12 novembro, 2025

Sugestões já sugeridas neste jornal

 

Sugestões já sugeridas neste jornal

Numa tentativa de melhoria rápida de alguns pontos negros da cidade, para haver algum desbloqueamento do trânsito em horas de ponta, é necessário reflectir sobre certas situações, para melhorar significativamente a urbanidade dos Vila-Realenses. É sempre bom reconhecer falhas, rever conceitos sobre o funcionamento urbano e criar novas soluções, que resolvam problemas das pessoas. Numa cidade feliz é urgente ter cidadãos felizes, sem filas de trânsito e que os automóveis não encham as ruas.

1 - Após o Domingo de eleições, os bancos de granito localizados no acesso ao Hospital da Luz foram removidos. Não sei para onde foram, espero que não voltem para o mesmo sítio, já que condicionavam o acesso automóvel, ao Hospital da Luz.

2 –A Avenida da Europa exige a deslocação de uma paragem de autocarro e localização de pequena rotunda, para não se duplicar o trânsito e facilitar a saída da Escola Diogo Cão.

3 – O mesmo problema na saída da Escola Morgado de Mateus, na ligação com a Rua Nossa Senhora dos Prazeres.

4 – Gosto do Pioledo com 2 sentidos, porém há que resolver a circulação dos automóveis, que descem a Rua D. Dinis e pretendem virar à esquerda, evitando dar a volta ao Mercado.

5 – O conhecido cruzamento do sinaleiro, não precisa de obras futuristas descabidas para esta cidade. Necessita apenas de um novo acesso à ponte, contornando o edifício da marisqueira Amadeos, para que a ponte funcione nos dois sentidos, sem sinais luminosos. Sugeri esta solução há muitos anos, aqui neste jornal.  Esta seria uma obra um pouco mais complexa e deveria ser a oportunidade para renovar a Av. 1.º de Maio, alargando o passeio marginal, transformando-o num grande passeio público, cobertura de um estacionamento inferior de dois pisos, capaz de resolver alguns problemas: paragem segura para autocarros de turistas, que se dirigem ao museu ou ao centro histórico, animação do comércio da Av. 1.º de Maio, apoio ao Centro de Saúde e requalificar aquela vertente do Corgo, que apresenta algumas construções clandestinas, que degradam a paisagem, e atrofiam o caminho pedestre que vai até à parte inferior da ponte metálica. Um grande estacionamento, arquitectonicamente integrado na margem direita do Corgo, resolveria o acesso que todos querem ao centro da cidade. A ideia não é nova, já houve um projecto, mas desconheço-o. Um estacionamento não tem que ser um mamarracho, pode ser discreto e muito útil. Veja-se o exemplo da Cidade Histórica de Toledo, Património Mundial da UNESCO como resolveram a proximidade ao centro histórico com um grande estacionamento numa das suas vertentes, perfeitamente integrado na volumetria da cidade. Esse grande passeio público que proponho, poderia ser polivalente: zona de permanência virada para o rio, aproximando-o da cota alta, com um alinhamento de diversos MUPIS, para divulgação cultural, e funcionaria como o grande ponto de contacto dos visitantes com a cidade, com acolhimento cultural e paisagístico único, sem criar conflito com o trânsito diário da cidade.

O que temos agora? Um museu sem espaço para acolher um autocarro. Os autocarros ou param no estacionamento do Hotel Miracorgo, ou param no meio da Av. 1.º de Maio, sem segurança e complicando o trânsito.    

6 – Finalmente peço um sinal, a colocar no acesso ao restaurante Panorâmico da UTAD, informando os automobilistas que a partir de certo ponto, a rua tem 2 sentidos.

Nesta cidade criou-se um mau-estar ao falar-se de automóveis, pois realizou-se toda uma reorganização a favor dos peões, e muito bem. Agora é necessário resolver os pontos de conflito, ou seja, alguns problemas que daí resultaram, próprios de cidades desta dimensão.

Publicado NVR, 12|11|2025

DACTILOBSCENO - Manuel Vitório Pereira



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Voz: João Carlos Carranca

11 novembro, 2025

50 ANOS DE ANGOLA INDEPENDENTE



50 ANOS DA INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA

 



    






05 novembro, 2025

Banda desenhada

 

Banda desenhada

Hoje tenho a tarde por minha conta.

Tarde chuvosa, as folhas acentuam a alopecia das árvores, uma poltrona em espaço aquecido, a hora mudou, uns blues de musiquinha de fundo e um livro do Asterix à minha espera: “Asterix na Lusitânia”.

Entrei para o mundo da leitura pela porta da BD e é sempre bom voltar.

Investi muitas horas a ler BD, sou daquelas que colocava a revista de BD no meio dos livros escolares e fingia estudar, quando a minha mãe espreitava para vigiar o que eu andava a fazer. 

Mais tarde como professora de Artes Visuais, explorei muito essa área com os meus alunos. Parecia motivante, os alunos aderiam muito bem a estas actividades, mas rapidamente descobriam que é uma das formas de comunicação mais difíceis. É considerada a 8.ª arte. O resultado é brutal, porém o processo construtivo é extremamente complexo.

É necessário conhecer toda a linguagem própria da BD, ter uma narrativa interessante e apelativa, dividi-la por partes, criar um guião ou um roteiro, articular as partes com desenhos, criar diversas pranchas (páginaa), organizar tiras e vinhetas, com geometria e regras de composição já interiorizadas.

De seguida é necessário fazer diversos esboços para serem seleccionadas as personagens que entram na narrativa, para se desenhar no interior de dada vinheta; inventar os planos, os cenários, planear os espaços para os cartuxos, as legendas, e os balões. Decidir se há narrador ou não…

Tudo deve estar perfeitamente em sintonia, o texto e a imagem sofrem constantes avaliações, correcções ou adaptações. Depois tem de haver a habilidade de desenhar cada personagem com o mesmo rosto, corpo e vestuário nas diversas vinhetas. É necessário escrever o texto alinhado na horizontal e integrado à forma de cada balão, desenhar onomatopeias e signos cinéticos, que dão som e movimento à narrativa, prendendo a atenção do leitor.

Depois de tudo vem a cor, com uma simbologia própria capaz de gerar emoções, e contrariar a monotonia de cada tira ou prancha.  

Finalmente é preciso o leitor ler, gostar, criar empatia imediata e ultrapassar o gostar; é necessário criar um vínculo com o leitor, para que volte, leia outra vez e entusiasme os amigos a ler também. O leitor não se pode cansar a ler BD, se isso acontecer ele abandonará o livro e não voltará mais.

A BD nasceu por volta dos anos 30 do século passado, inicialmente impressa depois digital. Pode ser uma simples tira, uma página inteira, uma revista ou um livro. Inicialmente, quando tudo era desenhado manualmente, envolvia sempre grandes equipas para concretizar tão grande empreitada. A tecnologia simplificou muitas tarefas. Se um livro é difícil de executar, uma BD é muito mais difícil.

A BD é uma das maiores artes de comunicar. Contam histórias de forma visual e emocional, criando uma conexão forte com os leitores. A ilustração oferece uma experiência visual única, há diversos géneros e personagens inesquecíveis e integram aquilo a que se chama a cultura popular.

Quero aqui deixar homenagem a todos os autores que animaram a minha geração, e são muitos, desde os livrinhos de cowbois à Disney, e deixando a indicação para os mais novos leitores, Tintins, Mafaldas e Asterix são imperdíveis.

Publicado em NVR, 05/11/2025

"ONDE VAIS?" - Bárbara Bandeira



https://voca.ro/1mcct9ntjpc4

Voz: Anabela Quelhas

file:///E:/radio/audio/149%20-%20onde%20vais%20-%20barbara%20bandeiraa.mp3

Música: Carminho

https://www.youtube.com/watch?v=gIP1hwTJOvs



 

31 outubro, 2025

HALLOWEEN 25


 Esta semana foi uma semana de tristeza e dor, nem ousamos combinar algo para nos divertir no Halloween. Cada um está com o seu luto, triste, decepcionado com a vida, sem disposição para rir, a reflectir sobre a nossa pequenina dimensão. Relativizar os problemas acho que é o caminho, aguardemos melhores dias, porque a vida é um sopro. Beijinhos.

