11 março, 2022

CONVENTO DE MAFRA

 


CONVENTO DE MAFRA

13 anos de construção (1717 a 1730)

 Visitei-o a primeira vez em adolescente, naquela volta com a família para conhecer os monumentos portugueses. O convento foi mais um, na lista do Mosteiro da Batalha, Mosteiro de Alcobaça, Mosteiro dos Jerónimos, Castelo de Guimarães, Palácio de Sintra, Igreja de Sta Cruz e por aí fora.

 Nunca fui sensível à sua escala, antes de o olhar com olhos de ver, através dos papeis com a representação das plantas do edifício de 3 pisos e a localização da basílica com as suas torres, os espaços palacianos e os do convento, os grandes claustros, os torreões e a biblioteca e por fim o espaço exterior envolvente. 

 Percebi que é um gigante, digno de atenção e respeito. É tudo em grande - 40 000 m2 de área, a sua fachada nobre tem 232 metros, 29 pátios, 880 salas e quartos, 4.500 (confirmar) portas e janelas, 156 escadarias, 119 sinos que formam um carrilhão que pesa 217 toneladas. Considerando que uma habitação T3 terá uma média de 120 m2, ali cabem 333 fogos dessa dimensão. Talvez isto dê uma noção da escala.

 Estima-se que a sua construção foi realizada por 20.000 operários todos incógnitos, que nunca foram falados e muito menos imortalizados pelo esforço, empenho e desgaste para erguer esta obra gigantesca, numa época em que não existia tecnologia de apoio à construção civil e alguns trabalhadores pagavam com a própria vida. Tudo se baseava no engenho e no trabalho braçal destes homens que se tornam assunto na obra de José Saramago, em Memorial do Convento. Não eram escravos, mas era uma modalidade de trabalho forçado, não podendo abandonar a obra, sendo severamente castigados, se assim o ousassem.

Faz parte da lista do Património Mundial da Humanidade criada pela Unesco, é uma obr- prima do estilo barroco português, resultado de uma promessa feita por D. João V, para que fosse abençoado com um filho. O suporte financeiro foi o ouro vindo do Brasil. O principal arquitecto do projeto, que seguiu execução foi Johann Friedrich Ludwig, arquitecto alemão.

 Em 1730 acolheu cerca de 328 frades, número que foi oscilando ao longo do tempo. Há outros números que se conhecem no período de maior apogeu da comunidade religiosa; consumiam-se por ano 120 pipas de vinho, 70 pipas de azeite, quase 10 toneladas de arroz e 600 vacas.

 Tenho uma simpatia muito especial pela biblioteca, lindíssima, de escala harmoniosa, talvez uma das mais belas do mundo, em que inicialmente, para contribuir para a manutenção do fundo documental, os monges franciscanos criaram uma colónia de morcegos, que se alimentavam de insectos nocivos, durante os voos nocturnos.

 Apesar da sua grandiosidade é uma peça leve, agradável, cor da luz, com pouco contraste entre os panos pintados a amarelo e a cor e textura do calcário, que lhe confere uma beleza suave e nobre.

PAVIMENTO NOBRE

II PLANTA

III PLANTA

PLANTA WATSON

FONTE DASIMAGENS


AQ março 22

Sem comentários: