24 maio, 2017

… que estratégia foi essa?

… que estratégia foi essa?
- O que vai ser esta semana? (ACM)
- Talvez a onda dos produtos naturais e o sarampo sarampelo… (AQ)
- Oh isso já passou! (ACM)
- Pois!!! e esta semana há muito assunto para abordar… (AQ)
                Sobre Fátima, com todo o respeito, nem liguei a televisão, porém alguém levou a fotografia da família para benzer, não vá o diabo tece-las, apesar que adorei os cartoons de João Vaz de Carvalho.
                Sobre a victória do Benfica… os festejos à volta de uma escultura que foi imaginada por um sportinguista… prefiro o azul.
                Resta-me o Salvador Sobral. Lembro-me dele num dos programas “Ìdolos”, ainda um menino de 19 anos, mas já com muita pedalada, mas muito imaturo. Agora isto! Admiro-o porque persegue os seus sonhos e vai à luta, e ele foi à luta apesar que agora tem um sabor segundo ele é agridoce. Passou por Madrid, Maiorca, Barcelona, …
                Poderia ter tirado o seu cursinho de psicologia, ser tradutor, fechado em casa com o dicionário do lado esquerdo, a gramática do lado direito e computador ao centro, contabilizando palavras, mas foi á luta, para fazer aquilo que gosta, que é cantar…. E quando se gosta é mais provável haver sucesso.
                Um músico amigo, que tal como eu navega em contra-corrente,  classificou o poema como delico-azeiteirote, e eu concordei, pois é fraquinho, fraquinho, comparado com os poemas de  Guinot 
“Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um lugar onde não estou”
                                                                                                              ou de Ary dos Santos,
“Olhos de amêndoa
cisterna escura
onde se alpendra
a desventura.”
                                                                                                                             que foram à Eurovisão e perderam. E essa de amar pelos dois, tem muito que se lhe diga, tirando pais e irmãos, normalmente não resulta, mais ano, menos ano, a relação claudica e sucumbe estrondosamente, gerando chorudos honorários aos psiquiatras. Não aconselho mesmo! No amor tem que ser como as contas à moda do Porto, tu pagas o teu e eu pago o meu e pronto, ficamos amigos para sempre
                A figura de Sobral contrariou o estereótipo festivaleiro – casaco engelhado e de defunto falecido de 3 números acima, onde os ombros não encaixam, sobrando forma e tecido, cabelo em tótó, barba em desalinho, voz meiga, doce e expressão de olhar de ursinho de peluche – assim como a melodia, na onda cibernauta… convenceu e venceu. Mas oh Salvador tens de explicar melhor essa história, pois o puzzle ainda não está completo! O que é que aconteceu mesmo? Tops, sondagens, versões noutras línguas… que estratégia foi essa tão bem sucedida?
                É uma canção bonita, mas não é maravilhosa – uma la la land da música que derreteu os corações empedernidos, que sempre valorizam o lado dramático da vida do cantor, e este infelizmente parece que tem um melodrama na sua vida. Temos uma canção simples, genuína, intimista. Cantas bem, tens voz de anjo, com sentimento e com expressão, transmites emoção, nós sabemos, mas normalmente não chega…. Tu dás tudo, mas recebes nada. 
                Penso que a máquina “FESTIVAL da EUROVISÂO” quis dar uma arejada, não ficando atrás da máquina do prémio nobel da literatura, sorte a do Salvador, porque para o Dylan, tanto fez como faz. E o nosso primeiro já lhe deu os parabéns com sorriso de orelha a orelha. Oh Costa isto não é só tomar conta dos miúdos do outro, num sábado de manhã, agora é preciso organizar o festival do próximo ano, muito brilho, muita luz, muito glamour, muito botox, muito plástico, muitas horas extraordinárias, muitos efeitos especiais, muito IRS a rolar…. Depois queixem-se.

- PARABÈNS SALVADOR ao menos tu estás na maior, é assim mesmo!!! (MEC).

Publicado em NVR - 24/05/2017

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