"DA MINHA ALDEIA VEJO QUANTO DA TERRA SE PODE VER DO UNIVERSO! - Alberto Caeiro heterónimo de Fernando Pessoa


 "DA MINHA ALDEIA VEJO QUANTO DA TERRA SE PODE VER DO UNIVERSO! - Alberto Caeiro heterónimo de Fernando Pessoa

https://voca.ro/17lb2aC5Nosl

Voz: Anabela Quelhas

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22 outubro, 2025

A política está complicada.

 


A política está complicada.

Palestina | Israel - um acordo frágil, já ninguém acredita em nenhum dos lados, nem em Trump. Nós, ocidentais, não percebemos nada sobre este assunto milenar sem solução satisfatória para as partes.

É urgente a paz!

Trump é vaidoso, gostaria mesmo de um Nobel da Paz, mas penso que terá de se portar bem, durante algum tempo. Génio diplomático? Será? A caneta que assina documentos é daquelas, cinco ponto zero, adequada a míopes, e ele gostaria muito de a usar em Oslo.

[A propósito de Nobel, Lobo Antunes, mais uma vez ficou para trás – falta-lhe uma Pilar.]

Temos uma pausa, temos um cessar-fogo precário, mas não vislumbro nenhum acordo de paz. Espero estar enganada. O que haverá após um nó cego, a guerra, o caos, o inferno? O que vem aí? Não faço ideia. Talvez seja o fim do mundo; o recomeço com a fisga, a pedrada, o arco e a flecha é uma probabilidade.

Agora nós!

Favaios sai vencedor e muito bem, visivelmente mais bem preparado do que os outros, mas com pouco destaque nos orgãos de informação nacionais. Portugal continua a ser Lisboa e Porto e se querem que eu seja franca, às vezes até penso que se vive melhor assim – pensamento geriátrico que me ataca as articulações no início do Outono.

Digeridas as autárquicas apresentam-se os preparativos para as presidenciais. A sociedade movimenta-se.

Sinto-me perplexa, confusa, por vezes ponho em causa a minha própria lógica.  Não aprecio nenhum dos candidatos, por diversos motivos. Acho que vou deixar de ter leitores e espero que não me insultem na rua. Considero que nenhum tem perfil de líder carismático, capaz de seduzir multidões, com boas estratégias e bons projectos enquadrados nos poderes presidenciais. Aguardo que me façam mudar de ideias, não conheço nenhum pessoalmente, nem fora do rectângulo do meu computador.

Li num semanário:

Homens de meia-idade estão com o almirante.

Marques Mendes conquista as mulheres. (acrescento: não sei por quê)

Seguro é o preferido dos mais jovens e dos mais velhos.

O Outro, digo eu, uma incógnita.

Já me vejo a comer sapos e a engoli-los numa segunda volta, quiçá numa primeira, rematando com embalagem de kompensan-S durante todo o mandato.

O que me inquieta, e traz-me preocupada, é que aprecio mais Rui Rio e Rui Moreira como mandatários de diferentes candidatos, do que os próprios candidatos. Isto não é normal! Isto é uma inversão das circunstâncias. Nunca me aconteceu, estou a ficar com síndroma presidencial, ou insensibilidade a argumentários dejá vu, ou visão raios X Blimunda do século XXI.

Ainda faltam 3 meses, será melhor marcar consulta no psiquiatra, para meditar do divã e fazer uma regressão, para melhorar o meu auto-conhecimento? Juro que gostaria de dar o peito às balas por um candidato, mandar imprimir uma t-shirt com o rosto de um deles, distribuir panfletos, acenar com bandeirinhas e até inventar umas palavras de ordem para gritar nalguma manif. Mas não dá, estou desmotivada.

Manuel João Vieira de novo?

Para ampliar a minha desolação, Raquel Varela é dis(des)pensada (pedida) e pretendiam substituí-la pelo influencer Gonçalo Sousa, amuado daquele partido que faço questão de não escrever nunca o nome, com pensamento altamente corrosivo sobre vários assuntos, auto-titulado macho tóxico.

Venha o Almirante e os kompensans!

Vou mazé ouvir o organista Przemyslaw Kapitula – uma das coisas muito boas desta cidade, que poucos usufruem, porque não querem. E depois vou jantar, num sítio onde se possa cear por volta das 23h, que ainda não sei onde será. Há pouco por onde escolher, para além do famigerado hambúrguer. Lá se vai o glamour de uma ceia, após um concerto, em boa companhia.

Publicado em NVR 22|10|2025

AMOR ÓDIO


 

"TIMIDEZ" - Cecília Meireles




Voz: João Carlos Carranca

20 outubro, 2025

15 outubro, 2025

𝐓𝐡𝐞 𝐆𝐥𝐞𝐧𝐧 𝐌𝐢𝐥𝐥𝐞𝐫 𝐎𝐫𝐜𝐡𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚


 𝐓𝐡𝐞 𝐆𝐥𝐞𝐧𝐧 𝐌𝐢𝐥𝐥𝐞𝐫 𝐎𝐫𝐜𝐡𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚

Quem viu e ouviu, viu e ouviu, quem andou distraído, certamente não terá outra oportunidade e quando chegou à bilheteira, já os bilhetes estavam esgotados, na carteira de muitos fãs.

A vinda da 𝐓𝐡𝐞 𝐆𝐥𝐞𝐧𝐧 𝐌𝐢𝐥𝐥𝐞𝐫 𝐎𝐫𝐜𝐡𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚 a Vila Real é um acontecimento que proporcionou momentos únicos e mágicos, numa noite memorável de jazz e os espectadores encheram o teatro no dia 9 de Outubro.

Muito obrigada, Douro Jazz!!!

Tenho assistido a muitos espectáculos de jazz de qualidade, mas Glenn Millher Orchester é outro patamar mais elevado.

Desde o início que me convidou a viajar na memória, porque as suas músicas estiveram presentes em muitos momentos na vida de cada um dos presentes, jovens e menos jovens.

As suas músicas associam-se a “glamour” momentos de encanto, fascínio, brilho e elegância, e assim alimentei a minha viagem durante o espectáculo. São músicas intemporais que nos oferecem uma certa energia  e alegria contagiantes, já um pouco esquecidas dentro de nós. Recordei filmes, recordei cerimónias, recordei festas daquelas de mulheres vestidas de longos vestidos e os cavalheiros vestidos de fatinho ou até de casaco de asa de grilo e sapato de verniz, e até recordei a TAP, quando era uma companhia aérea de prestígio e acolhia os seus viajantes com música de fundo desta orquestra.

Dançariquei, ainda adolescente, “In The Mood” em noites tropicais, mas sem dúvida foi “Moonlight Serenade”, quem me acompanhou como som de fundo em muitas horas de muitas leituras e muitos rabiscos, em noites solitárias.

Quem diria que numa bela noite de 2025, eu teria oportunidade de estar num espectáculo com eles? Nunca imaginei.

Glenn Miller nasceu em 1904, foi um músico de jazz, transformou-se num organizador de orquestras ligeiras masculinas, morreu em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, num avião norte-americano, a atravessar o Canal da Mancha. Deixou um legado e após a sua morte, a Glenn Miller Orchestra foi reconstituída, passou por várias fases e continua a apresentar-se ao público até hoje. E ontem foi aqui, chegou a nossa vez.

No dia 9, os músicos entraram em palco vestidos com casaco vermelho e lacinho preto, radiantes e a criar de imediato empatia com o público, que se lhe desse corda, trauteariam as músicas que tocavam. A média de idades é elevada, mas a sua música é brilhante. O maestro Ray McVay, apesar de muito idoso e fisicamente debilitado, dirigiu brilhantemente 20 músicos talentosos, que tornaram a noite numa das mais especiais deste teatro. Glenn Miller também influenciou muitos músicos e bandas que seguiram os seus passos. O seu legado continua vivo até hoje, com a sua música permanecendo popular em todo o mundo.

