CONTRADIÇÕES MARADAS
A política
de alguns partidos está ansiosa, há muitos anos, para alterar a lei da greve. Por
que será?
O
direito à greve, é um direito fundamental dos trabalhadores, consagrado na
Constituição Portuguesa, artigo 57.º (1976), e sofreu alterações em 1982 coma a
AD, 1989 e 1997 com Cavaco Silva. O que se esperava com Montenegro? Tão
previsível!
A
greve é o direito dos trabalhadores paralisarem a sua actividade laboral, de
forma pacífica, para defender os seus interesses profissionais e sociais. Isso
significa que os trabalhadores têm o direito de decidir não trabalhar, sem
sofrer represálias ou sanções, para pressionar os empregadores ou o governo a
atender às suas reivindicações, como melhorias salariais, condições de
trabalho, etc.
O
direito à greve é um instrumento importante para os trabalhadores negociarem
com os empregadores e é protegido pela lei, desde que seja exercido de forma
pacífica e respeitando os limites legais.
Mesmo
assim, José Sócrates em 2009, não resistiu em definir os serviços mínimos, já
que não conseguiu gerir alguns conflitos laborais:
·
Serviços de saúde e assistência médica
·
Serviços de segurança pública
·
Serviços de abastecimento de água e energia
·
Serviços de comunicações
· Serviços de transporte aéreo
· Outros serviços considerados
essenciais para a segurança e bem-estar da população
Os
quatro primeiros já bastavam e compreensíveis, os dois últimos abriram portas
para alguns políticos aguçarem os dentes.
Agora Luís
Montenegro, propôs alargar os serviços mínimos a mais sectores, incluindo
creches, lares, abastecimento alimentar e serviços de segurança privada de bens
ou equipamentos essenciais, como parte do pacote laboral.
E eu
questiono-me mais uma vez, sobre o que é uma greve? É só para encher os
noticiários, descontar os dias de greve aos trabalhadores, e autorizar
manifestações de rua?
Qual é
o resultado se a sociedade não for lesada de alguma forma? Estamos com crises
de identidade ou a olhar cada um para o seu umbigo? Já não sabemos onde se
posiciona o fiel da balança?
Já não
bastam os trabalhadores com contractos precários hesitarem em fazer greve, com
receio de represálias? E aqueles que trabalham clandestinamente?
E
quais são as reivindicações dos trabalhadores, que os fazem declarar greve:
· Melhores salários
· Melhores condições de trabalho
· Redução da carga horária
· Estabilidade no emprego
· Direitos laborais
· Outras questões específicas do sector
ou empresa.
A
greve é um meio dos trabalhadores fazerem ouvir a sua voz e lutarem pelos seus
direitos e interesses. Se os governos definem serviços mínimos muito amplos, o
impacto da greve é reduzido, quantos mais serviços essenciais continuam a
funcionar, menor é a pressão sobre os empregadores ou o governo.
Exige-se
reflexão e saber de que lado nos posicionamos.
Salve-se
quem puder? E onde fica a dignidade e o respeito pelo ser humano e as suas
condições de vida?
Publicado em NVR 19|11|2025

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