05 outubro, 2025

DIA DO PROFESSOR

 


Sou arquitecta de formação e profissão e em paralelo fui professora. Inicialmente enveredei pelo ensino para melhorar a minha condição financeira, em início de carreira de arquitecta dava jeito mais uns escudos, passado uma semana, decidi que não seria só uma experiência, porque enriquecia a minha polivalência, e assim durante muitos anos tive duas profissões, conseguindo dar o melhor nas duas. Profissionalizei-me para melhor entender o processo educativo.

Como arquitecta realizava o exercício da composição diariamente, que acho essencial, e a arquitectura abria-me a porta para o mundo. Como professora realizava todas as experiências plásticas que só é possível realizar na Escola, e eram para mim momentos de descontração e de enriquecimento criativo. Com os alunos abria portas para o interior de cada um deles, para eles poderem sair da caverna e a gostar deles e do mundo.

Foram anos de carreira de grande potencial. Ensinei sobretudo o gosto pela arte e o entusiasmo em realizar trabalhos artísticas, que melhoravam a auto-estima dos alunos. Passei por 7 escolas, e em todas deixei marca, com convites para voltar. Os trabalhos dos alunos estavam sempre expostos, e mesmo aqueles de menor qualidade, arranjava um jeito de o valorizar para estimular o aluno a fazer melhor.

A carreira dos professores tem sido pouco valorizada, tanto em remuneração como em dignificação pública, mas devo salientar duas vertentes muito positivas: Concursos nacionais de lista única e haver uma renovação anual. Em cada ano pode-se ter alunos diferentes, colegas diferentes e até uma escola diferente, isso para mim é muito estimulante. Poder realizar práticas diferentes todos os anos, tiram qualquer resquício de monotonia que me afecta negativamente. Nunca quis saber quem eram os novos alunos e o seu aproveitamento escolar anterior. As artes visuais, que leccionei, foram sempre uma plataforma de renascimento, de renovação e de novas oportunidades.

Lembrar, que os professores precisam de pausas - mais dias de férias e menos horas de trabalho. Ninguém consegue estar todos os dias, operacional, cativante, criativo e colocar-se ao nível de cada aluno (por vezes são mais de 100 alunos/dia), se não tiver pausas de tranquilidade e renovação. Os professores com mais de 60 anos estão exaustos, a sua carreira é longa e desgastante e funcionaram como almofada a todas as reformas tresloucadas que cada ministro quis impor.

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