13 agosto, 2025

O drama esquecido

 O drama esquecido depois de Outubro

O concelho de Vila Real foi sacrificado mais uma vez com os incêndios. “Espectáculo” dantesco nas faldas do Marão e Alvão a arder, e todos a protestar, bombeiros a fazer directas, alguns queimados, desidratados, enfim, situação que se repete todos os anos. TODOS OS ANOS… depois logo que vem a chuva, tudo se esquece. 

As teorias são sempre as mesmas, o sol, o tempo quente, a mata seca, os terrenos que não são limpos, interesses dos aviões, dos bombeiros, das celuloses, das campanhas eleitorais, ui… eu e os outros já não aguentamos com isto. Sempre houve mata, sempre houve sol, sempre houve descuidados, sempre houve fumadores incautos, sempre…

O que há agora é mão criminosa!!!

Dá-se um pouco de esperança pela TV informando que se encontraram suspeitos de atear o fogo e mais nada. Andamos a “dar murros em pontas de faca”.

Chega-se a Outubro e acabou o problema e os questionamentos. 

É preciso saber o rumo que tomaram os processos de investigação sobre os suspeitos, a que conclusões chegaram e quando se apura a verdade, a sociedade tem que saber quem são os criminosos. Não há que proteger quem queima, destrói, põe em risco pessoas e animais.

Depois há mais.

O que vai acontecer ao lamentável exemplo do autarca de Marinhais e outros que tais? Procedimentos completamente bossais, realizados por irresponsáveis que estão à frente das autarquias. 

A nossa cultura tem que mudar de paradigma, “festa” não tem que ter grandes espectáculos com fogo solto. Faz-me lembrar aqueles que só sabem festejar à mesa de copo na mão e estômago a barrotar, ou seja, a cultura alarve desgovernada.

Os espectáculos pirotécnicos devem reduzir-se ao fogo preso, garantidas as condições de segurança. E isto serve para todos os autarcas, os responsáveis por grandes ou pequenos territórios, para serem exemplo para todos.

Encher recintos com pessoas para assistir a espectáculos de música, desde que garantidos corredores de segurança é bom, fogo preso é bonito, mas “festa” pode ser muito mais do que isso, e lembrem-se actualmente há espectáculos multimédia que são soberbos, para multidões e que não põe ninguém em perigo, capazes de substituir perfeitamente o foguetório, o PUM PUM primário e primitivo.

Os criminosos devem ser severamente castigados sem dó nem piedade, e privá-los de liberdade, sejam eles doentes ou não. 

Há dias no incêndio que rodeou Vila Real, vi um jovem bombeiro, já a regressar do hospital com as duas mãos queimadas… ficará aleijado e com marca para a vida toda, para além da dor (apenas um exemplo). Quem paga isto?

Isto não dá para esquecer no Outono. Os dirigentes deste país não se percam na costumeira verborreia. Façam! Depois destes anos todos, não existem conclusões? Faltam os guardas florestais? Falta conhecer o território e criar barreiras de segurança? Falta a especialidade dos bombeiros de efectivo combate ao fogo? Falta a lei para castigar os criminosos? Arranjem alguém para explicar ao povo o processo completo, sempre o mesmo todos os anos, e que se responsabilize em apresentar a forma de resolver o problema. Vemos o teórico do eucalipto, o representante da Comissão Nacional de Proteção Civil, vem o comandante dos bombeiros de Alguidares de Baixo, o presidente da câmara, o presidente da junta de freguesia, mais o que recolhe galinhas e esquilos e o comentadeiro que nunca saiu de Lisboa, cada um fala para seu lado, todos ralham e ninguém tem razão. É urgente recentrar a resolução do problema e que alguém possa prestar contas aos cidadãos, para sabermos exactamente o que se passa e porque este problema não se resolve de uma vez por todas. Conseguimos combater uma pandemia e não conseguimos acabar com este flagelo? Que falhanço! 

Façam! Deixem os papeis e passem à acção! Esqueçam lá a guerra da Ucrânia, palcos de pápas, e o colinho para Ricardos Salgados e Berardos. Passem a pente fino esta sociedade corrupta, de economias paralelas, tantas vezes ignorante e oportunista, deem o destino certo aos grandes lucros, todavia é preciso por um ponto final a esta tragédia anual. É preciso uma disciplina militar para gerir tantos caminhos?  Imponham-na.  Mais do mesmo é que não!

Depois de Outubro instala-se o problema das cheias ou inundações, também mais do mesmo – organizem-se por favor.

Publicado em NVR, 13/08/2025

2 comentários:

Ana André disse...

Mais uma vez, parabéns pelo texto tão assertivo e direto! Espero que surta efeito nas mentes dos que o lerem! Está excelente, tocas mesmo nas feridas!

Emília Raposo disse...

Parabéns pelo texto extremamente claro, direto e objetivo. Esperemos que os titulares que podem/devem fazer algo, o leiam, reflitam e colaborem na sua resolução.