Vim para casa feliz e animadaça e revoltei a ouvir a maioria das músicas, swing e big band, quase 100 anos depois, liguei o meu imaginário nos anos 30, quando eu ainda nem existia.~

Publicado em NVR 15|10|2025

"ECOS" - António Carlos Cortez

 

"ECOS" - António Carlos Cortez

https://voca.ro/1kMidrPlLA3q

Voz: Anabela Quelhas

14 outubro, 2025

LAVAGANTE


Direção: Mário Barroso 

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12 outubro, 2025

11 outubro, 2025

OH HAPPY DAY

 


EM BOA COMPANHIA

10 outubro, 2025

as minhas gravatas

 Aprecio gravatas interessantes e originais. Por vezes uso-as, sem qualquer preconceito, de forma feminina, desconstruída e desarrumada, como quem usa um colar ou um lenço do pescoço. Elas são lindas e começo a ter colecção.

GRAVATA 1

"La Rève" - Pablo Picasso.


GRAVATA 2 

Juan Miró


GRAVATA 3

M. C. Escher




AUTO DOS ANFITRIÕES

 


"RODOPIO" - Mário de Sá Carneiro



https://voca.ro/17JSNBLsDeHT


Voz: João Carlos Carranca 


 

Play Time_ vida moderna.

 

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Realizador: Jacques Tati

09 outubro, 2025

GLENN MILLER

 

FABULOSO

O simples guardanapo


 O simples guardanapo

A festa "O Paraíso" ("Festa del Paradiso"), que muitos desconhecem, está ligada à suposta invenção do guardanapo, acessório importantíssimo que hoje, se coloca em todas as mesas onde se fazem refeições.

Antes não era assim, na Idade Média as pessoas não usavam talheres para comer. Os alimentos eram levados à boca com as mãos e a sujidade ou a gordura, que ficava nos dedos, era limpa na toalha da mesa ou nas próprias roupas.

Mesmo os mais cultos, ricos e nobres, tinham esta postura, por vezes um pouco mais rebuscada, em vez de limparem as mãos à toalha de mesa, ou à roupa, permitiam a permanência de animais nas áreas de comer, especialmente, cães, gatos e coelhos, para que os convivas limpassem as mãos nos seus pêlos. Uma nojice! No século XIII, surge a ideia de deixar pedaços de pano suspensos da parede para que a precária higiene fosse feita, mas sem grande sucesso.

Assim se compreende as grandes operações de higienização das toalhas de linho após os banquetes, pois elas deveriam ficar imundas, sendo necessário, muita água a ferver, sabão, cinza, barrela e cora para eliminar toda aquela porcalhotice.

A festa ”O Paraíso” foi um evento grandioso realizado a 13 de janeiro de 1490, em Milão, na corte de Ludovico, para o casamento de Isabel de Aragão e Gian Galeazzo Sforza. A celebração, ocorreu no Castelo Sforzesco, e foi Leonardo da Vinci, mestre de cerimónias do duque de Milão, que organizou e decorou a famosa festa. A festa incluiu uma preocupação decorativa com os guardanapos individuais, substituindo coelhos (vivos) adornados com fitas presas às cadeiras dos convidados, para estes poderem limpar as mãos cheias de gordura nas costas dos animais, o que ele achava muito pouco próprio desses tempos. Decidiu então mudar esse hábito e colocar um pano individual para cada um dos convidados.

O ponto alto da festa, uma festa muitas vezes imitada e nunca igualada, foi o espectáculo oferecido a Isabel, que era muito jovem, que continha  algo inovador para a época - uma encenação com dança, música, jogos de luz e fumo, e uma grande máquina com várias engrenagens que proporcionavam movimento em cima do palco conjugado com personagens mitológicas, Apolo, Júpiter e Mercúrio, até surgir um cavalo mecânico, alusão à enorme estátua equestre que Leonardo tanto desejava ter como encomenda para decorar um mausoléu – coisas da vida de artista, sempre dependente de quem detém o poder.

