14 fevereiro, 2014

Cupido

O Cupido é um deus grego demasiado descuidado, insolente,... preguiçoso, trapalhão... o Júpiter pai dos deuses é que tinha razão em querer elimina-lo à nascença, pois como deus maior sabia bem a complicação e a incompetência deste ser com asas, mas sem bico, com crise de identidade, mamífero e ave, dois em um. Um deus que é deus, não dorme, descansa, medita, reflecte... sempre com um olho no burro e outro no "cigano", pois desatenções podem ser fatais.

O Cupido em vez de estar atento 24h por dia, não, entretém-se a tirar setinhas sem pontaria nenhuma e depois dá mau resultado. ... sei lá se padece de estrabismo?! Cupido é o responsável por tanta ralação e relação amorosa falhada e por tanta gente sofrer de solidão.

Ah deus vagabundo e fatela!

Quero lá saber do ar fofinho, angelical de anjo papudo que transporta... é um verdadeiro incompetente.

Cria paixões impossíveis, daquelas que todos sabem que não darão certo, e só mesmo os envolvidos acreditam que sim. Mas o tempo é fatal, passados dois anos, cumprindo-se o tempo biológico da paixão, esta faz as malas e abala, restando dois ilustres desconhecidos que raramente aceitam o erro, desfazendo-o.

Cria paixões unívocas: só atira uma seta, em vez de duas, e assim só um é que fica apaixonado, do género um ama e outro deixa-se amar. Este deve ser o maior grupo de todos. Este grupo é daqueles que parecem felizes a vida toda, mas na verdade não se passa nada, fazem teatro o tempo todo.

O grupo menor, bem menor é aquele que é constituído pelos felizardos, sortudos que ganharam a "lotaria": O Cupido acertou em cheio após período de investigação apurada.! Esses vestem-se de amor egoísta. Parafraseando o que diz uma amiga: Querem o mundo para eles e um corno para os outros.

Por fim estão os solitários, que podem ser os esquecidos do Cupido ou então integram um subgrupo, o da reciclagem amorosa

Os primeiros já esperaram tanto que a solidão passa a ser a companheira ideal, ou então já viram tanta burrice junta que quando vislumbram o Cupido ao longe, fogem e desaparecem da circulação. Não conhecem o Cupido, não querem conhecer o Cupido e tem raiva de quem o conhece.

Os segundos são aqueles que assumem a teoria dos 3 Rs, REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR e esperam e desesperam pela atenção do dito cujo infatiloide, que está a olhar para os abismos e quer lá saber da quercus e do greenpeace.

Sinceramente não admiro o Cupido, não sei o que a Psiquê viu nele. Será que viu ou deixou-se apenas amar.

E os locais que o Cupido escolhe para manobrar as setas?

è do pior...

Bem, quando os casais se apaixonam no museu da presidência da republica, na igreja do Troufa Real em Lisboa, nas áreas vip de certas discotecas, no Portugal dos Pequeninos, durante as malfadas praxes, no panteão nacional ou até na loja Chao Lin,... eu acho que o Cupido está gravemente embriagado ou anda a fumar coisas estapafurdias.

in "Ensaios de escrita um projecto sempre adiado" Anabela Quelhas

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