“TOQUE DO SILÊNCIO”
No dia 20 de Fevereiro
tive o privilégio de fruir de mais um concerto de órgão de tubos, realizado na
Sé, com o organista Giampaolo di Rosa.
Este concerto foi
dedicado às comemorações dos 100 anos da Liga Portuguesa dos Combatentes, e no
elenco musical figurou a música, conhecida por todos como ”Toque do Silêncio”; é
comum, em cerimónias militares, que seja tocada esta música, e ultrapassou os
muros militares para a sociedade civil.
“Toque de Silêncio”,
também conhecida como “Taps”. A referida canção tem composição relativamente
simples, e existe uma história sobre a sua concepção: partilharei a história
não oficial.
“Tudo começou em 1862
durante a Guerra Civil Americana, ou Guerra de Secessão, quando o Capitão do
Exército da União, Robert Ellicombe, estava com os seus homens perto de
Harrison’s Landing, na Virgínia. O Exército Confederado estava do outro lado da
estreita faixa de terra.
Durante a noite, o
Capitão Ellicombe ouviu o gemido de um soldado que estava mortalmente ferido no
campo de batalha. Sem saber se era um soldado da União ou da Confederação, o
capitão decidiu arriscar a vida e trazer o ferido de volta para atendimento
médico.
Rastejando sobre o
estômago através do tiroteio, o capitão alcançou o soldado atingido e começou a
puxá-lo em direção ao seu acampamento. Quando o capitão alcançou finalmente as suas
próprias linhas, ele descobriu que era, na verdade, um soldado confederado, mas
o soldado estava morto.
O capitão acendeu uma
lanterna. De repente, ele recuperou o fôlego e ficou entorpecido pelo choque.
Na penumbra, ele viu o rosto do soldado. Era o seu próprio filho. O menino estudava
música no Sul, quando a guerra começou. Sem contar ao pai, ele alistou-se no
Exército Confederado.
Na manhã seguinte, com
o coração partido, o pai pediu permissão aos seus superiores para conceder ao
seu filho um enterro militar completo, apesar do seu status de inimigo.
O seu pedido foi
parcialmente atendido. O capitão perguntou se ele poderia fazer um grupo de
membros da banda do Exército e tocar uma canção fúnebre, para o filho, no
funeral.
Esse pedido foi
recusado porque o soldado era um confederado. Por respeito ao pai, eles
disseram que poderiam dar-lhe apenas um músico.
O capitão escolheu um
corneteiro. Ele pediu ao corneteiro que tocasse uma série de notas musicais que
encontrara num pedaço de papel no bolso do uniforme do seu filho morto. Esse
desejo foi atendido. Essa música era a melodia assustadora, que agora
conhecemos como “Taps”, usada em todos os funerais militares.”
A história, todavia, é
bem mais simples, e esclarecida pelo site snopes.com:
‘Taps’ foi composta em Julho
de 1862 em Harrison’s Landing, na Virgínia, mas, além desse facto básico, a
peça fantasiosa, citada acima, de forma alguma reflete a realidade das origens
daquela melodia.
Não havia filho morto,
confederado ou não; nem nenhum corneteiro solitário sondando a última
composição do menino morto. O modo como o chamado surgiu nunca foi nada mais do
que um soldado influente que decidiu que a sua unidade poderia usar um toque de
clarim para ocasiões particulares e preparou-se para inventar um.
Pode dizer-se que
‘Taps’, foi criada por Brig. Gen. Daniel Butterfield, Comandante da 3.ª
Brigada, 1.ª Divisão, V Corpo de Exército, Exército do Potomac, durante a
Guerra Civil Americana. Insatisfeito com o disparo habitual de três tiros de espingarda,
na conclusão dos enterros durante a batalha e também querendo um toque de
clarim menos severo para sinalizar cerimonialmente o fim do dia de um soldado,
ele provavelmente alterou uma peça mais antiga conhecida como “Tatuagem”, um
toque de clarim francês usado para sinalizar “luzes apagadas” na chamada que
agora conhecemos como ‘Taps’.
Então, como agora,
‘Taps’ serve como um componente vital nas cerimónias de homenagem a militares
mortos. Também é entendida pelos militares como um sinal de fim do dia de
‘luzes apagadas’.
Texto adaptado das
seguintes fontes
· * Na comemoração do Centenário da Liga dos Combatentes do Núcleo de Vila Real, presto uma singela homenagem aos militares mais esquecidos, que não tiveram estátuas nem medalhas, não lhes poderei denominar por anónimos, porque constam dos registos militares. Destaco o nome daqueles, que ainda conheci em criança em Justes: António Catarino e Manuel Correia (combatentes da 1.ª Guerra Mundial - França), António Maria Machado, Artur do Ferreiro e José Ribeiro (combatentes da 1.ª Guerra Mundial - Angola).
Publicado em NVR 26|02|2025
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