A cidade do Porto tem esculturas muito bonitas, porém, esta assinala a contemporaneidade desta cidade, sempre bela, livre e renovada. Tenho um carinho especial por esta escultura, porque privei algumas vezes com o autor, na ESBAP, nos cafés S. Lázaro e Belas-Artes, depois em V. N. de Cerveira, também porque assisti a alguns momentos da sua construção e às reacções de muitas pessoas quando da sua inauguração. Muitas esperavam um escultura clássica e não esta simplificação do Belo. Esta escultura faz parte da minha identidade. Fotografo-a sempre que passo por lá e passo muitas vezes - passeando, dirigindo-me para os cruzeiros no Douro, para almoçar ou jantar, para apresentar a cidade do Porto a alguns convidados especiais, ou apenas porque sim.
"Cubo da
Ribeira"
"Cubo de
bronze (1900 Kg), obra de 1984, sobre pilar metálico, pedra, betão e
incorporação de água. Fonte de valorização e dinamização espacial.
Nesta obra,
José Rodrigues utilizou algumas pedras de um fontanário encontradas à
profundidade de um metro, com datações da época moderna e, como era importante
a sua recuperação num contexto de História Urbana, o escultor optou por
integrar esses elementos no muro que desenhou para a nova fonte, valorizando-os
e diferenciando-os através da utilização de betão na restante escultura.
De acordo com o
escultor: “A fonte é constituída por três pedras do século XVII. Foram-me
fornecidos o desenho e o registo da fonte. Houve, então, que tornear uma
atitude arquivista ou refazer a fonte imitando o que tinha sido, ou fazer uma
fonte do século XX, com pedras do século XVII. A última hipótese pareceu-me a
mais honesta – a história faz-se com acrescentos, é feita de somas, não é de
reconstituições.” (CABRAL, Filomena – O “cubo” que escandaliza a Ribeira.
Escultor José Rodrigues explica a génese e sentido da obra. O Primeiro de
Janeiro (20.01.1984), p.4).
“No centro da
fonte, um repuxo parece segurar O Cubo que se equilibra sobre uma aresta.
Enquanto metáfora, o repuxo fala do rio, fluindo, instável, mas força
determinante na construção da cidade. Sobre a superfície do cubo surgem
elementos vegetalistas, registos do tempo integrados na obra do ser humano que
o cubo também configura. Essa relação natural/artificial e o seu possível
equilíbrio são poetizados através da presença das pombas, seres alados que
conseguem facilmente conviver com o ser humano em espaços urbanos, mantendo a
liberdade.” Com a colocação de O Cubo ficaram concluídas as obras de Renovação
da Praça da Ribeira. José Rodrigues, por indicação do arquiteto Viana de Lima,
foi incumbido de realizar um elemento escultórico para a praça."
Praça da Ribeira
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