22 setembro, 2013

Amo a lógica.


Uma das matérias académicas que mais me influenciou como pessoa e cidadã foi a lógica, área do saber que estuda os processos e os elementos que poderão levar à verdade. Comecei a estudar Lógica através da matemática visualizando o quadro de ardósia do mestre Serra , apenas com 15 anos, em fins de tardes tropicais. Escrevi “comecei”, porque esta aprendizagem tem inicio mas não tem fim, é uma aprendizagem constante,  evolutiva e dialéctica.  O conhecimento das leis do pensamento alteraram a minha vida, cedo despi uma adolescência primária e ingénua e iniciei um caminho marcado pela lógica matemática ensinada com mestria pelo simpático e competente mestre Serra, desenvolvendo e manipulando princípios da negação, dupla negação, conjunção, disjunção etc etc até aos silogismos mais fáceis capazes de serem entendidos e interiorizados por uma teenager.
Rápidamente descobri que o caminho que eu iniciava já vinha lá da Grécia antiga  λογική, sendo Aristóteles uma referência fundamental, apresentando-se também como conteúdo da filosofia e depois parindo até hoje ruas e vielas do conhecimento e da acção, sendo fundamental na advocacia, na engenharia, na arquitectura ,na biologia … e a todas as áreas da investigação cientifica constituindo-se como base nas ciências informáticas e na formação da inteligência artificial. Defino-a como o pilar estrutural do processo avaliação-decisão seja em que domínio for.
Não sendo perita em nada, mas atenta aquilo que me interessa, a lógica está sempre presente na minha vida, psico-motora, na minha vida afectiva e no conhecimento do conhecimento e da vida, permitindo-me avaliar melhor, decidir melhor e errar melhor também. Por vezes erro porque quero errar e porque é bom errar. Nada melhor do que um erro calculado e perfeitamente consciente, quando este assume facetas de algum prazer ou de muito prazer.
Recomendo vivamente o estudo desta área do saber. Nada se descobre, nada se deduz sem conhecermos os mecanismos escondidos dos raciocínios lógicos ou ilógicos.
A verdade nem sempre é a verdade, A verdade pode ser apenas meia verdade ou um completo disparate. Premissas verdadeiras podem ter conclusões supostamente verdades ou  inverdades e por isso existe a falacia que tanto jeito dá em certas situações.
Há questões que são verdadeiras sem o ser, e há questões supostamente falsas que podem ser um mar de verdade.
Há perguntas evitáveis pois sabemos que irão levar sempre a inverdades sem serem falsas.
Há conclusões verdadeiras que estão muito longe da verdade, mesmo que as premissas sejam fiáveis. Mas isto parece um jogo!!!! Sim é um jogo de elasticidade menta, cujos actores podem ser peritos, ignorantes ou assim, assiml. Não se entreguem a Deus, entreguem-se à lógica gritando por Deus de vez em quando
- Ai meu Deus, não há pachorra!
O raciocínio dedutivo é fundamental. Nem tudo o que luz é oiro, e nem tudo que é oiro, brilha. A verdade poder ser sem o ser. A verdade pode conter nuances que sem serem falsas são inverdades. A verdade para um, não é obrigatoriamente a verdade para outro.
Mas afinal?!!!!!
Sim afinal!!!!
A passagem do geral para o particular e do particular para o geral não são processos lineares, ai de quem achar que são. As armadilhas lógicas de certas argumentações conduzem à falsa verdade.
Joga-se com as palavras, com os seus significados e com o entendimento da relação entre elas. A ambiguidade é um campo fértil da inverdade, formando raciocínios inconsistentes, Joga-se com o poder das palavras. Joga-se com o efeito que as palavras tem em certas pessoas, joga-se com a vontade de acreditar em inverdades. Joga-se de feição e joga-se pela conveniência.
A distorção dos factos, a explicação incompleta e superficial, as lacunas propositadas, resultam por vezes em verdades obscuras, ilógicas e hilariantes. Acreditar cegamente na dicotomia logica das afirmações e ignorando as 3ªs vias, é um exercício ingénuo do acreditar na suposta verdade. A meia verdade nem sempre é igual à meia mentira e nem sempre a mentira é gémea da inverdade. Nem sempre a nossa verdade autêntica passa pelo absurdo. Só passa quando queremos que passe, quando queremos ser cegos. Não há pior cego do que aquele que não quer ver.
 Na verdade, a lógica é tão simples, é sim ou não.
  Verdadeiro X Verdadeiro=Verdadeiro; verdadeiro X Falso= Falso  Falso X falso= falso  
Será?
E há conceitos que por mais voltas e maquilhagens que se lhes faça, significam sempre o mesmo.
Amo a lógica.
(Sim esta reflexão não é para ti mesmo sendo.)

In “Ensaios de escrita, um projecto sempre adiado”

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