Uma das matérias académicas que mais me influenciou como
pessoa e cidadã foi a lógica, área do saber que estuda os processos e os elementos
que poderão levar à verdade. Comecei a estudar Lógica através da matemática visualizando
o quadro de ardósia do mestre Serra , apenas com 15 anos, em fins de tardes
tropicais. Escrevi “comecei”, porque esta aprendizagem tem inicio mas não tem
fim, é uma aprendizagem constante, evolutiva e dialéctica. O conhecimento das leis do pensamento alteraram
a minha vida, cedo despi uma adolescência primária e ingénua e iniciei um
caminho marcado pela lógica matemática ensinada com mestria pelo simpático e
competente mestre Serra, desenvolvendo e manipulando princípios da negação,
dupla negação, conjunção, disjunção etc etc até aos silogismos mais fáceis
capazes de serem entendidos e interiorizados por uma teenager.
Rápidamente descobri que o caminho que eu iniciava já vinha
lá da Grécia antiga λογική, sendo
Aristóteles uma referência fundamental, apresentando-se também como conteúdo da
filosofia e depois parindo até hoje ruas e vielas do conhecimento e da acção,
sendo fundamental na advocacia, na engenharia, na arquitectura ,na biologia … e
a todas as áreas da investigação cientifica constituindo-se como base nas ciências
informáticas e na formação da inteligência artificial. Defino-a como o pilar
estrutural do processo avaliação-decisão seja em que domínio for.
Não sendo perita em
nada, mas atenta aquilo que me interessa, a lógica está sempre presente na
minha vida, psico-motora, na minha vida afectiva e no conhecimento do
conhecimento e da vida, permitindo-me avaliar melhor, decidir melhor e errar
melhor também. Por vezes erro porque quero errar e porque é bom errar. Nada
melhor do que um erro calculado e perfeitamente consciente, quando este assume
facetas de algum prazer ou de muito prazer.
Recomendo vivamente
o estudo desta área do saber. Nada se descobre, nada se deduz sem conhecermos
os mecanismos escondidos dos raciocínios lógicos ou ilógicos.
A verdade nem
sempre é a verdade, A verdade pode ser apenas meia verdade ou um completo
disparate. Premissas verdadeiras podem ter conclusões supostamente verdades ou inverdades e por isso existe a falacia que
tanto jeito dá em certas situações.
Há questões que são
verdadeiras sem o ser, e há questões supostamente falsas que podem ser um mar
de verdade.
Há perguntas evitáveis
pois sabemos que irão levar sempre a inverdades sem serem falsas.
Há conclusões
verdadeiras que estão muito longe da verdade, mesmo que as premissas sejam
fiáveis. Mas isto parece um jogo!!!! Sim é um jogo de elasticidade menta, cujos
actores podem ser peritos, ignorantes ou assim, assiml. Não se entreguem a Deus,
entreguem-se à lógica gritando por Deus de vez em quando
- Ai meu Deus, não
há pachorra!
O raciocínio dedutivo
é fundamental. Nem tudo o que luz é oiro, e nem tudo que é oiro, brilha. A
verdade poder ser sem o ser. A verdade pode conter nuances que sem serem falsas
são inverdades. A verdade para um, não é obrigatoriamente a verdade para outro.
Mas afinal?!!!!!
Sim afinal!!!!
A passagem do geral
para o particular e do particular para o geral não são processos lineares, ai
de quem achar que são. As armadilhas lógicas de certas argumentações conduzem à
falsa verdade.
Joga-se com as palavras,
com os seus significados e com o entendimento da relação entre elas. A
ambiguidade é um campo fértil da inverdade, formando raciocínios inconsistentes,
Joga-se com o poder das palavras. Joga-se com o efeito que as palavras tem em
certas pessoas, joga-se com a vontade de acreditar em inverdades. Joga-se de
feição e joga-se pela conveniência.
A distorção dos
factos, a explicação incompleta e superficial, as lacunas propositadas,
resultam por vezes em verdades obscuras, ilógicas e hilariantes. Acreditar cegamente
na dicotomia logica das afirmações e ignorando as 3ªs vias, é um exercício ingénuo
do acreditar na suposta verdade. A meia verdade nem sempre é igual à meia
mentira e nem sempre a mentira é gémea da inverdade. Nem sempre a nossa verdade
autêntica passa pelo absurdo. Só passa quando queremos que passe, quando
queremos ser cegos. Não há pior cego do que aquele que não quer ver.
Na verdade, a lógica é tão simples, é sim ou
não.
Verdadeiro
X Verdadeiro=Verdadeiro; verdadeiro X Falso= Falso Falso X falso= falso
Será?
E há conceitos que
por mais voltas e maquilhagens que se lhes faça, significam sempre o mesmo.
Amo a lógica.
(Sim esta reflexão não
é para ti mesmo sendo.)
In “Ensaios de
escrita, um projecto sempre adiado”
Sem comentários:
Enviar um comentário