Voltando aos guardanapos, a decepção foi grande para Leonardo, porque os guardanapos não foram utilizados devidamente. Segundo Pietro Alemanni, «Ninguém sabia como utilizá-lo nem o que fazer com ele. Alguns dispuseram-se a sentar-se em cima dele. Outros serviram-se dele para assoarem o nariz. Outros usavam-no como um jogo. Outros ainda embrulhavam neles as iguarias que escondiam nos seus bolsos e bolsas. E, quando acabada a refeição a toalha de mesa ficava suja como nas ocasiões anteriores, o mestre Leonardo desabafou-me o seu desespero em relação ao insucesso da sua invenção».

O uso do guardanapo individual demorou a ser aceite. Só uns séculos mais tarde se converte num elemento de uso imprescindível nas boas maneiras às mesas, em todas as classes sociais do mundo ocidental.

Publicado em NVR 08|10|2025

08 outubro, 2025

"A VERDADE" - António Ramos Rosa

 


"A VERDADE" - António Ramos Rosa

https://voca.ro/1mdpVAYBND0L

Voz: Anabela Quelhas

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05 outubro, 2025

DIA DO PROFESSOR

ALUNOS MJA 2011






DIA DO PROFESSOR

 


Sou arquitecta de formação e profissão e em paralelo fui professora. Inicialmente enveredei pelo ensino para melhorar a minha condição financeira, em início de carreira de arquitecta dava jeito mais uns escudos, passado uma semana, decidi que não seria só uma experiência, porque enriquecia a minha polivalência, e assim durante muitos anos tive duas profissões, conseguindo dar o melhor nas duas. Profissionalizei-me para melhor entender o processo educativo.

Como arquitecta realizava o exercício da composição diariamente, que acho essencial, e a arquitectura abria-me a porta para o mundo. Como professora realizava todas as experiências plásticas que só é possível realizar na Escola, e eram para mim momentos de descontração e de enriquecimento criativo. Com os alunos abria portas para o interior de cada um deles, para eles poderem sair da caverna e a gostar deles e do mundo.

Foram anos de carreira de grande potencial. Ensinei sobretudo o gosto pela arte e o entusiasmo em realizar trabalhos artísticas, que melhoravam a auto-estima dos alunos. Passei por 7 escolas, e em todas deixei marca, com convites para voltar. Os trabalhos dos alunos estavam sempre expostos, e mesmo aqueles de menor qualidade, arranjava um jeito de o valorizar para estimular o aluno a fazer melhor.

A carreira dos professores tem sido pouco valorizada, tanto em remuneração como em dignificação pública, mas devo salientar duas vertentes muito positivas: Concursos nacionais de lista única e haver uma renovação anual. Em cada ano pode-se ter alunos diferentes, colegas diferentes e até uma escola diferente, isso para mim é muito estimulante. Poder realizar práticas diferentes todos os anos, tiram qualquer resquício de monotonia que me afecta negativamente. Nunca quis saber quem eram os novos alunos e o seu aproveitamento escolar anterior. As artes visuais, que leccionei, foram sempre uma plataforma de renascimento, de renovação e de novas oportunidades.

Lembrar, que os professores precisam de pausas - mais dias de férias e menos horas de trabalho. Ninguém consegue estar todos os dias, operacional, cativante, criativo e colocar-se ao nível de cada aluno (por vezes são mais de 100 alunos/dia), se não tiver pausas de tranquilidade e renovação. Os professores com mais de 60 anos estão exaustos, a sua carreira é longa e desgastante e funcionaram como almofada a todas as reformas tresloucadas que cada ministro quis impor.

04 outubro, 2025

DOURO JAZZ



Em boa companhia

ENCONTRO(S) DE LITERATURA

 

~
ESPAÇO MIGUEL TORGA

Destaco:

Analise da obra "Naus" de António Lobo Antunes - Marina Rocha

Analise da obra  "Ano da morte de Ricardo Reis - Adelaide Jordão

02 outubro, 2025