22 abril, 2013

Como diz MEC ”a vida sempre termina mal”.
Tento viver como se fosse a ultima vez, porque de facto, a vida mais dia menos dia termina mesmo mal, porque ela termina sempre mal. Esta é uma das verdades irrefutáveis. Neste intervalo de tempo em que a vivo, melhor ou pior, tento vive-la com sabor, tento apreciar cada minuto, cada gesto, cada situação, pois no minuto seguinte poderei não ter mais.
Isto não converte a minha vida em algo catastroficamente paranoico.
Não.
A vida converte-se em algo delicioso, porque pânico por tudo e por nada, porque me emociono , porque vivo o antes, o durante e o depois. Memorizo cada detalhe para recordar depois e assim tenho a sensação que vivo, não uma vez mas duas vezes. Se antecipo o que vou viver, vivo 3 vezes. Tento não adiar para amanhã, o que posso viver hoje, porque hoje tem o sabor de hoje e amanha poderá ter o saber indefinido ou indeterminado, ou a tender para o infinito ou simplesmente não ter sabor. Invisto na vida, não me limito a vive-la, tempero-a a meu gosto. Analiso-a, disseco-a, seleccino aquilo que de fato mais me interessa adiciono-lhe alguns pormenores que me estão próximos ou não, mas podem fazer a diferença, e delicio-me.
Por vezes são pormenores mínimos, naturais, vulgares, que se localizam perto de mim, outras vezes é necessário procura-los, descobri-los e inventá-los, por vezes são dissociados do que estou a viver, mas juntando-os dão cor à vivência, valorizando-a. Por analoogia é a diferença entre andar e dançar, entre falar e sussurrar, entre olhar e observar, alumiar e iluminar, entre tocar e sentir….


In “Ensaios de escrita, um projecto sempre adiado” Anabela Quelhas


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