a auto-estima dos alunos. Passei por 7 escolas, e em todas deixei marca, com convites para voltar. Os trabalhos dos alunos estavam sempre expostos, e mesmo aqueles de menor qualidade, arranjava um jeito de o valorizar para estimular o aluno a fazer melhor.

A carreira dos professores tem sido pouco valorizada, tanto em remuneração como em dignificação pública, mas devo salientar duas vertentes muito positivas: Concursos nacionais de lista única e haver uma renovação anual. Em cada ano pode-se ter alunos diferentes, colegas diferentes e até uma escola diferente, isso para mim é muito estimulante. Poder realizar práticas diferentes todos os anos, tiram qualquer resquício de monotonia que me afecta negativamente. Nunca quis saber quem eram os novos alunos e o seu aproveitamento escolar anterior. As artes visuais, que leccionei, foram sempre uma plataforma de renascimento, de renovação e de novas oportunidades.

Lembrar, que os professores precisam de pausas - mais dias de férias e menos horas de trabalho. Ninguém consegue estar todos os dias, operacional, cativante, criativo e colocar-se ao nível de cada aluno (por vezes são mais de 100 alunos/dia), se não tiver pausas de tranquilidade e renovação. Os professores com mais de 60 anos estão exaustos, a sua carreira é longa e desgastante e funcionaram como almofada a todas as reformas tresloucadas que cada ministro quis impor.

04 outubro, 2025

DOURO JAZZ



Em boa companhia

ENCONTRO(S) DE LITERATURA

 

~
ESPAÇO MIGUEL TORGA

Destaco:

Analise da obra "Naus" de António Lobo Antunes - Marina Rocha

Analise da obra  "Ano da morte de Ricardo Reis - Adelaide Jordão

02 outubro, 2025

01 outubro, 2025

DOURO JAZZ

 


antecipando

ANTECIPANDO


QUINTA DAS ALFAZEMAS, Mafra
 

"POEMA COM HISTÓRIA" - António Cabral


"POEMA COM HISTÓRIA" - António Cabral.

https://voca.ro/15gdeWdVOMnq

Voz: Anabela Quelhas

file:///E:/radio/audio/134%20-%20poema%20com%20historia%20-%20antonio%20Cabral.mp3


INVERTE O DISCURSO

 


INVERTE O DISCURSO

Aproximam-se eleições e é necessário ter a memória fresca, pensamento ginasticado e sobretudo manter a lucidez. Nestes últimos dias de campanha, vai valer tudo. A demagogia para convencer os mais despreparados e incautos estará ao rubro.

O ser humano é um ser por natureza insatisfeito e isso faz evoluir a Humanidade, porém é preciso saber para onde e como.

A comunicação social e as redes sociais passam constantemente a ideia que todos são corruptos, ladrões, criminosos, mal-formados e oportunistas. Raramente dão destaque aos honestos, aos criativos, aos bem-pensantes, porque são a maioria e não dão canal. Pare para pensar.

Hoje vivemos muito melhor do que há 50 anos! Se vivemos melhor, é necessário inverter este discurso. A democracia é um ideal que se tenta atingir e talvez nunca chegaremos ao final do caminho, porque este tem muitos obstáculos, e o maior obstáculo são aqueles que tentam derrubá-la.

Vivemos 50 anos sem guerra! Temos direito a opinião, a formar organizações políticas e até partidos, e a votar. Temos o direito de saber que há corrupção e a apontar o dedo. Era assim, antes? Não, nem sabíamos o que se passava no país, eramos uma população ignorante – então, mudamos para melhor.

Antes do 25 de abril de 1974, o sistema de reformas em Portugal era limitado e não abrangia todos os cidadãos.

Há 50 anos quantos serviços de saúde existiam em Vila Real? Um pequeno e velho hospital, cedido pela Santa Casa da Misericórdia, duas pequenas clínicas, a Delegação de Saúde e o Serviço de Assistência à Tuberculose, onde íamos tratar das vacinas quando íamos para o antigo Ultramar. Quantos médicos havia com consultório? Meia dúzia. Hoje temos um grande Hospital Distrital, onde não vou mais vezes, porque tem listas de espera, mas quando tenho um problema muito grave é para onde vou. Temos três centros de saúde com médicos de família, dois hospitais privados, diversos pontos de enfermagem, de fisioterapia e de meios de diagnóstico por imagem. Precisamos melhorar? Sim. Mas estamos incomparavelmente melhor. Temos o INEM, quando a dor no peito aperta, para quem telefonamos? Para os hospitais privados? Para o comentador do sofá? Para o político que prometeu “mundos e fundos”?

A esperança de vida aumentou e a mortalidade infantil reduziu-se. Foi por quê? Temos lares para a terceira idade, infantários, pontos de apoio para os toxicodependentes, unidades de planeamento familiar, pavilhões desportivos, espaços para desenvolver o turismo e muito património conservado. Tínhamos isto há 50 anos? CLARO QUE NÃO! Temos centros de cidade vazios, porque se apostou na construção de centros comerciais. E quem não utiliza os referidos centros comerciais, atire a primeira pedra.

O Rendimento Mínimo provoca alergias a muita gente, porque meia dúzia de oportunistas, fazem erradamente bitola para todos. Paga o justo pelo pecador, mas ajuda muitas famílias.

Há desafios a superar para garantir uma justiça mais eficaz e acessível a todos. Portugal está considerado o 33º país menos corrupto do mundo, em 135 países, mesmo assim é um lugar que não gera orgulho.

A escolaridade é gratuita até ao 12º ano.

Vila Real, uma cidade pequena tem uma oferta cultural, nunca vista anteriormente. Quando a Amália vinha a Vila Real, a malta até saia à rua a aplaudi-la – sinal de atraso e escassez.

Há 50 anos demorávamos quatro horas para ir ao Porto, hoje bastam cinquenta minutos e a maioria das cidades têm acesso por auto-estrada ou via rápida.

Há falta de dinheiro? Sim e não! As grandes obras públicas estão dependentes de candidaturas a fundos europeus, mas existe na nossa sociedade uma economia paralela, atrevida, descontrolada e gigantesca que é urgente travar.

A emigração não é incompatível com a democracia.

Há falta de habitação, sim. No pós Abril, as pessoas organizaram-se em cooperativas/associações que tentavam resolver diversos problemas junto às populações, ligados à habitação, à agricultura e até à cultura e educação. Sabem o que aconteceu? Ergueu-se uma contestação sombria contra estas estruturas, porque diziam que eram comunistas, o “bicho papão”. A maioria das casas em Portugal agora tem água canalizada, instalações sanitárias, esgotos e eletricidade, com apenas 2% das habitações sem esses serviços básicos. Em 2020, 75% dos residentes em Portugal viviam em habitações próprias.

Podes fazer greve, participar em manifestações, até podes ser facho e ignorante, e não pagas para votar. Pensa, reflecte e inverte o discurso. Valoriza as conquistas de Abril e o país fantástico onde vives, porque muitos querem vir para cá.

Publicado em NVR 01|10|2025

27 setembro, 2025