25 março, 2024

como se tudo no mundo fosse alquimia

 


Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia

Não esperava por ti, porque eras alguém que eu não conhecia

Era tarde, tão tarde, tardando o beijo, que não acontecia

Quando nós nos olhámos esquecemos o beijo que a boca pedia

 

E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria

Em nós dois nessa tarde em que tanto tardou o sol amanhecia

Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia


Abraçados nós dois, como se tudo no mundo fosse alquimia

 

Meu amor, meu amor

Minha estrela da tarde

Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde

Meu amor, meu amor

Eu não tenho a certeza

Se tu és a alegria ou se és a tristeza

Meu amor, meu amor

Eu não tenho a certeza


Foi a noite mais bela de todas as noites que se viveram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram

Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam

Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram

 

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto

É por ti que adormeço e acordo embalada num canto

Essa tarde em que construímos um sonho de profundo encanto

Essa tarde, essa noite que temos saudade sem mágoa nem espanto

 

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!


Poema adaptado de José Carlos Ary dos Santos (AQCD)

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