"Filme do desassossego" de João Botelho
Quero felicitar o realizar João Botelho pelo filme que criou.
Acho que nunca vi um registo em cinema tão belo, e considero mesmo que é aquilo que se pode chamar uma Obra de Arte. (eu não emito facilmente elogios)
Raramente vejo um filme ou leio um livro mais do que uma vez, excepto os livros de poesia.
Neste caso precisarei de ver este filme, outras vezes, pois viajei em pequenas/grandes distracções provocadas pela fotografia excepcional e perdi a ligação ao conteúdo.
Cada ângulo de filmagem, a cor, a composição foram estudados ao detalhe, nada surge ao acaso. Já conhecia as sobreposições de imagens relacionadas com as filmagens da baixa de Lisboa, e apesar de haver um desfasamento de escalas que se torna visível pelo tamanho das janelas, nada disso mancha a intenção. Dei comigo a pensar que todas as imagens se podiam converter em excelentes fotografias. Reparei na preocupação em evitar que as linhas fortes dos planos coincidissem com o paralelismo dos limites das fotografias, o que implica uma grande sensibilidade artística e uma grande sintonia entre o realizador e o técnico que filma, e aí é que se faz a diferença entre um excelente e um razoável registo. Depois a presença frequente de um elemento de cor vermelha a fazer o contraste com os cenários melados e de luz coada que são frequentes, torna as imagens apelativas e de muito bom gosto. Recordo a porta do vidro vermelho, as bandeiras vermelhas, o corrimão do café/restaurante, as cadeiras da igreja de S. Domingos, os lábios Catarina Wallenstein, a caneta vermelha e as riscas vermelhas dos envelopes pousados sobre a mesa de trabalho …. E outros que já não recordo. Belíssimo! Outro pormenor a cor do vestido de Rita Blanco naquele cenário dos anos 50 com uma arquitectura de interiores à anos 50, onde é muito visível um corrimão vermelho, e as cadeiras azuis,… o vestido da Rita tinha que forçosamente ser a cor primária que falta naquele cenário, o AMARELO.
Claro que já não falo do desempenho do actor Claudio Silva que é extraordinário como é demasiado evidente. Um filme para ver e rever, uma obra de arte!
1 comentário:
Estimada e Preciosa Amiga e Colega:
Ainda não vi o filme, mas pela tua descrição narrativa deve ser sublime e interessante.
Vais aos pormenores menos vísiveis e que o vulgar espectador não observa com tanta nitidez.
Reside aí a diferença do teu ser e sentir gigantescos de talento.
João Botelho uma pessoa fabulosa e que "confecciona" a beleza e pureza do fantástico em tela.
Parabéns. Davas, sem dúvida, para crítica afamada de cinema.
Notável, Anabela.
Fiquei bastante impressionado com os teus registos cinéfilos fantásticos.
O João estava lá e convidou a família, nós e, até nos deu bilhetes para o ingresso, só que eu não pude ir.
Abraço amigo de respeito perante o teu génio encantador.
Fica o desejo de ver atentamente o filme.
Com respeito.
Sempre a admirar o teu imenso poder de análise divinal e extraordinário.
Cordialmente.
pena
Bem-Hajas, perfeita amiga.
Adorei.
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