Neste fazer e desfazer de anos, de assuntos e preocupações, há algo que permanece: Tu, mãe.
Já te escrevi tantas
outras vezes!... mas onde estás? se é que estás, nem sei se é possível algumas
destas escritas chegarem aí, a sítio nenhum.
Fico nesta eterna dúvida, de um monólogo estéril, ou diálogo
comigo mesma e nesta incapacidade eterna de comunicar.
Lembro-te apenas neste dia como lembro de outros, e fica
sempre a nostalgia de já não existires, a frustração de não te ter mais.
Por acaso hoje vivo um dia tranquilo e sereno, esquecendo as
ansiedades, intervalando as preocupações, esquecendo os enganos, desformatando
os esquecimentos. Olho-me e vejo-me sentada a dormitar, sonhando sonhos
intemporais onde a presença e ausência valem exactamente o mesmo, porque o
espaço e o tempo oníricos, são parecidos mas não são a mesma coisa.
Sabes? ofereceram-me um pequeno ramo de urze perfumada e um
abraço que abracei disfarçando a comoção repentina. Senti-me teluricamente bem,
num mar de pedras junto ao céu.
In “Ensaios de escrita, um projecto sempre adiado” Anabela
Quelhas
2 comentários:
Boa tarde,
Encontrei uns quadro em casa da minha tia (Eullaria Marques), que estão assinados A.Quelhas, serão pintados por si?
Posso lhe enviar fotos para ver?
Obrigado
Pedro
Olá, pode enviar sim
hexaaq@gmail.com
obg
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